Não me interessa saber se foi Rui Rio ou Santana Lopes o ideólogo da proposta do Governo para criar as sociedades de reestruturação urbana (SRUs) destinadas a reabilitar zonas urbanas e históricas degradadas.

Também não me interessa saber se alguns querem pôr o “carro à frente dos bois” jurando ter a “máquina” preparada para “montar” as SRUs sem cuidar de saber que o que está aprovado é, para já e apenas, uma autorização legislativa.

É igualmente secundário saber que outros aproveitam os seus comentários televisivos semanais para (sem contraditório) acusar a oposição de estar a “emperrar” o processo, omitindo descaradamente que, desde Junho de 2002 (há quinze meses…), um projecto do PCP sobre o mesmo tema espera pela proposta do Governo, então anunciada, mas que, afinal, só “chegou” a meio de Setembro de 2003!

O que importa é saber-se que, a propósito de uma necessidade inadiável – recuperar as zonas degradadas históricas - , o Governo apresenta uma proposta perigosa e cujos efeitos podem ser devastadores.

O Governo quer recuperar mas expulsando inquilinos, proprietários e comerciantes locais, “correndo” dos centros históricos com os extractos populares que aí vivem “há séculos”; quer recuperar entregando “carne sem osso” a promotores privados a quem quer atribuir, de forma ilegal e inconstitucional, poderes de expropriar e de definir orientações de planeamento do território; quer recuperar transformando os bairros e quarteirões populares em “condomínios fechados” sem cheiro a suor e a tradição mas com aroma a perfume francês!...

Mais uma vez a DECO deveria intervir para impedir que, de novo, o Governo faça publicidade enganosa!