«O Militante» Nº 227 de Março/Abril de 1997 - A coesão económica social - um mito
João Ferreira do Amaral, economista e assessor de Mário
Soares quando Presidente da República, publicou um artigo no Diário
Económico (16/12/96) com um título elucidativo: «O fim da
coesão económica e social».
Todo ele tem muito interesse mas só publicamos aqui algumas passagens.
O reforço da Coesão Económica e Social (CES), princípio incluído no Acto Único Europeu, tinha como objectivo aproximar os níveis de vida dos países comunitários (a chamada convergência real).
Do meu ponto de vista, escreve JFA, o reforço da CES deixou de ser, na actualidade, um verdadeiro objectivo da União Europeia.
Aliás, as políticas actualmente em execução (ao nível macro-económico como a criação da União Económica Monetária ou mesmo a nível sectorial como a política de comércio externo ou a política agrícola comum) têm efeitos negativos sobre a coesão comunitária.
Como não podemos esperar nova duplicação dos fundos e como as consequências negativas da moeda única sobre a coesão serão muito mais profundas do que as da realização do mercado interno, temo que as desigualdades económicas dentro da União Europeia se agravem sensivelmente nos proximos tempos.
«Sem política monetária, com a política orçamental espartilhada, com impactos profundíssimos de liberalização do comércio mundial e alargamento ao leste europeu, como poderemos aproximar-nos dos níveis de vida dos países mais próximos?»
(...) a Europa de Maastricht e da moeda única não é a Europa de 1986. Na verdade, não é Europa.