Nota do Gabinete de Imprensa do PCP

Sobre uma centena de despedimentos nos Grupos de comunicação social Cofina e Impresa

Sobre uma centena de despedimentos nos Grupos de comunicação social Cofina e Impresa

1. O despedimento em curso de cerca de oitenta trabalhadores, entre jornalistas e outros profissionais, do Grupo Cofina e cerca de vinte da SIC - que se segue a um outro semelhante, em Novembro passado, na Visão, também propriedade do Grupo Impresa -, merece a denúncia e repúdio do PCP.

2. No caso do Grupo Cofina Media, proprietário entre outros do Jornal de Negócios, Record, TV Guia, Máxima, Vogue, Destak, Sábado, Correio da Manhã e CMTV, conforme referido em comunicado, trata-se de um despedimento colectivo, que visa ajustar as equipes da imprensa escrita para ajustar a sua actividade às tendências do mercado. É referida uma quebra em 2016 de 0,7% de receitas operacionais do Grupo, que se situariam agora em cerca de 100 milhões de Euros, e uma massa de lucros de cerca de 4,3 milhões de Euros, apesar de uma alegada quebra. Seriam essas as "justificações" patronais para um plano de corte de 10% dos custos de produção, à custa dos trabalhadores, para aumentar os lucros dos accionistas.

3. No caso do Grupo Impresa, proprietário entre outros do Expresso, Visão, Blitz, Caras e SIC, os cerca de vinte despedimentos agora em desenvolvimento, nomeadamente na SIC (em que o afastamento de várias trabalhadoras foi conhecido, acintosamente, no dia internacional da mulher), evidenciam um despedimento colectivo. Que, aliás, se desenvolve de forma gradual, para tentar minorar a condenação da opinião pública, como se comprova pelo facto de, em Novembro, ter havido outros vinte despedimentos, nomeadamente na Visão. A "justificação" patronal é que estas medidas "permitirão reforçar e consolidar as audiências dos canais", o que na realidade não se confirma. Mas sabe-se que o Grupo obteve cerca de 3,7 milhões de Euros de lucros em 2016, apesar de uma alegada quebra relativamente a 2015. Isto é, são os trabalhadores a pagar, como estagiários, com a precariedade e os baixos salários e com despedimentos injustificáveis, a recuperação da massa de lucros dos accionistas e o desenvolvimento de futuros negócios.

4. Os jornalistas e outros trabalhadores da comunicação social, são assim tornados descartáveis, e o seu direito ao trabalho é jogado na roleta dos interesses dos grandes accionistas. São pressionados a rescindir contrato e, no caso do Grupo Cofina, são explicitamente ameaçados pela empresa que, "não coloca de lado a utilização dos meios legais disponíveis", com vista a consumar os despedimentos.

Perante os despedimentos colectivos e o quadro de ameaças de encerramento de títulos, dispensas de pessoal, degradação de condições de trabalho, precariedade e baixos salários, redução de meios das empresas prestadoras de serviço público (RTP e Lusa) - o PCP chama a atenção para o agravamento da exploração dos trabalhadores deste sector, mas também para o impacto destes factores na qualidade e pluralismo da comunicação social em Portugal, com reflexos na vida democrática do País.

5. Face a esta situação, o PCP: manifesta a sua solidariedade e apela aos jornalistas e a todos os trabalhadores atingidos pelos despedimentos colectivos dos grupos Impresa e Cofina para que se mobilizem e lutem em defesa dos seus postos de trabalho; reclama do Governo medidas que impeçam o livre arbítrio do patronato no sector, a adopção de políticas que valorizem o serviço público e combatam a concentração da propriedade dos órgãos de comunicação social; e assume o compromisso de levar por diante as iniciativas que considere necessárias para denunciar e impedir a sua concretização, nomeadamente suscitando a intervenção do Governo e da Autoridade para as Condições de Trabalho.

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