PROGRAMA
DO PCP
Portugal
- Uma
Democracia Avançada no Limiar do Século XXI
A
revolução de Abril
1. A
revolução de Abril - desencadeada pelo heróico levantamento
militar do MFA (Movimento das Forças Armadas) logo seguido por
um levantamento popular - confirmou que os objectivos
fundamentais da revolução democrática e nacional definidos
pelo PCP correspondiam, não apenas a condições objectivas da
sociedade portuguesa e a necessidades do desenvolvimento
económico, do progresso social e do melhoramento das condições
de vida da população, mas também à vontade do povo
português.
No processo que se desenvolveu em 1974-75 e que
conduziu à fundação e instituição do regime democrático
consagrado na Constituição da República aprovada em 2 de Abril
de 1976 pela Assembleia Constituinte e promulgada na mesma data
pelo Presidente da República, a revolução de Abril transformou
profundamente a realidade nacional e o posicionamento de Portugal
no mundo.
2. A revolução de Abril:
- instaurou liberdades democráticas
fundamentais e direitos básicos dos cidadãos;
- instaurou a liberdade sindical e o
direito de organização dos trabalhadores a partir dos
locais de trabalho, o direito de contratação e
negociação colectivas, o direito à greve, o controlo
de gestão, o direito de participação das associações
sindicais na gestão da segurança social e na
elaboração da legislação do trabalho;
- pôs fim à guerra colonial e deu
uma contribuição directa para a independência de povos
secularmente submetidos ao colonialismo português,
criando condições historicamente únicas para o
desenvolvimento de relações de amizade e cooperação
com esses povos;
- instituiu uma democracia política
de que são elementos básicos a separação,
interdependência e complementaridade dos órgãos de
soberania, os princípios da igualdade de direitos dos
cidadãos, o papel dos partidos políticos, o sufrágio
universal e directo e o princípio da proporcionalidade
no sistema eleitoral, o poder local democrático e a
autonomia regional nos arquipélagos da Madeira e dos
Açores;
- liquidou o capitalismo monopolista de
Estado, os grupos monopolistas portugueses e o seu
domínio sobre a economia, a política e a vida
nacionais, criando com as nacionalizações um sector
básico da economia portuguesa liberto de interesses
privados e em condições de dinamizar o desenvolvimento
económico nacional;
- criou condições para a realização
de profundas transformações económicas, sociais e
culturais nos campos, nomeadamente através da
Reforma Agrária, com a expropriação das terras dos
latifúndios e a formação de novas unidades de
exploração - UCPs/Cooperativas; do alargamento dos
direitos dos rendeiros (lei do arrendamento rural); da
proibição dos regimes de aforamento, colonia e parceria
agrícola; do reconhecimento da posse, gestão e
fruição dos baldios pelos povos; da dinamização do
cooperativismo;
- consagrou legalmente e promoveu a
igualdade de direitos do homem e da mulher e os direitos
dos jovens;
- promoveu o melhoramento das condições
de vida do povo, institucionalizando o salário
mínimo nacional, as reformas e as pensões mínimas, o
direito à segurança social para largos sectores da
população, o alargamento do direito a 30 dias de
férias, do subsídio de férias, do 13º mês e da
licença por parto, a redução do horário de trabalho,
a protecção no desemprego, o reconhecimento dos
direitos dos deficientes e dos idosos; realizando
transformaçõees progressistas no ensino, na saúde, na
cultura, no desporto que representaram passos importantes
no caminho da sua democratização; assegurando
importantes avanços no domínio de infra-estruturas e
equipamentos sociais;
- pôs fim ao isolamento internacional do
País e à sua inteira submissão à política do
imperialismo, estabelecendo relações diplomáticas de
Portugal com os países socialistas, diversificando as
relações externas e abrindo assim caminho a uma
política externa de paz e cooperação.
3. A conquista e instauração das liberdades, dos
direitos dos cidadãos e de um regime de democracia política
foi, no processo da revolução portuguesa, inseparável da
liquidação do poder económico e político dos grupos
monopolistas e dos latifundiários, através das
nacionalizações e da Reforma Agrária e das outras reformas das
estruturas socioeconómicas, do fim da guerra colonial e do
reconhecimento do direito dos povos das colónias portuguesas à
independência.
Perante a conspiração, a sabotagem e as
tentativas de golpes de força de sectores reaccionários
apoiados pelos grandes capitalistas, pelos agrários e pelo
imperialismo estrangeiro, as grandes reformas estruturais foram
além do mais necessárias para a defesa das liberdades e da
democracia nascente.
Entre os seus grandes méritos, a revolução
de Abril foi também uma revolução na consciência dos
portugueses. Foi factor de profundas mudanças nos conceitos, nos
comportamentos sociais e éticos, nas mentalidades.
Para além do seu significado histórico no
plano nacional, a revolução de Abril constituiu um relevante
acontecimento na história contemporânea das últimas décadas,
com importantes repercussões internacionais.
4. A classe operária, as massas populares e os
militares progressistas - "os capitães de Abril" -
unidos na aliança Povo-MFA desempenharam um papel fundamental em
todas as conquistas democráticas.
O PCP interveio em todo este processo como
força política essencial e determinante. O seu papel na
revolução de Abril e na fundação do regime democrático
inscreve-se como dos maiores feitos da sua história.