«O Militante» Nº 227 de Março/Abril de 1997 - O trabalho dos jovens comunistas

Distrito de Castelo Branco

O trabalho dos jovens comunistas

Por Armando Morais
Membro do Comité Central
e Responsável da Organização Regional de Castelo Branco




O trabalho dos jovens, como qualquer actividade humana, tem altos e baixos, mais acentuados nesta camada etária, fruto das características dos jovens e da sua grande mobilidade, especialmente quando passam do ensino secundário para o superior e para outras situações como o serviço militar.

Depois de um período de “baixa”, principalmente devido ao facto de ter deixado de haver um quadro a tempo inteiro na região para o trabalho político juvenil, em 1993 a JCP arrancou para um trabalho consolidado que não parou de crescer até hoje, com importantes sucessos no movimento associativo estudantil e na actividade política em geral.

Passos importantes

Em Castelo Branco dinamizou-se o trabalho associativo na principal Escola Secundária da cidade, tendo a lista unitária ganho as eleições, situação repetida no ano seguinte, com um membro da JCP eleito presidente da Associação.

Na Covilhã, uma grande capacidade de abertura da JCP aos jovens sem filiação política permitiu consolidar um núcleo de jovens que vieram a ganhar em 1994 e 1995 as três Associações das escolas da cidade.

Esta situação veio permitir um trabalho conjugado das três Associações de estudantes, que se reflectiu em lutas muito expressivas contra a PGA e Provas Globais e em iniciativas culturais como a “Semana do Secundário”, debates, provas desportivas, visitas de estudo e os espectáculos do 24 de Março, realizados no centro da cidade e que mobilizaram milhares de jovens.

Os núcleos da JCP existentes em Belmonte, Covilhã, Castelo Branco (e agora no Fundão, onde uma lista unitária para a Escola Secundária acaba de ficar em 2º lugar indo à segunda volta), desenvolvem muitas actividades e lutas, sendo de referir as lutas contra a PGA, contra as propinas e outras, com o encerramento de algumas escolas. Em 95 e 96 tiveram êxito os dois Acampamentos da Juventude na Serra da Estrela (respectivamente em Valhelhas e Paúl). Estas iniciativas foram importantes para cimentar a coesão interna e atestam a capacidade organizativa, assim como mostram a sensibilidade para com a natureza e o gosto pela confraternização.

Também na Universidade

Todo o trabalho político realizado e o progresso orgânico da JCP no secundário veio a dar os seus frutos. Quando alguns dos jovens comunistas e outros tantos jovens entraram na Universidade da Beira Interior (UBI), deu-se início a um trabalho de unidade alargada a jovens independentes e de outras formações políticas, primeiro para os núcleos e depois para a Associação de Estudantes. A lista apresentada viria a derrotar, em 1996, a da JSD, elegendo para a presidência um membro da JCP e da Direcção Regional do Partido.

É de realçar a inversão completa da herança da gestão financeira da JSD na Associação Académica, muito endividada e sem crédito junto dos fornecedores, passando em poucos meses para uma situação de saneamento financeiro, conseguida com algum engenho, uma gestão rigorosa e uma credibilidade inerente ao bom nome e à prática dos novos dirigentes.

É evidente, também, que a Associação Académica passou a ter um dinamismo nas lutas estudantis nunca antes visto e nalguns casos com projecção nacional, como foi a luta contra os altos preços das refeições e custos acrescidos dos transportes. Formas de luta originais, como um pic-nic na Reitoria e o encerramento da Universidade. Outras realizações como a “Semana do Caloiro”, iniciativa das melhores de sempre quer pelo conteúdo (debates, ciclo de teatro, espectáculos musicais, etc.), quer pela muito elevada participação, quer pela abertura das iniciativas à população. Pela primeira vez a Associação Académica vai organizar diversos campeonatos nacionais no âmbito do desporto académico.

Importância das medidas orgânicas

Os êxitos alcançados no trabalho da JCP no movimento associativo está intimamente ligado às medidas orgânicas iniciais e outras colectivamente tomadas à medida que o trabalho se foi consolidando.

A DORCB decidiu destacar um quadro do seu Executivo para a ligação à JCP e ao trabalho da juventude. O desenvolvimento da JCP nos concelhos de Castelo Branco e Covilhã veio criar condições para a realização do IV Encontro da JCP onde se elegeu a Comissão Distrital (inexistente há 10 anos), com uma composição flexível e alargada a diversos concelhos.

Foi importante, também, a eleição de quadros do Distrito para a Direcção Nacional da JCP, para a Coordenadora Nacional do Ensino Secundário e para a Direcção Central do Ensino Superior.

O funcionamento regular dos organismos do secundário e do superior permitiu uma ligação directa aos concelhos.

E a abertura aos jovens dos Centros de Trabalho da Covilhã, do Fundão e de Castelo Branco veio proporcionar uma aproximação ao Partido e aos ideais comunistas, que, embora não se traduzindo em amplas adesões, permite aos jovens conhecer o Partido e esbater alguns “fantasmas” que a direita lhes incute. Vários grupos, teatro, núcleos de cursos da UBI têm utilizado os espaços do Centro de Trabalho da Covilhã onde preparam as suas iniciativas.

Melhorar e alargar cada vez mais

As potencialidades para o desenvolvimento do trabalho juvenil no futuro são muito amplas. Assim saibamos aproveitar toda a experiência acumulada pela JCP e pelo Partido.

Aproveitar também o prestígio alcançado pelos jovens comunistas no meio onde estão bem inseridos, com medidas de renovação, especialmente nos primeiros anos do secundário e o lançamento de iniciativas de formação política que afirme os nossos ideais. É igualmente importante que os quadros mais activos da JCP eleitos em associações juvenis onde desenvolvem intensa actividade, não descurem a afirmação política da JCP e o regular funcionamento orgânico das suas estruturas.

A inscrição espontânea dos jovens que regularmente se dirigem aos Centros de Trabalho tem de merecer uma atenção muito cuidada por forma a inseri-los na organização, assim como ajudá-los a lançar o trabalho no meio onde actuam.

O trabalho dos jovens comunistas e o seu inegável sucesso abriram boas perspectivas também para a grande batalha política das eleições autárquicas, com a sua inclusão em listas da CDU onde irão fazer reflectir a sua experiência, o que é sem dúvida uma mais valia renovada.


«O Militante» Nº 227 de Março/Abril de 1997