Ganhar Tarouca
Um objectivo possível!

Vasco Ferreira
Membro da Direcção Distrital da JCP, da CNES da JCP
e membro da Organização Concelhia de Tarouca do PCP




Há vários anos um dos grandes objectivos eleitorais do PCP no distrito de Viseu tem sido alcançar a maioria CDU nos órgãos municipais do concelho de Tarouca.

A realidade é que não temos conseguido satisfazer este objectivo, apesar de todo um vasto conjunto de esforços.

Temos tido, ao longo dos tempos, maiorias em Assembleias de Freguesia, uma forte presença na Assembleia Municipal e, no executivo camarário, dois em cinco vereadores, sendo que os restantes são do PSD.

Eleições autárquicas de 1993

O resultado eleitoral de 1993, no concelho de Tarouca, não foi o nosso melhor. Mantivemos o número de vereadores, a forte presença na Assembleia Municipal e a maioria na Assembleia de Freguesia de Mondim da Beira, mas perdemos a maioria na freguesia de Ucanha.

E perdemo-la, não porque o nosso trabalho não tivesse satisfeito as aspirações da população, mas porque o então Presidente da Junta de Freguesia, eleito na lista da CDU, capitalizando o prestígio decorrente do trabalho colectivo dos eleitos CDU, passou-se para as listas do PSD, arrastando desta forma muitos dos nossos potenciais eleitores e "roubando-nos", assim, a possibilidade de manter a maioria nesta freguesia.

Na verdade, em Tarouca, muitos casos semelhantes têm vindo a acontecer, fruto de a componente dos independentes na CDU ser muito numerosa, do aliciamento permanente aos nossos eleitos por parte das outras forças políticas e porque se tem permitido, por insuficiências várias, que se fulanizem os êxitos do trabalho realizado.

Alguns factores negativos

Mas não têm sido só estes factores que nos têm impedido de obter um melhor resultado.

São muitas e graves as irregularidades em quase todos os actos eleitorais; são muitas as limitações ao exercício do direito democrático que assiste aos cidadãos, nomeadamente às candidaturas CDU, em fazer passar a sua mensagem; são muitas as pressões e aliciamentos não só junto dos eleitos mas também de potenciais votantes CDU; é muita a mentira e confusão que os nossos adversários espalham por todo o concelho; tem sido a política de direita que há mais de 20 anos influencia todo o País; tem sido o facto de termos sempre partido para o terreno, em actos eleitorais, depois das outras candidaturas já estarem em pré-campanha; é o facto de, por várias razões, o Partido não ter crescido e a sua organização não se ter reforçado; é o facto de Tarouca ser um dos vinte e quatro concelhos de um distrito muito conservador, que alguns apelidam de "cavaquistão".

Um quadro diferente

O quadro em que hoje partimos para estas eleições é, em muitos aspectos, completamente diferente, existindo, no entanto, alguns factores de preocupação que estamos ainda em condições de alterar ou condicionar.

Sendo verdade que o Presidente da Junta de Freguesia de Mondim da Beira, eleito em 1993 na lista da CDU, se apresenta agora como primeiro candidato do Partido Socialista na lista à Câmara Municipal, também não deixa de ser verdade que desde há bastante tempo temos vindo a informar a população da freguesia e do concelho das suas naturais insuficiências no exercício da sua função, pela razão de este se ter afastado dos métodos de gestão e formas de trabalho que caracterizam e prestigiam a CDU.

Entretanto, para este acto eleitoral, lançámos a candidatura de Natalino Ferreira à Câmara Municipal de Tarouca com muito maior antecedência, afastando desta forma a possibilidade de os nossos adversários poderem especular sobre o assunto. Ganhámos tempo para contactos com candidatos que sempre colocam, como condição para a sua aceitação, a garantia de que o nosso tradicional "cabeça de Lista" participe nesta luta política. Esta antecipação tem-nos possibilitado estar com uma outra postura no terreno, mais activa e menos inibida.

Condições para uma vitória e a sua importância

São muitas as pessoas que afirmam estarem agora criadas as condições para uma maioria CDU no concelho de Tarouca.

Entre as razões invocadas destacamos: o convencimento de que, fruto de uma gestão ruinosa da maioria PSD, está cada vez mais claro que a CDU é a única alternativa credível; e a afirmação de que tem sido a CDU a única força que, ao longo deste mandato, tem denunciado as muitas irregularidades, a prepotência, a falta de transparência, o clientelismo, o favorecimento de familiares, o sistemático desrespeito das leis que regem o exercício do poder autárquico, a falta de atribuição de pelouros aos eleitos da CDU, no intuito de dificultar a sua acção em defesa dos interesses do concelho, o desrespeito do PDM, o desinteresse pelas candidaturas aos fundos comunitários, a forma desleixada como tem sido encarado o valioso património histórico e ambiental do concelho.

Ao mesmo tempo, o facto das candidaturas do PP e PS serem mais fortes pode conduzir à divisão dos votos do PSD para estes partidos.

Por tudo isto, se conseguirmos impor uma dinâmica de vitória que nos permita manter ou aumentar a nossa votação, se conseguirmos completar as nossas listas, na linha do que tem vindo a ser feito, com pessoas prestigiadas, dedicadas à causa pública, é nossa convicção que alcançaremos aquilo a que tanto aspiramos e que Tarouca tanto precisa - uma maioria CDU no maior número de freguesias e nos ógãos municipais.

Este esforço terá que ser colectivo. Um resultado favorável em Tarouca terá, sem margem para dúvidas, reflexos importantes, quer ao nível do distrito de Viseu, quer mesmo no plano nacional. Será assim possível, também no interior norte do País, mostrar que "a CDU é obra". Será possível mostrar o resultado de uma acção que tem como lema "o Trabalho, a Honestidade e a Competência".

Aproveitando o momento político, há que reforçar o Partido, organizá-lo melhor e aumentar o nível de formação ideológica dos seus militantes, condição essencial para a correcção de erros e insuficiências, para encarar este e outros actos eleitorais com mais confiança, para melhor podermos contribuir para a realização dos justos anseios das populações.

Conjugando esforços, queremos ganhar Tarouca porque Tarouca fica a ganhar.


«O Militante» Nº 230 de Setembro/Outubro de 1997