Num jantar/convívio do PCP no Bombarral, a que se seguiu uma visita à Feira Nacional da Pêra Rocha, Jerónimo de Sousa afirmou que o Governo «em nome do combate ao défice das contas públicas, com uma propaganda sistemática da “necessidade da compreensão dos portugueses para os sacrifícios exigidos”, cria uma situação de injustiça, desigualdade, de desemprego e pobreza, enquanto um punhado de senhores amassam lucros que chegam a ser ofensivos».
Excertos da intervenção de Jerónimo de Sousa, Secretário-Geral do PCP,
no Jantar/Convívio do PCP no Bombarral
(...)
O acontecimento mais importante não é a minha presença. É a vossa!
Aqui no Bombarral o nosso Partido, mesmo nos primeiros anos de Abril,
tinha dificuldades em agir, em criar organização, em exercer a
liberdade conquistada, face à intimidação, ao anticomunismo, ao
preconceito alimentado pela direita que, designadamente em relação aos
pequenos e médios agricultores lhes fazia querer que nós lhe queríamos
tirar o que tinham e até o que não tinham, apesar de sempre, antes e
depois de Abril, estarmos ao seu lado na defesa dos seus interesses e
direitos concretos. A mesma direita que hoje no plano político e no
plano económico os conduz à ruína, ao endividamento, ao espartilho no
escoamento da sua produção.
Mas persistimos! E hoje, num quadro difícil, de uma ofensiva
diversificada e profunda, encetada pelo Governo PS, o nosso Partido
reforça a sua organização, alarga o recrutamento e a sua influência,
procurando corresponder às orientações e decisões do XVII Congresso de
que sim, é possível um PCP mais forte.
(...)
O Governo PS, pela sua acção, pelas suas medidas, pelas suas políticas
de direita, ocupa o espaço da própria direita que, amarrada aos ditames
da direita económica e aos interesses dos poderosos, não é capaz de
fazer oposição a um Governo que faz o que a direita política gostaria
de fazer. Marques Mendes ou Paulo Portas não perderam faculdades. Não
têm é assunto! Porque é o Governo PS que desencadeia uma violenta
ofensiva contra os direitos laborais dos trabalhadores, sejam do sector
público, sejam do privado.
Porque é este Governo PS que ataca os serviços públicos e reconfigura o
papel e a intervenção do Estado nas suas funções e obrigações sociais,
nas áreas da saúde, da segurança social, da educação e do ensino.
Em nome do combate ao défice das contas públicas, com uma propaganda
sistemática da “necessidade da compreensão dos portugueses para os
sacrifícios exigidos”, cria uma situação de injustiça, desigualdade, de
desemprego e pobreza, enquanto um punhado de senhores amassam lucros
que chegam a ser ofensivos.
Numa imagem chocante ainda hoje alguns órgãos de comunicação social
davam a notícia de um deficiente motor estar a percorrer o país para
chamar a atenção das discriminações e desigualdades a que os cidadãos
com deficiência (onde se incluem muitos sinistrados do trabalho com
incapacidade permanente) estão hoje sujeitos. A anteceder as imagens
daquele cidadão que protesta, dava-se a notícia da associação das
seguradoras que informava que alcançaram no ano de 2006 um recorde de
lucros de 708 milhões de euros! E outra de 4 bancos que também
anunciaram que tiveram neste primeiro semestre de 1,137 mil milhões de
euros de lucro!
São estes factos que demonstram e põe a nu esse embuste que os
sacrifícios são para todos e dão uma marca de classe à política do
Governo do PS/Sócrates.
(...)
Mas, ao contrário do pretendido pelo Governo, os trabalhadores e as
populações não se conformam. Protestam e lutam, exigindo uma política
diferente.
O Governo acusa o PCP de estar com os trabalhadores e as populações e
com a sua luta, legítima e justa. Está e ainda bem que está. Quem está
mal é o PS, que assume essa ofensiva ao arrepio das suas promessas
eleitorais e de esquerda que lhe deram a maioria absoluta e com o risco
de lhe sobrar tão só a sigla.
A acentuação da ofensiva, acompanhada já de traços autoritários e
antidemocráticos mais exigem um PCP mais forte e mais influente, com
mais organização e com mais luta organizada. Partido mais preciso aos
trabalhadores, aos reformados, aos pequenos e médios empresários e
agricultores - mais necessário ao País.
É uma luta constante e incansável! Por isso valorizamos tanto a vossa
presença, os vossos esforços, a vossa generosidade e empenhamento.
Porque é assim que haveremos de alcançar um futuro melhor, aquele
futuro que foi projectado com Abril!
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