Conforme sabe um núcleo de eruditos lusófonos, o meu amigo Vasco Pulido Valente vitupera o mundo e a vida todas as sextas, sábados e domingos, partilhando com o Calvin a última página do Público.

Basicamente simples, o Vasco tem uma técnica de efeito seguro com raízes no Oeste americano e na Chicago dos anos 20 caçadeira de canos serrados, dispara para todos os lados, há sempre um chumbo que acerta.

O Vasco é quase tão azedo quanto o Calvin, trocando embora as sevícias espaciais deste por incursões na realidade portuguesa contemporânea.

Com frequente recurso à displicente geração de 70, o Vasco tem contudo a sorte de jamais qualquer Eça ou Ramalho haverem disposto de um Telmo Correia que diz que não sabia o que tinha obrigação de saber ou de major Loureiro a bramar pela democracia.

A verdade e que ele lá se vai amanhando e, aqui para nós, penso que a direcção do Público acha uma maçada ter de fazer a última página o resto da semana. Só que os jornais são uma realidade conjugal, só funcionam aos pares... Não dá para tirar uma página só...

Mas parece-me que andam a fazer maldades ao Vasco.

Imagine-se que, na passada quinta-feira, a página do Vasco (se a expressão me é permitida) era ocupada pela bombástica notícia de que "uma flor do Canadá consegue cuspir grãos de pólen à velocidade de três metros por segundo".

Claro que é deveras interessante saber da existência destas flores com capacidades tunning (três metros por segundo! Caramba!), mas o problema é o ostensivo contraste. Qual vespa GT, anda o Vasco a desferir 20 ferroadas por semana e contrapõem-lhe flores e grãos de pólen! Ao segundo!...