Pedorido - Dezassete anos até à vitória
Por António
Salavessa
Membro do Comité Central
e responsável pela Direcção da Organização Regional de
Aveiro
Quantas vezes, ao discutir com camaradas ou amigos de uma
freguesia a necessidade de se constituir ali uma lista da CDU,
somos confrontados com a invocação do reduzido número de votos
antes obtidos, seguida da inevitável conclusão de
que não vale a pena concorrer.
É então que importa citar o exemplo, que
conhecemos de perto, da freguesia de Pedorido, no
concelho de Castelo de Paiva, local em que as
coligações determinadas pelo PCP multiplicaram por 10, em
dezassete anos, o número dos seus votos - dos 43 obtidos em 1976
para os 449 de 1993, ano em que a CDU ganhou, pela primeira vez e
por maioria relativa, as eleições para a Assembleia da
Freguesia. Um exemplo que se ouviu da boca do actual Presidente
da Junta, camarada Manuel (Neca) Rodrigues, na Conferência
Nacional do PCP de 12 de Abril.
Só se progride se se concorre
Nesta terra do limite norte do Distrito de Aveiro banhada pelas
águas do Douro, assistimos, ao longo dos anos, a uma progressão
constante dos nossos resultados eleitorais autárquicos. Uma
progressão que não se pode imputar exclusivamente ao prestígio
de um determinado cabeça de lista, dado que aqui sempre se
avançou apesar de se ter alterado, por três vezes, o primeiro
candidato.
Isto não significa que seja indiferente para o resultado da CDU a composição concreta da lista, muito pelo contrário. O que se passa é que o prestígio do PCP e da CDU, na autarquia de Pedorido, tem sido corporizado num grupo de activistas que não se esgota nos diferentes cabeças de lista que já desempenharam essa tarefa. Como se sabe os resultados eleitorais não são fruto do acaso, pelo que há que tentar compreender as razões da evolução eleitoral da CDU e do seu sucesso de 1993.
Em primeiro lugar, surge a composição da lista, necessariamente aberta, com pessoas identificadas com o projecto da CDU, conhecidas da população, com intervenção na comunidade local, ligadas a diversas colectividades e instituições.
Em segundo lugar, a qualidade do trabalho dos eleitos da CDU quando em minoria na Assembleia de Freguesia, onde desenvolveram uma intervenção baseada no profundo conhecimento da realidade local, sendo os verdadeiros porta-vozes dos anseios e aspirações da população e nunca deixando de a informar acerca das posições assumidas pelas diferentes forças representadas, seja por contacto directo ou através de comunicados e artigos de opinião.
Em terceiro lugar, mas não menos importante, está a participação dos eleitos e activistas da CDU na luta social, nomeadamente nas diversas acções desenvolvidas pelos mineiros do Pejão, cujo peso na freguesia é determinante. Localizadas em Pedorico, as minas davam trabalho antes de encerrarem em 1994, a cerca de 49% dos 1300 eleitores da freguesia.
Para o progresso e para a vitória da CDU
terão contribuído também a incapacidade, a ineficácia e o
imobilismo do PS, sempre vitorioso até 1993, e os reflexos da
decisão do PSD de encerrar as minas. Mas estas razões não
seriam suficientes para a vitória da CDU. Sem a intervenção
cuidada, persistente, paciente e determinada dos activistas do
PCP e da CDU ao longo de dezassete anos, essa vitória não teria
sido possível.
Um mandato que marca a diferença
A actividade desnvolvida pela CDU no actual mandato representa
uma verdadeira revolução na gestão autárquica quando
comparada com o quotidiano ronceiro do PS. A Junta CDU pode
orgulhar-se de ter cumprido o essencial das suas propostas
eleitorais, incluindo nos planos anuais da autarquia, propostas
de outros partidos.
Para além do cabal exercício das suas competências, a Junta de Pedorido tem exercido efectiva pressão junto da Câmara Municipal de Castelo de Paiva e de outras entidades, como a JAE e a EDP, para que sejam satisfeitas necessidades das populações. Vejamos algumas das realizações da CDU neste mandato:
. Foi renovado o mobiliário de todas as escolas da freguesia (que era, num caso, de 1963, e noutro, de meados dos anos 40).
. A escola velha foi pintada pela Junta, participando e dinamizando professores e alunos.
. O Bairro Social da Póvoa, pronto e desabitado desde 1987, só agora ocupado em resultado do empenhamento da Junta na construção de acessos e infra-estruturas.
. Legalização, construção de infra-estruturas e de acessos ao agora chamado Bairro Novo da Póvoa, que se arrastava em situação clandestina desde 1978.
. Está a iniciar-se a construção
da ETAR, obra projectada e anunciada em 1978 e que agora
arranca devido à pressão da Junta.
. Entrou em funcionamento a nova lancha de travessia do Douro entre Pedorido e Rio Mau, cómoda, com horários e preços homologados oficialmente.
. Arrancou a construção do Centro Cívico da Freguesia (Sede da Junta, Posto de Correio, Biblioteca, instalação de Colectividades, Salão de Festas para 250 pessoas), projecto sempre apontado como prioritário desde 1974 mas que só agora avança a olhos vistos.
. Construção da zona industrial de Lavagueiras e do troço Pedorido-Lomba da variante à EN 222, em resultado da mobilização da população por ocasião do encerramento das minas do Pejão.
. Plantação de centenas de árvores ao longo do Douro e do Arda.
. Melhoria constante da praia fluvial e do seu choupal, com instalação de sanitários, assadores e zonas relvadas.
. Arranque da primeira fase do saneamento, prometido e adiado desde os finais da década de 60.
Outras questões não são tão visíveis mas não deixam de ser importantes - o diálogo permanente com todos os fregueses e suas instituições, a preocupação com a resolução dos pequenos problemas (da lâmpada fundida, do buraco na rua, etc.) e a mobilização dos vizinhos para dar a volta a pequenos ou grandes problemas.
Os autarcas da CDU em Pedorido têm a
consciência da obra realizada e a certeza de que, se mais não
fizeram tal se deve à impossibilidade de as pequenas freguesias
poderem dispor de eleitos a tempo inteiro. Mas estão confiantes
em nova vitória da CDU com números ainda mais expressivos e
esperam que o seu exemplo possa contribuir para o crescimento da
CDU em localidades vizinhas.
«O Militante» Nº 231 de Novembro/Dezembro de 1997