Felizmente no PCP não precisamos de fazer prova do repúdio que, desde sempre e em todos os momentos, expressámos em relação à sanguinária ditadura de Saddam Hussein.

Pela nossa parte não descobrimos que Saddam Hussein era um ditador apenas quando os EUA decidiram que ele deixara de ser aliado.

Foi o PCP quem denunciou os massacres: bombardeamentos dos curdos, o assassinato e perseguição dos comunistas e de outros democratas.

Bem compreendemos a necessidade que alguns têm agora de compensar o tempo em que o silêncio cúmplice com o apoio dos EUA a Saddam era a única resposta aos crimes e às atrocidades praticados pelo ditador.

São os que para utilizar a expressão de um certeiro cartoon de um Jornal diário, tal como os EUA, se fossem testemunhas no julgamento a que Saddam Hussein eventualmente venha a ser submetido, teriam de o ser de defesa em relação aos factos ocorridos até ao final da década de 80 e só depois de isso o seriam de acusação.

Ninguém verte uma lágrima pela prisão de Saddam Hussein, esse cruel ditador, mas a sua prisão não apaga o carácter ilegítimo e ilegal da evasão e ocupação do Iraque.

Não podemos deixar de assinalar que o voto apresentado pela maioria omite qualquer referência à questão da aplicação da pena de morte, contra a qual a Assembleia da República se pronunciou por proposta do PCP.