As mulheres, a CDU e as autarquias
Foi a bordo de um barco no rio Tejo que, no passado dia 21 de
Junho, se realizou um convívio subordinado ao tema CDU
- Um projecto autárquico, também no feminino que
juntou duas centenas de mulheres eleitas e candidatas da CDU de
alguns distritos.
Nesse encontro, em que participou o camarada Luís Sá, membro da Comissão Política, foi aprovada uma Resolução de que salientamos alguns parágrafos:
"Tem sido valor intrínseco do projecto autárquico da CDU, ao longo dos anos, o estímulo à participação feminina no poder local e na vida das comunidades. A sua actuação tem desde sempre sido norteada por uma política de promoção e valorização dos saberes e capacidades das mulheres. (...)
Apesar da participação feminina nos órgãos autárquicos não ser ainda a desejável - de que tem plena e sentida consciência a CDU - esta é a força política cujo número de mulheres eleitas tem registado um progressivo aumento no conjunto dos eleitos, sendo a que maior presença feminina mantém no poder local.
O projecto autárquico da CDU é o que mais tem contribuído para a melhoria da qualidade de vida das mulheres e das populações. Porque é um projecto democrático, isento e transparente, um projecto verdadeiramente vocacionado para o desenvolvimento local. Porque é um projecto que pugna pela criação de um espaço de participação em igualdade entre homens e mulheres. (...)
O crescimento da participação das mulheres nas autarquias e a todos os níveis da vida local não está, porém, dissociado do grau de evolução do exercício dos seus direitos a todos os níveis da vida do País.
A verdade é que persistem reais obstáculos a uma maior participação de mulheres na vida social, política e cultural, que impedem a concretização da igualdade de direitos e de oportunidades. Obstáculos que são alheios à vontade da grande maioria das mulheres, em particular das jovens que, de forma crescente, desejam afirmar a sua cidadania. Obstáculos que radicam na falta de cumprimento da legislação em vigor e na política de direita há cerca de vinte anos levada a efeito pelo PS e PSD, com consequências extremamente nefastas na qualidade de vida das mulheres. (...)
As mulheres portuguesas têm a ganhar com a igualdade de direitos e de oportunidades concretizável com uma verdadeira política de esquerda, com o reforço do PCP e da CDU.
Com a CDU, através da CDU as(os) candidatas(os) comprometem-se a desenvolver todos os seus esforços para que a luta lançada em Abril por uma melhor qualidade de vida das populações seja uma realidade.
As(os) candidatas(os) da CDU comprometem-se a prosseguir a obra que desde 1976 tão justa e merecidamente tem vindo a alcançar o maior prestígio e reconhecimento.
Com a CDU, através da CDU, com o PCP e seus aliados, as mulheres a eleger no próximo mandato assumem este compromisso com a toda a força de vontade, rigor e seriedade que as caracteriza."
Depoimento
Lília Santos
Professora, 46 anos.
Militante do Partido e candidata da CDU à Junta de Freguesia de
S. Vicente (Braga)
O que representa para mim participar nas listas da CDU para as autarquias?
O cumprimento de um dever enquanto cidadã.
Não defendo a ideia de que as mulheres têm uma sensibilidade diferente para compreender, de forma mais correcta, as necessidades da população.
Creio que aceitar esta ideia permite perpetuar um sentimento de diferença entre homens e mulheres, entre as capacidades que uns e outros têm para realizar esta ou aquela tarefa cívica. O que verdadeiramente acredito e importa, penso, é que enquanto cidadãos, homens e mulheres não se podem abster de dar o seu contributo para a realização de um dever que é de todos: o de aceitar assumir cargos políticos, quer nas autarquias, quer em órgãos nacionais.
E, pese embora todas as dificuldades crescentes no que respeita a essa mesma participação dos cidadãos na vida política (e aqui existe de facto um acréscimo de dificuldades para a maioria das mulheres), é com certeza na CDU, no Partido Comunista Português, que o objectivo da participação, homens/mulheres, se encontra mais fielmente conseguido.
É o desejo de aprender com os outros, de identificar os problemas das populações e, com as populações, escolher os melhores caminhos, que motiva os comunistas, homens e mulheres, a proporem-se como candidatos às eleições autárquicas. Estes, são os outros objectivos dos candidatos da CDU e, por eles, lutarão.
Depoimento
Olga Pires
Professora, 44 anos.
Presidente do Conselho Directivo da Escola C+S da Venda do
Pinheiro
Membro da Comissão Concelhia de Mafra e da DORL
Candidata à Presidência da Câmara Municipal de Mafra
Sabendo que as mulheres são mais de metade dos habitantes deste planeta.
Sabendo que é comum ouvirmos dizer, há gerações e gerações, que as mulheres dispõem de um sexto sentido, que são mais perspicases que os homens, mais astutas, mais sensíveis, mais altruístas, etc., etc.. Não estando qualquer destas qualidades provadas cientificamente, não deixa de ser estranho que, ao longo dos tempos, poucas sejam as mulheres que se afirmaram deixando o seu nome gravado na História dos Povos.
Não serve de consolo a frase "por detrás de um grande homem, há sempre uma grande mulher", já que a ser conceito, apenas premeia o espírito de sacrifício. Por algum motivo nunca vi a frase aplicada em sentido inverso.
Mas nada mudou tanto nas últimas décadas como a cabeça das mulheres, o seu sentido de vida, a sua forma de intervenção na sociedade, não abdicando do seu papel tradicional de mãe e fada do lar, com custos de esforço acrescidos.
É da máxima importância a intervenção da mulher na política, quer ela seja de carácter regional ou nacional, não só pelos atributos que tão empiricamente lhe são atribuídos, mas sobretudo, porque estão mais próximas dos problemas do dia-a-dia e sentem a melhor maneira de os resolver.
Mas não basta ver a política no feminino. É necessário que a visão seja de esquerda, que esteja ao serviço dos reais interesses das popula-ções suas destinatárias.
Ter mulheres na política apenas para preencher cotas (acordadas e não cumpridas), promover vaidades pessoais ou impressionar a opinião pública, ao invés de promover o seu papel na sociedade apenas o pode denegrir.
Depoimento
Margarida Godinho
Licenciada em Organização e
Gestão de Empresas, 53 anos.
Membro da DOREV e da Comissão Concelhia do Redondo do PCP
Presidente da Assembleia de Freguesia do Redondo e actual
candidata à Câmara Municipal do Alandroal
Integro um grupo (já) numeroso de mulheres que agem, em todas as situações, como cidadãs de pleno direito que são.
Com efeito, derrubada a ditadura que tão longa e duramente oprimiu o Povo Português, não foi difícil ver consignada, no plano legal, a igualdade de direitos e deveres entre homens e mulheres.
Passo de primordial importância, mas sem dúvida insuficiente para se passar à prática. Hábitos ancestrais arreigados nas comunidades, a divisão de tarefas domésticas, o acompanhamento dos filhos, enfim um considerável número de problemas conduz a que direito e prática sejam, no nosso País, realidades bem diferentes.
É neste contexto, e pelos motivos expostos, que o número de mulheres na política activa é ainda reduzido em Portugal, a exemplo do que acontece um pouco por toda a Europa, excepção feita aos países escandinavos. E porque sou de opinião que não basta dizer que algo vai mal sem nada fazer para o corrigir, pertenço ao grupo de mulheres com intervenção social e política - a nível autárquico - onde prevejo continuar, quiça com responsabilidades acrescidas, já que decidi aceitar o desafio de me candidatar à Presidência de um Município. Consciente das dificuldades, das limitações pessoais, mas também das capacidades e força de vontade que possuo, espero realizar um bom trabalho que dignifique o nome das mulheres e do Partido Comunista Português.