Estamos num período em que a realização das eleições autárquicas é uma motivação muito grande para as organizações do Partido em geral.
Há camaradas que pensam que nestas alturas não se deve cuidar da organização... porque as tarefas são muitas. Como se, numa altura em que a organização tem um motivo forte para se mobilizar, não devêssemos aproveitar essa mobilização para fortalecer o Partido em dois aspectos principais: na sua organização e na sua ligação aos trabalhadores, às populações, às outras pessoas em geral.
Analisar as deficiências orgânicas e procurar vencê-las
Embora ainda não tenha sido marcada a data das eleições, é natural que elas se realizem em 14 de Dezembro, dado que os dois domingos anteriores são seguidos de um dia feriado, o que poderia prejudicar a afluência, e o domingo seguinte é quase junto ao Natal.
No começo de Setembro teremos, assim, pouco mais de três meses para melhorar e mobilizar a organização, para alargar muito a CDU e para esclarecer a importância das eleições autárquicas e as razões que fazem, do voto na CDU, um voto diferente, um voto que garante um trabalho dedicado, a defesa dos interesses das populações, o progresso da vida autárquica.
Melhorar e dinamizar a organização tem de estar à cabeça das preocupações dos mais diversos organismos de direcção. A análise das deficiências orgânicas tem de ser acompanhada por um esforço para as ultrapassar.
Há que ver o que é mais importante ou o que faz mais falta. Se é a criação de uma célula numa dada empresa, ou mesmo só o estabelecimento de um contacto entre os seus trabalhadores, se é o reforço da organização de uma freguesia, se é a formação de um organismo para dirigir o trabalho em um concelho, se é o desenvolvimento das ligações partidárias junto do meio intelectual, ou entre os agricultores, ou em outras camadas que têm alguma importância na autarquia como, por exemplo, comunidades de origem africana (com nacionalidade portuguesa ou não), ou, ainda, qualquer outra questão específica.
Há que aproveitar o interesse pelas eleições para elevar o nível de militância de muitos membros do Partido, para estabelecer reuniões regulares com camaradas que tenham alguma afinidade, para formar novos organismos e fortalecer outros, para melhorar e dinamizar mais a estrutura da organização, para dedicar uma constante atenção ao recrutamento de novos camaradas (questão principal em muitas organizações), para alargar a divulgação do Avante! e de O Militante, para montar bancas nas ruas que ajudem aquela divulgação e onde se distribuam ou vendam documentos e objectos de propaganda, para elevar as receitas através da Campanha Nacional de Fundos, da elevação das quotizações, da realização de iniciativas.
O fortalecimento orgânico do Partido tem de estar sempre presente, tem de saber aproveitar a motivação actual, tem de vencer a tendência (tão visível em muitos camaradas) para a fuga às reuniões, ao trabalho organizado, tem de assentar na elevação da compreensão política e ideológica do papel do Partido e da especificidade da sua actuação.
Alargar muito a CDU
A base jurídica da Coligação Democrária Unitária (CDU) assenta na coligação constituída por dois partidos, o Partido Comunista Português e o Partido Ecologista "Os Verdes".
Mas fazem parte da CDU a Intervenção Democrática e muitos outros elementos que são independentes. A CDU é um espaço amplo em que cabem muitos e muitos portugueses que defendem a democracia e o seu desenvolvimento, um espaço de solidariedade que atrai aqueles que vão compreendendo a diferença, a responsabilidade e o trabalho que a CDU representa em todo o país.
Num período de eleições autárquicas, quando é necessário mobilizar muitos portugueses para a constituição das listas a apresentar pela CDU e muitos mais para o voto nesta coligação, coloca-se como uma questão muito importante um grande alargamento da CDU. Isso compete naturalmente a todas as formações políticas que a constituem e a todos os seus activistas.
Cabe ao PCP dar uma grande contribuição a esse respeito e o reforço da sua organização é indispensável para isso. Mas, como se disse atrás, é necessário também aprofundar a ligação do Partido aos seus simpatizantes, aos seus amigos, aos trabalhadores e às outras camadas laboriosas, às populações.
É indispensável dar exemplos de abertura, de aproximação, de diálogo com as outras pessoas pondo de lado sectarismos, ideias feitas e até preconceitos.
Muitos votantes no PS em 1995, que queriam derrotar Cavaco Silva e o PSD, vão percebendo que continuamos numa situação demasiado semelhante à que existia antes daquelas eleições. A política de direita contra o mundo do trabalho e a favor dos grandes senhores do nosso país mantém-se. A movimentação contra a política do Governo PS por parte de muito diferentes sectores e as críticas que lhe fazem personalidades que até estão ou têm estado perto do PS mostram que é possível deslocar votos para a CDU.
O mesmo é possível com muitos dos que, tendo votado PSD e mesmo CDS/PP, vão percebendo que as posições enganadoras e populistas destes partidos escondem os seus reais objectivos, vão compreendendo que não é votando nos exploradores que se defendem os interesses dos explorados, como não é votando nos ricos que se defendem os direitos dos pobres. E aqueles que deixaram de votar, por razões muito diversas, não poderão compreender que o seu voto tem valor? Importa, por isso, ter também em conta os que se têm abstido bem como todos os novos votantes, quer porque chegaram aos 18 anos quer porque transferiram a sua residência.
Junto dos companheiros de trabalho, dos amigos com quem convivem, dos vizinhos e de outras pessoas que conhecem, os comunistas devem conversar, colocar as suas ideias e ouvir também o que os outros dizem. Esta preocupação de procurarmos dialogar e influenciar tem de ser uma característica natural dos comunistas, que não podem alhear-se dos acontecimentos que se vivem, que não podem conversar somente com os outros membros do Partido. Desses diálogos decerto resultarão esclarecimentos, um melhor conhecimento da situação existente no País e em cada autarquia, de modo a ajudar a compreender o interesse das próximas eleições e a importância de uma maior votação na CDU.
Uma maior votação na CDU nas próximas eleiçõs autárquicas vale pelos resultados numéricos que são obtidos, vale por um maior número de eleitos à escala nacional, pela conquista de novas Câmaras e Assembleias Municipais e Juntas de Freguesia. Mas vale também em relação à influência do PCP e da CDU em toda a vida nacional, em relação a uma futura maior votação nas outras eleições e, em particular, nas legislativas, vale para a abertura do caminho que há-de conduzir a uma alternativa política que defenda verdadeiramente os direitos e interesses dos trabalhadores, das populações, do nosso povo.
É certo que o Partido tem um papel de grande importância em toda a actividade da CDU. Isso obriga-o a ter uma preocupação sempre viva em relação aos outros participantes na coligação, de modo a que sintam o interesse da sua contribuição e compreendam a sua própria responsabilidade na actuação da força política de que todos fazemos parte.
A participação nas listas de candidatos e em organismos da CDU de muitos activistas que não são comunistas é reflexo de um trabalho amplo e muito aberto que ainda tem de se abrir mais.
Procuremos, em todas as organizações, aproveitar este período para melhorar aspectos orgânicos em que há evidentes deficiências e para abrir e desenvolver mais a nossa ligação com os companheiros de trabalho, colegas, amigos e conhecidos.
Alarguemos com audácia a influência da CDU e realizemos um trabalho amplo de esclarecimento e de propaganda sobre o voto que interessa às massas trabalhadoras, a todas as camadas antimonopolistas, o voto na CDU.