Inicio
Intervenções e Artigos
Posições Políticas sobre IVG
PCP na AR sobre IVG
Tempos de Antena do PCP
Fotos da Campanha
Apelo do Comité Central do PCP
Questões Legais sobre Referendo
 Folheto IVG -2ª Fase
Folheto em PDF
Depoimentos em video



Início arrow Posições Políticas sobre IVG
"A graça de governar"
Ruben de Carvalho no "Diário de Notícias"
Domingo, 20 Março 2005

José Pacheco Pereira, na sua última presença televisiva, desenvolveu a seguinte e curiosa teoria sobre o "estado de graça" "Se o PS governar, o que todos desejamos, vai tomar medidas difíceis e pela sua natureza controversas. Se houver estado de graça - concluiu - é mau sinal, significa que o PS não está a tomar as medidas difíceis que são urgentes."

A primeira coisa que convém sublinhar é a sinonímia estabelecida entre governar e medidas difíceis e controversas. Pacheco Pereira não admite sequer a possibilidade de um Governo tomar medidas que sejam bem aceites pelos cidadãos (ou, pelo menos, pela maioria), que correspondam aos seus interesses, que resolvam problemas.

Esta visão apocalíptica da governação é inteiramente característica da direita, é assumir que o exercício do poder será sempre feito em contradição com os cidadãos, que são inconciliáveis os actos de governação e a satisfação dos governados. Este conceito é, de resto, inseparável de uma visão autoritária do Estado e da sua acção, simultaneamente dela derivando e dando-lhe sustentação.

Esta visão autoritária liga-se igualmente com outro traço, que é o de um implícito desprezo e desconfiança pelos cidadãos. Não sendo, evidentemente, de excluir - como a História amplamente o demonstra - que muitas circunstâncias determinam momentos colectivos de crise, medidas efectivamente difíceis, esforços e sacrifícios, Pacheco Pereira não admite que possa integrar uma orientação política viável o ganhar da população para a compreensão dos problemas e do que eles possam exigir. Para Pacheco Pereira a oposição é inevitável e contra ela é necessário reagir.

É plausível que o Governo de José Sócrates não conte com o tão badalado "estado de graça". Assim sendo, evidentemente que foi por ter tomado medidas que frustraram as expectativas dos portugueses, que consideraram não resolverem elas os problemas com que o País se debate. Para Pacheco Pereira, terá governado e terá graça; para os portugueses - não.

 

Jornal «Avante!»
«O Militante»
Edições «Avante!»
Comunic, a rádio do PCP na Internet