A actividade da JCP no Distrito do Porto




Mesa Redonda com membros da Direcção da JCP do distrito do Porto, sobre o trabalho da JCP no distrito.

Participam (da esquerda para a direita): Osvaldo Marta (membro da Direcção Central do Ensino Superior e da Direcção Nacional da JCP), Isabel Nogueira (membro da Direcção da Organização do Ensino Superior do Porto), Susana Santos (da Comissão Política da Direcção Nacional da JCP) e José Pedro (moderador) e João Pires (membros do Executivo da Comissão Distrital do Porto).

Como é que está a JCP no Porto?

Susana - A JCP no Porto teve uma evolução no último ano que é visível pelo número de colectivos consolidades e com actividade em todos os concelhos do Grande Porto, bem como em concelhos do interior do distrito.

Osvaldo - Aliás, temos a experiência recente da formação de um colectivo da JCP num concelho do interior, que é Marco de Canaveses, onde um jovem recrutou dezenas de novos militantes que têm uma intervenção muito activa no Secundário e na vida local do concelho. E são eles que estão a assumir responsabilidades no Partido.

Isabel - E esse crescimento não se traduz apenas no número de colectivos, mas também no ressurgimento de outros que estavam sem actividade, como é o caso da cidade do Porto, cuja importância é indiscutível, e hoje desenvolve uma actividade diversificada e frequente.

E a que se deve esse crescimento?

Isabel - Julgo que o que conseguimos foi virar a JCP para fora. Passamos a ir mais vezes às escolas, a promover iniciativas, nomeadamente debates, em espaços públicos, onde acabam por participar muito mais pessoas que tomam conhecimento das nossas posições e que se interessam pela nossa actividade.

Osvaldo - O contacto directo com os jovens, a afirmação das nossas propostas, nomeadamente através da distribuição de documentos ou outras acções de e na rua, têm-nos dado provas de que muitos jovens se reconhecem nas nossas posições e apoiam-nas.

Susana - Este trabalho, que quer o Secundário quer o Superior têm realizado nas escolas - distribuição de documentos próprios do distrito ou centrais -, confirma que as potencialidades de recrutamento para a JCP são maiores do que se julga. Nos últimos meses já se inscreveram algumas dezenas de jovens, por via das fichas que colocamos nos documentos e que depois nos enviam pelo correio.

Isabel - Com estas distribuições nas escolas chegamos a milhares de jovens. Aqui no Porto poucos conhecem as posições das outras juventudes partidárias, mas muitos conhecem as nossas. E acabam por nos procurar.

João - Julgo que a diversidade dos temas que abordamos nos debates que temos promovido, leva a que gente que não é militante participe. Este ano já realizámos debates sobre temas tão diferentes como a prostituição e a música de intervenção.

Isabel - Temos connosco jovens que não sendo militantes participam na nossa actividade.

João - Os contactos directos, as distribuições, fazem muitas vezes com que as pessoas reflictam sobre algumas questões. É também uma forma de lutarmos contra o silenciamento a que somos submetidos. Quando enviamos uma nota à imprensa ou quando fazemos uma conferência de imprensa somos silenciados. E na rua não nos podem calar!

Susana - O que traz os jovens à JCP é a vontade de intervir activamente, de agir, de mudar. É o reconhecimento de que o espaço para intervir nesse sentido é a JCP. É uma adesão consciente, de identificação com o nosso projecto.

Quais são os problemas que mais afectam os jovens do distrito?

Osvaldo - O Porto é o distrito com o maior crescimento da taxa de desemprego do país. E isso afecta sobretudo os jovens, não só o desemprego mas também o trabalho precário.

Ao nível das escolas do ensino secundário, constatámos que no distrito cerca de metade não têm pavilhões gimnodesportivos. Estamos a fazer o levantamento dos locais onde se cumpre de facto o Planeamento Familiar, dos espaços de lazer e de cultura que são em número claramente insuficiente.

Isabel - A habitação, sendo um problema nacional, julgo que se sente mais no Porto do que noutros distritos. Para um jovem é insustentável (se não mesmo impossível) comprar casa. Por outro lado, como o número de residências universitárias é insuficiente, torna-se muito difícil para um estudante deslocado, que tem de alugar quarto, sustentar-se com o equivalente ao salário mínimo nacional.

Susana - Na preparação do 5º Encontro Distrital que vamos realizar em Maio, estamos a fazer um levantamento sobre a realidade dos jovens no distrito - ao nível do ensino e do trabalho -, de forma a definirmos linhas de acção e formas de concretas...


«O Militante» Nº 228 de Maio/Junho de 1997