Na Sessão Pública de
apresentação da Comissão Distrital |
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Nos últimos tempos temos travado importantes batalhas que se têm saldado por grandes sucessos. Temos, por isso, acrescidas razões para estarmos confiantes. Confiantes nas nossas próprias forças e nas nossas capacidades para continuarmos com a mesma determinação a abraçar a quotidiana tarefa de servir com a nossa intervenção e luta os trabalhadores e o nosso povo. Confiantes de que é possível ultrapassar com êxito também a importante batalha eleitoral para a Presidência da República, convictos da justeza e importância da nossa candidatura. E digo nossa, porque este não é apenas um combate pessoal, mas colectivo, uma luta de todos os que têm consciência de que as próximas eleições de 22 de Janeiro e a candidatura que protagonizo são de grande importância na construção de um Portugal mais solidário, mais justo e mais fraterno. Justeza e importância que advêm de sermos uma candidatura distinta de qualquer daquelas que se apresentaram e com as quais não se confunde, desde logo, porque nos apresentamos aos portugueses assumindo a imperiosa necessidade de uma ruptura democrática e de esquerda com as políticas que a direita e o PS vêm concretizando em sucessivos governos. Políticas que têm conduzido o país à crise e ao atraso. Justeza e importância também pela distinta natureza e valor de um projecto que queremos alicerçado nas mais profundas aspirações e legítimos interesses dos trabalhadores e do povo, respeitador de Abril e dos seus valores de democracia, liberdade, desenvolvimento, justiça social e independência nacional. Uma candidatura necessária e imprescindível neste combate pela exigência de mudança e que queremos vá tão longe nos apoios e nos votos quanto seja possível e o nosso povo queira. Amigos e Camaradas: Mas se as próximas eleições são para nós uma importante batalha pela exigência de mudança e uma oportunidade para alargar a torrente dos que lutam por um Portugal com futuro, para a direita as próximas eleições são a grande oportunidade para a concretização do seu velho objectivo de apropriação da Presidência. É hoje muito claro que a direita depois de anos de acção governativa de empobrecimento do regime democrático, de ataque às suas conquistas e aos direitos sociais dos trabalhadores e de outras camadas da população, pensa que tem condições e que chegou a hora de ajustar contas com o legado progressista da Revolução de Abril. Quem os houve falar e quem lê o que escrevem – a direita política e direita dos interesses económicos – que tanto se confundem, não tem dúvidas que jogam na vitória da sua candidatura, na candidatura de Cavaco e Silva a possibilidade de finalmente ajustar contas com Abril. Travar o passo a tal projecto é não só um objectivo central da nossa candidatura, como uma questão da máxima importância que se joga nas próximas eleições e às quais os trabalhadores e o povo não podem ficar indiferentes. Amigos e Camaradas: A candidatura da direita, a candidatura de Cavaco Silva, apresenta-se hoje envolta numa bem urdida operação de branqueamento cuidadosamente pensada com o objectivo da construção de uma nova e falsa imagem que quer mostrar Cavaco Silva como o economista de rigor e neutro, predestinado a “salvar a pátria”, a pairar por cima dos partidos e dos interesses. Maquilhagem para esconder a real natureza da sua candidatura – uma candidatura de submissão do poder político ao poder económico. Cavaco Silva nunca foi, nem é o cidadão “independente”,
como ele próprio e os seus correligionários querem fazer
crer e muito menos o cidadão “neutro” que está
acima dos partidos ou dos interesses, como sua intervenção
e acção política nos dez anos que esteve à
frente do governo do país não confirmam os mérito
que tanto apregoam. O mesmo que prometeu colocar Portugal no “pelotão da frente”, mas que desenvolveu uma política de destruição da nossa agricultura, das pescas e da nossa indústria deixando o país ainda mais debilitado. Não há campanha que nos possa fazer esquecer que foi nos seus governos que se desenvolveu uma das maiores ofensivas contra os direitos individuais e colectivos dos trabalhadores e se iniciou o processo de subversão das leis laborais. Foi no seu governo que se iniciou o ataque à lei da greve e à lei dos despedimentos, abrindo as portas aos despedimentos colectivos e se promoveu um promoveu um redobrado ataque ao trabalho com direitos. Uma governação marcado pelo regresso aos salários em atrasos e pelo aprofundamento do trabalho infantil, das desigualdades sociais e do crescimento dos fenómenos de marginalização e de exclusão social. Foi no seu governo que se acelerou o processo de reconstituição das grandes fortunas e de entrega do melhor património público empresarial, nomeadamente as empresas dos sectores básicos ao capital estrangeiro. Processo que está na origem dos nossos atrasos estruturais e das actuais dificuldades que o país atravessa. Foi com Cavaco Silva que se acentuou a deriva autoritária com a polícia de choque em roda livre contra os trabalhadores e outras camadas população. É este candidato que é preciso derrotar em Janeiro! Amigos e Camaradas: O país continua a viver tempos difíceis e não se vê da parte do governo do PS medidas que contrariem a crise em que o país mergulhou. O que vemos é o recurso às mesmas soluções e às mesmas políticas que estão na origem do agravamento das nossas dificuldades. A proposta de Orçamento que o governo acaba de apresentar para o próximo ano é mais um Orçamento restritivo e anti-social, imposto pelas orientações monetaristas da União Europeia e pelas concepções neo-liberais que enformam a política nacional do governo PS. Um orçamento para carregar ainda mais nas costas dos trabalhadores, dos reformados e do povo em geral o peso das dificuldades. Um orçamento que agrava as desigualdades sociais e a repartição do rendimento. Um orçamento que aprofunda a injustiça fiscal. É inaceitável e incompreensível que a região onde se tem feito sentir com mais gravidade as consequências da destruição dos sectores produtivos, seja aquela que é mais penalizada com um brutal corte no investimento do PIDDAC com um brutal corte de 55% do investimento em relação ao presente ano. É precisamente num distrito onde os impactos da recessão e da estagnação económica tiveram e têm as mais dramáticas consequências no produto regional, na estrutura produtiva, no emprego e nos rendimentos das famílias que o governo vem propor não medidas para superar tais consequências, mas o maior corte de entre os distritos do país. Corte brutal que não significa apenas menos centros de saúde, menos escolas, menos serviços públicos de qualidade, menos infra-estruturas de desenvolvimento regional, mas também menos emprego, num distrito e numa região a braços com um dos níveis de desemprego mais elevados do país. Mas se este é mais um Orçamento injusto é também um Orçamento sem credibilidade. Ainda agora se discute o Orçamento de Estado para 2006 e está por realizar a sua votação final e já se vê com muita clareza o irrealismo das suas projecções e a inadequação das suas propostas e medidas para dar resposta ao fulcral problema da dinamização da nossa economia e do emprego e do melhoramento das condições de vida dos portugueses. Esta semana tomámos conhecimento que o desemprego, segundo o INE, atingiu a taxa mais alta dos últimos sete anos, 7,7% e que nove meses praticamente passados de governo do PS, vem também o Banco de Portugal, mais uma vez, rever em baixa a taxa de crescimento que se prevê vá atingir, se atingir, 0,3% do PIB. Evolução justificada, mais uma vez, pela forte queda do investimento e das exportações. Não são boas notícias, nem são previsões que credibilizem o cenário que o governo apresenta para a evolução da economia portuguesa para 2006, nomeadamente os cerca de 6% previstos de crescimento das exportações portuguesas. O que os dados mais uma vez revelam é que a economia portuguesa não só recua para um patamar mais baixo de estagnação, como, ao contrário do que afirma o governo, se acentua o risco de um regresso a uma situação de grave recessão. Esta evolução confirma infelizmente, por inteiro, as nossas previsões e preocupações de que, com a manutenção da actual política, Portugal dificilmente se libertará de um prolongado ciclo vicioso de estagnação e recessão. O governo tem vindo a justificar as dificuldades da economia portuguesa, pelo fraco crescimento da economia europeia, mas o problema é que Portugal revê em baixa o seu crescimento com a Europa a crescer. Esta é a prova de que é preciso arrepiar caminho nesta política de primazia no combate ao défice que sufoca a economia e agudiza a crise. Crise que também já não é possível disfarçar no seio do governo e que tem na demissão, esta semana, do coordenador do Plano Tecnológico, mais um exemplo de desorientação e descrédito de um instrumento, dito central, na promoção do crescimento e do desenvolvimento económico. Plano que vive há muito do anúncio de duas ou três medidas avulsas e que passou a omitir e fazer esquecer essa outra grande promessa eleitoral que era a da criação de 200 novas empresas de elevada capacidade tecnológica, mas que, para a concretização das quais, não se conhece qualquer iniciativa. O governo do PS negando apenas em palavras a sua obsessão pelo défice, não só corre o risco com a presente proposta de Orçamento de fazer regressar o país à recessão que, diga-se, pouco falta, como se enreda nesse círculo vicioso das medidas restritivas que, tal como no passado com o PSD, acabará por agravar novamente o défice. Não tardará a vir dizer-nos que as medidas deste Orçamento ainda não são suficientes para de seguida se apertar mais o cinto aos mesmos do costume e sem resolver os problemas, apenas agravando a vida dos portugueses. É preciso acabar com esta política calamitosa que monetarismo e neoliberalismo impõem e que empurram o nosso país para uma crise ainda mais profunda. Amigos e Camaradas: Mas o Orçamento que transfere para as costas dos trabalhadores, dos reformados, do povo em geral o peso das dificuldades é o mesmo orçamento que prevê quadruplicar o montante das receitas de privatizações em 2006, com mais privatizações no sector da energia, GALP, EDP e REN e dos transportes para favorecer os grandes interesses e capital económico e financeiro que vivem à “vara larga”, com lucros nunca antes vistos e impostos reduzidos. Uma política que promove e faz florescer os grandes negócios em prejuízo do interesse público como é o caso da Galp. Com a privatização da Galp Energia, a italiana ENI já ganhou o dobro do que pagou pela sua posição de accionista desta empresa e pela via da avaliação dos activos arrecadou uma mais valia de mais de 3 mil milhões de euros. Depois vêm-nos com a conversa de que os sacrifícios são para todos! Se os sacrifícios são para todos como explica ser cada vez maior o fosso entre os 10% mais ricos e os 10% mais pobres do nosso país. Como explica estas fortunas à custa do erário público? É por tudo isto, que o Orçamento de 2006 só poderia ter o nosso voto contra. Voto que cada vez mais se justifica à medida que se aprofunda a discussão, e se fica a saber, como esta semana aconteceu com as propostas do Ministro da Saúde de novos aumentos das taxas moderadoras e da inadmissível pretensão de passar a multar os utentes que recorram aos serviços de urgência. É por isso também que a nossa candidatura é uma candidatura diferente que se assume com total transparência e consequentemente contra a política de direita. Uma candidatura que apenas tem um compromisso: - com o povo e o único
pacto que aceita e defende é o da Constituição
da República e do caminho que ela preconiza – a construção
em Portugal de uma democracia simultaneamente política, económica,
social e cultural. Uma nova política que não negligencia, antes assume a promoção da educação, da ciência e da cultura, como condição para assegurar um mais elevado patamar de qualificação e formação dos portugueses e o aproveitamento pleno e dinâmico das suas potencialidades ao serviço de um projecto de desenvolvimento nacional. Compromisso com o povo solenemente assumido de afirmar um Portugal
soberano e aberto ao mundo. Contamos convosco!
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