Partido Comunista Português
Orçamento Comunitário para 2006
Nota de Imprensa dos deputados do PCP ao PE
Quinta, 27 Outubro 2005

Os deputados do PCP ao Parlamento Europeu (PE) consideram as propostas para o orçamento comunitário para 2006 insuficientes e desajustadas face às reais necessidades da União Europeia (UE), para uma efectiva "coesão económica e social", pelo que votaram, em primeira leitura, contra a resolução do PE sobre o Projecto de Orçamento Geral para 2006.

A proposta do Parlamento Europeu, apesar de melhorar a proposta do Conselho em termos de volume de pagamentos (1.04% do RNB), fica aquém do que seria necessário para responder aos desafios económicos, sociais e ambientais de uma UE alargada e, mesmo abaixo do que seria possível no actual quadro financeiro para 2006, ou seja, 1.08% do RNB.

A primeira leitura é uma fase do processo negocial, pelo que esperamos não venha a resultar num compromisso final entre o 1.04% e 1.01%, muito perto do limiar do 1% (como proposto pelos signatários da carta dos seis). Aliás, o que aconteceu nos últimos dois anos, colocando em causa a já insuficiente proposta que tinha sido apresentada pelo PE para as perspectivas financeiras 2007-2013.

Salientamos que a proposta do Conselho aponta para um orçamento de apenas 1.01%, e para um valor para os fundos estruturais de cerca de 0.36%, ou seja, ao nível daquilo que tinha sido proposto pela presidência do Luxemburgo para o quadro 2007-2013, onde Portugal perdia 15% dos financiamentos comunitários.

Acrescente-se que o PE aceita, e até reforça as prioridades subordinadas à Estratégia de Lisboa e à concorrência, ao aumento das campanhas de propaganda e ao reforço da política externa e segurança comum e assuntos internos, assumindo assim os objectivos consagrados no projecto, já rejeitado, da dita constituição europeia.

Apesar da posição crítica de fundo, os deputados do PCP lamentam a rejeição das propostas de alteração ao orçamento comunitário para 2006 que apresentaram em áreas de importância para o país, como:

  • a criação de um projecto-piloto para acções no domínio do sector do têxtil e vestuário, com vista à criação futura de um programa comunitário para o sector;
  • a criação de planos de recuperação dos recursos haliêuticos tendo em conta as consequências socio-económicas dos períodos de defeso;
  • a defesa do multilinguísmo, nomeadamente nas assembleias parlamentares UE-ACP.

No entanto, relembramos que, aquando da votação na Comissão dos Orçamentos do PE, foram aprovadas várias propostas do PCP, entre elas:

  • a garantia de que as verbas orçamentadas para a protecção das florestas se destinam também à promoção de acções de reflorestação das terras devastadas pelo fogo e da prevenção dos incêndios florestais;
  • assegurar o financiamento de acções de conservação do património cultural da UE considerado património mundial pela UNESCO;
  • a reafectação de verbas para um projecto-piloto de cooperação e constituição de agregados de PME's