Campanha Nacional de Fundos
É necessário e possível
atingir os 200 mil contos
Por Manuel Pedro
Membro da Comissão para a Campanha Nacional de Fundos
Na sua reunião de 2 de Fevereiro último, o Comité Central
decidiu lançar uma Campanha Nacional de Fundos
extraordinária, com o objectivo de recolher 200 mil contos até
ao final do ano. Tal receita é indispensável para levar por
diante uma ampla e empenhada campanha para as eleições
autárquicas.
A importância das receitas para a actividade do Partido
De vez em quando surge entre nós um ou outro camarada com a afirmação de que "não temos dinheiro, mas temos milhares de militantes e uma vasta simpatia entre as massas populares".
Parecendo uma afirmação verdadeira, pode-se estar a induzir outros camaradas na ideia de que o dinheiro não é uma questão importante na nossa actividade política.
Se tal entendimento se estendesse no Partido seria extremamente negativo. Seria mesmo perigoso.
Em Agosto de 1949, para não irmos mais atrás, num Informe sobre a situação financeira do Partido, o camarada Manuel Guedes, então membro do Secretariado do Comité Central, escrevia: "Falar no melhoramento (...) de toda a nossa actividade, sem ter em conta os meios materiais para a executar, é arriscarmo-nos a pôr em perigo a nossa actividade".
A verdade é que a Campanha Eleitoral e a Campanha dos 200 mil contos não podem deixar de ser realizadas em simultâneo no quadro duma profunda movimentação de massas, para a qual é preciso continuar a ganhar todo o nosso Partido.
A diferença e as experiências de um Partido assente nas massas trabalhadoras
É enorme a desproporção dos meios existentes entre o nosso Partido e o PS, o PSD e o CDS/PP.
Todos defendem uma política de direita, todos têm por detrás o grande capital financeiro. Usam e abusam do Poder quando o têm e lá onde o têm.
Não é casual que, da receita total do Partido Comunista Português em 1996, 95% resultem do esforço próprio do Partido e apenas 5% sejam de subvenções estatais.
Colocamo-nos, face ao nosso povo, como um partido ímpar, responsável. É na base dos nossos militantes e amigos, através de um trabalho árduo, constante, criativo, que enfrentamos a obtenção dos meios para a nossa imensa actividade.
Não somos um partido hipotecado e ao serviço do grande capital.
A compra da Sede central, na Rua Soeiro Pereira Gomes, a compra de dezenas e dezenas de Centros de Trabalho por todo o país, a compra da Quinta da Atalaia, o sucesso da Campanha dos 150 mil contos há dois anos devem-se ao imenso esforço, ao sacrifício de milhares de militantes e amigos no apoio à nossa luta para derrotar a política de direita do PS, do PSD e do CDS/PP ao longo dos últimos 21 anos.
Alargar a Campanha para fora do Partido
A Campanha dos 200 mil contos está em curso. Nalgumas organizações já se vislumbra o sucesso. Noutras há atrasos notórios para atingirem as suas metas. Mas a convicção geral é a de que até ao fim do ano atingiremos os nossos objectivos.
Tal como se afirmou na Conferência Nacional do Partido, em Abril, a Campanha deve galgar definitivamente "as fronteiras do Partido, deve ser também factor de afirmação do espaço unitário de apoio à CDU e do seu alargamento", vendo em concreto quem pode ser abordado, como organizar brigadas que vão de casa em casa, nas ruas, nas empresas, com listas e cupões que propiciem fazer simultaneamente fundos para a Campanha e esclarecimento político e eleitoral.
A política de direita de Cavaco Silva levou o PSD à derrota eleitoral e ao desprestígio. O Governo do PS e de Guterres segue na esteira do PSD de Cavaco. Perante uma parte importante do nosso povo enganou o país com as promessas eleitorais com que chegou ao poder.
São muitas as responsabilidades que pesam sobre o nosso Partido para travar a política de direita e levá-la à derrota. Na conjuntura actual abrem-se boas perspectivas para aumentarmos o nosso prestígio junto do povo e reforçarmos as nossas posições políticas.
São imensas e muito diversificadas as respostas que temos de dar ao assalto da política de direita praticamente a todas as grandes conquistas democráticas da Revolução de Abril. E, como dizia Manuel Guedes em 1949, sem meios materiais para fazer face a toda a actividade que temos de desenvolver, arriscamo-nos a ficar aquém das possibilidades que se nos abrem pelo descrédito provocado pelos sucessivos governos desde há anos, e de que o PS de Gueterres está a ser um exemplo chocante.
Os organismos de direcção e os quadros têm um papel decisivo na organização e no andamento da Campanha, para que mais uma vez tenhamos um grande êxito político a par do reforço das nossas posições na área autárquica.
Aproveitando a nossa experiência de campanhas anteriores, com esforço e dedicação atingiremos mais uma vez os nossos objectivos.