Qual a maior Mafia?




"Um documento ultra-secreto do Departamento de Estado (EUA), guardado com cadeado desde 1969, tornou-se público na terça-feira, por força da lei" (Público, 3/7/97).

Esse documento prova que a Administração dos Estados Unidos, através da CIA, tentou matar o Presidente da República de Cuba.

Não se passou a conhecer grande novidade. A história dos EUA está demasiado repleta de casos destes. Fidel Castro tem sido, desde há muito, um inimigo a abater. E as administrações dos EUA não costumam olhar a meios.

É a mesma notícia que explica que a CIA tentou contratar os serviços da Mafia para executar o "trabalho". Esta, através do seu "padrinho", Sam Giancana, recusou os 150 mil dólares oferecidos pela CIA porque tinha muito gosto em resolver o problema... Mais tarde, embora não tenha conseguido assassinar Fidel, recebeu da CIA 11 mil dólares por despesas feitas.

Estes factos passaram-se no início dos anos 60. Giancana tem sido referido como tendo um bom relacionamento com o Presidente John Kennedy, o seu irmão Robert, secretário da Justiça, e a actriz Marilyn Monroe.

Um analista do Arquivo Nacional dos EUA, o historiador Robert Kornbluh afirma que "o Presidente Kennedy e o seu irmão disseram à CIA que fizesse o que fosse preciso para se livrar de Castro."

Será que é a Mafia a maior Mafia? Talvez não.

Mas há mais. O Semanário (28/6) publicou um artigo intitulado "A guerra suja da CIA".

Nele se conta que um jornalista francês escreveu um livro (Nossos Agentes em Havana) onde diz que "durante quase vinte anos, o Governo dos Estados Unidos gastou milhões de dólares para montar e manter em funcionamento uma rede de espiões em Cuba, como parte das actividades destinadas a derrubar o regime de Fidel Castro. Mas em 1987 o governo (de Cuba) anunciou que havia controlado e filmado todas as operações clandestinas, que incluiam tentativas de sabotagem e de assassinato de Fidel, e a CIA descobriu que durante décadas havia sustentado agentes duplos"

Anota ainda o seguinte: "Sogata do arroz, peste suína africana, doença de Newcastle das aves domésticas, carvão e ferrugem da cana-de-açúcar, mofo azul do tabaco, dengue, conjuntivite hemorrágica e ferrugem do café, todas estas doenças surgidas na ilha de 1971 a 1986 e que ocasionaram numerosas mortes e consideráveis perdas económicas, são altamente suspeitas aos olhos das autoridades cubanas. A intensidade, a frequência, a simultaneidade e a velocidade de propagação fazem os especialistas duvidar de sua espontaneidade (...)". Mais adiante acrescenta: "Em 1975, um relatório de uma comissão especial do Senado, que investigou as actividades da CIA, faz referência explícita a um plano que prevê o uso de agentes químicos contra Cuba. Este plano faz parte de um vasto programa de operações clandestinas em 33 pontos".

Com o título "EUA guerra suja", o Avante! (12/7/97) publicou também outros dados sobre "a mesma guerra".

Agora, há algumas semanas, houve várias explosões em hotéis de Havana. As autoridades dizem que os seus autores são os inimigos de Cuba.

O que pode fazer a Organização das Nações Unidas contra todos estes crimes?


«O Militante» Nº 230 de Setembro/Outubro de 1997