Guterres esteve no começo de Março em França. Segundo o Jornal
de Notícias (4/3/97): «Perante os representantes do patronato
francês, o primeiro ministro fez uma defesa tão sólida dos
valores da economia de mercado e da moeda única (...) que (...)
grande parte da plateia ficou confusa sobre o real enquadramento
político de António Guterres». Alguns empresários punham a
questão: «(...) se, na realidade, ele é socialista então que
diferenças apresenta em relação a qualquer outro político do
centro, ou da direita democrática?» Houve um dos patrões que
lhe disse que «o seu "camarada" francês Lionel Jospin
é muito crítico sobre o actual caminho da União Europeia para
a moeda única». Guterres «manifestou a sua esperança, no
sentido de que o partido de Jospin conserve o apoio à ideia do
euro». Depois, para explicar as diferenças entre esquerda e
direita e entre socialismo e liberalismo, Guterres afirmou: «Há
20 ou 30 anos os socialistas pensavam que existia um dualismo
entre patrões e trabalhadores. Hoje não pensam assim». Em
substituição da luta de classes marxista, António Guterres
colocaria a presente bipolarização «entre cidadãos e
excluídos». E o JN noticia ainda que, «no final, os patrões
franceses, em sinal de concordância, aplaudiram-no com visível
entusiasmo».