Barreiro
Pelo seu progresso pelo seu futuro
Por Pedro Canário
Presidente da Câmara do Barreiro
O Barreiro, concelho cuja história neste século esteve
profundamente ligada à actividade industrial, sendo mesmo
paradigma do modelo de desenvolvimento da indústria pesada e de
uma forte concentração operária, desenvolveu, como é natural,
características próprias na sua vida local. Terra/destino de
muitas gentes de várias proveniências, que sempre soube
acolher, também deu muitos excelentes profissionais que, um
pouco por todo o País e mesmo no mundo, enobreceram o nome do
Barreiro e transmitiram também uma forma muito própria de estar
na vida com solidariedade, com espírito democrático e com
empenhamento e competência profissional. Acresce o seu papel
exemplar na resistência à ditadura - resistência em que o PCP
teve um papel determinante -, no cultivar de uma coragem cívica
elevada, na aquisição do direito de intervir mesmo nas
condições mais difíceis, traduzindo-se todos estes elementos
num património dos seus habitantes e numa referência para os
jovens que hoje emergem numa sociedade de cunho moderno, mas não
menos difícil no acertar do passo das nossas leituras do mundo e
da vida, e na sedimentação das nossas opções.
A CDU, nesta nova etapa da nossa vida democrática que são as eleições autárquicas, reafirma a sua firme intenção de continuar ao serviço do povo deste concelho, pelo seu progresso pelo seu futuro, mas de cabeça erguida, sem servilismo, sem arrogância, sem demagogia, mas na atitude saudável de para quem o exercício da cidadania é um acto de alegria, um acto de responsabilidade e um compromisso sagrado, não só para os que em nós votam, mas para com todos os barreirenses sem excepção, que se queiram rever no processo de desenvolvimento da sua terra de forma responsável, interessada e participativa.
É neste espaço de diálogo amplo e fraterno que se encontra a CDU, é neste conjunto de valores que pautamos as nossas acções, que estabelecemos a nossa plataforma de trabalho, onde as meras ambições pessoais, os pseudo estatutos de pessoas muito importantes, muitas vezes meras manifestações de um provincianismo vaidoso e bacoco, não têm definitivamente lugar.
Acreditamos no Barreiro, no seu passado, no
seu presente e no seu futuro, mas temos consciência de que o
amanhã se constrói na humildade do trabalho quotidiano, no
talento de saber ouvir, na responsabilidade de saber decidir.
Graves dificuldades
As autarquias locais, conquista de Abril, constituem, pela sua
proximidade às populações, um espaço elevado de intervenção
cívica onde a chicana política, o vale tudo, a
crítica fácil leviana e destrutiva, apenas podem levar ao
desinteresse e ao alheamento, comprometendo assim o seu vigor e a
sua função revitalizadora da vida local em todos os seus
aspectos, políticos, sociais e económicos.
Demarcamo-nos assim do Partido Socialista no Barreiro, incapaz de apresentar um projecto próprio e alternativo e de se afirmar de forma independente na defesa dos interesses da nossa terra e envolvido nas teias do compromisso político mais global da manutenção do poder pelo poder, espreitando as janelas das nomeações políticas, num corrupio de intervenções totalmente esvaziadas de conteúdo.
Por nosso lado não permitimos que se passe uma simples e conveniente esponja sobre o passado recente do Barreiro, onde a política do Bloco Central (PS/PSD), depois do PSD e agora do PS, tiveram efeitos devastadores na economia local que sofreu os efeitos da política de ruína do nosso tecido industrial e do neoliberalismo económico ferozmente imposto, na sua estratégia de ausência de investimento, conducente à justificação da onda de privatizações, sacrificando o emprego, os rendimentos das famílias, a estabilidade dos pequenos e médios comerciantes e industriais e o investimento produtivo. Tal situação reflectiu-se naturalmente na própria autarquia, como reflexo que é da vida do concelho.
Houve assim necessidade, no mandato anterior e no plano autárquico, de remodelar a estrutura financeira da Câmara Municipal, redimensionar os seus quadros, modernizar serviços e equipamentos, prepará-la para responder aos desafios do futuro. Foi equacionado e cumprido um plano de recuperação económico-financeira, restabelecida a confiança quer dos nossos fornecedores quer dos agentes económicos, e no plano estratégico elaborou-se o Plano Director Municipal, contendo um diagnóstico da situação e os vectores estratégicos para o desenvolvimento futuro. O Plano Director tornou-se ao mesmo tempo um factor de estimulação da política urbanística cujos resultados são hoje bem visíveis em todo o concelho.
Também se deu cumprimento às obras
financiadas pelo primeiro quadro comunitário de apoio.
Recordemos o novo mercado abastecedor, as novas instalações dos
transportes colectivos e a ampliação da biblioteca municipal,
entre muitas outras obras de menor dimensão.
Actual mandato
No mandato actual, a CDU, os seus eleitos, os trabalhadores da
administração local, conseguiram um conjunto de realizações
que nos atrevemos a considerar relevantes e meritórias. Mercê
do crescimento das receitas próprias especialmente devidas ao
incremento da construção civil e ao reequilíbrio alcançado
pelas medidas estruturantes atrás referidas, foi possível impor
um ritmo sem precedentes no investimento municipal e iniciar de
forma bem patente a renovação da imagem urbana do concelho.
Pracetas asfaltadas, zonas verdes recuperadas e modernizadas,
novos espaços ajardinados, ruas repavimentadas ou pela primeira
vez asfaltadas, novo mobiliário urbano, manutenção mais
adequada nos equipamentos escolares com a abertura de mais
refeitórios e de dois jardins de infância da rede oficial.
Maior segurança nas nossas vias com mais semaforização e melhor sinalética. Lançamento, com as comissões de moradores, das obras de infra-estruturas dos bairros de génese ilegal, estando algumas já concluídas e outras em fase adiantada de execução. Início do programa de recuperação do Barreiro Antigo.
Reforço e melhoria nas redes de abastecimento de água e de saneamento.
Recuperação do património local, como é
o caso do Convento da Verderena, onde um novo núcleo da
Biblioteca Municipal vem proporcionar aos jovens um novo espaço
de estudo e de
entretenimento.
Obras de maior dimensão como o novo Parque Municipal no vale dos Casquilhos, peça central da nova rede de espaços verdes em implementação, e o início a curto prazo da construção de outros equipamentos de grande dimensão: mercado do Lavradio, pavilhão gimnodesportivo da Cidade Sol, parque da Quinta da Mina, polidesportivo e instalações sociais para o Juventude da Cidade Sol, dotando uma zona do concelho mais carente e onde o programa de realojamentos tem uma expressão significativa, de um conjunto moderno de infra-estruturas sociais.
No plano cultural, para além de uma intensa actividade ao longo do ano, desenvolveram-se programas específicos em colaboração com o movimento associativo e outras entidades, como no Barreiro Antigo, Bairro das Palmeiras e Stº António da Charneca.
Com a comunidade escolar procuramos aprofundar o relacionamento mútuo e a cooperação de que resultou, nomeadamente, o programa de comemorações dos quinhentos anos da vigem de Vasco da Gama.
Não esquecemos o enorme trabalho que, quer em colaboração com a Câmara, quer de forma autónoma, foi desenvolvido pelas Juntas de Freguesia.
Em Novembro de 1997 abre as suas portas o
Teatro Municipal, cujo contributo para o enriquecimento da nossa
vida cultural dispensa comentários.
Novo patamar de dinamismo e de capacidade
Poderíamos continuar com a descrição de muitas e muitas mais
acções e realizações, mas o que importa reter desta
enumeração é que um novo patamar de dinamismo e de capacidade
e realização foi alcançado.
Ao arrepio dos profetas da desgraça, dos que consideravam o projecto CDU esgotado, assistimos hoje ao renascer deste concelho com vigor redobrado e a querer dizer que podem continuar a contar com o Barreiro na linha da frente do processo de desenvolvimento do nosso País.
O nosso compromisso, o compromisso da CDU, é continuar e aprofundar esta dinâmica, sustentada numa rede de serviços ao cidadão e às empresas que lhes proporcionem no dia a dia e no futuro, respectivamente, melhor qualidade de vida e melhores condições para o desenvolvimento das suas actividades.
Sabemos o que é preciso continuar a fazer, mas sabemo-lo não por palpite ou demagogia eleitoral, mas sim de forma tecnicamente fundamentada, apoiada numa experiência concreta e de um conhecimento profundo da realidade do concelho, como nenhuma outra força política está em condições de apresentar.
No plano programático iremos continuar a construção da rede de equipamentos sociais e desportivos, iremos continuar a renovação do tecido urbano com especial relevo no centro da cidade e na sua zona antiga, por forma a que o Barreiro mantenha e reforce o seu papel de núcleo urbano dinamizador da sua zona de influência no quadro da Área Metropolitana de Lisboa.
Iremos continuar a modernização da nossa frota de transportes urbanos, cujo elevado serviço que presta às populações, não tem sido infelizmente reconhecido, nem pelo PSD, nem agora pelo PS.
Iniciaremos a primeira fase da recuperação das zonas ribeirinhas, como espaços lúdicos e de contacto com a natureza.
Lutaremos pelo ensino superior no Barreiro, pelo desenvolvimento económico do concelho, mas sem esquecer tal como sempre o temos feito, as pequenas obras, que resolvem pequenos problemas, mas que para muitos são importantes no seu dia a dia, e que não ignoramos, pelo profundo respeito que todos os barreirenses nos merecem.
O futuro não depende obviamente só de uns, é resultado de um todo nacional, de situações que muitas vezes nos ultrapassam, mas seria negar as nossas convicções se o poder local, em colaboração com as populações, não fosse capaz de enfrentar e resolver muitos problemas.
O Barreiro reagiu à crise dos anos oitenta, poucos apoios
tivemos, mas fomos capazes de dar a volta a muitas questões. Foi
e é com trabalho, com persistência, com confiança na
população em geral, nos seus agentes económicos, nos
trabalhadores barreirenses que hoje podemos afirmar que o
Barreiro irá continuar na senda do progresso económico e
social, na defesa de uma democracia mais profunda e mais justa,
na defesa dos valores do Homem, de cabeça erguida, honrando a
sua história e aberto ao futuro, com inteligência, com
confiança e com fraternidade.
«O Militante» Nº 231 de Novembro/Dezembro de 1997