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O Anteprojecto de Orçamento Geral (APO) para 2002 irá ser
apresentado hoje em sessão plenária, pela comissária dos orçamentos,
Sra. Schreyer. Como já vai sendo hábito, este Orçamento comunitário
pode mais uma vez ser considerado o mais baixo da última década, em
termos relativos (representa apenas 1.06% do Produto Nacional Bruto
comunitário), num contexto financeiro incerto face às consequências das
actuais crises da BSE e da Febre Aftosa.
Sublinha-se, a este
propósito, que a diminuição permanente do peso relativo dos sucessivos
orçamentos se deve a uma inaceitável política de restrição decorrente
da aplicação do Pacto de Estabilidade e, bem assim, à intenção de criar
uma margem de poupança com vista a financiar o futuro alargamento da
UE.
Os deputados do PCP no Parlamento Europeu (PE)
afirmam-se claramente contra esta estratégia, que põe em causa a função
redistributiva do orçamento e o princípio da coesão económica e social
e que atenta contra prioridades indiscutíveis nos domínios social, da
promoção do emprego e da política de cooperação.
E são
precisamente estas as áreas que este Orçamento (à semelhança dos
anteriores) mais castiga, através de sucessivos cortes e de uma
política de redistribuição de verbas. É neste contexto que os deputados
do PCP no PE, não podem deixar de denunciar a situação que se avizinha
e que põe em causa o trabalho desenvolvido até agora.
Assim,
é de salientar o corte proposto no APO pela comissão de mais de 50% na
linha orçamental para a reconstrução e reabilitação de Timor Leste, e
ainda de um corte de 94% na respectiva linha de gestão para despesas
administrativas. Para os deputados do PCP no PE, estes cortes são
inaceitáveis face à actual situação de atraso na reconstrução e no
processo de constituição em Estado do território, o que só por si
justifica a continuação e reforço do apoio das instituições da União
Europeia.
Também no domínio do emprego, a denominada
"iniciativa de emprego" criada na Cimeira do Luxemburgo, em 1997, e
recentemente reorientada para "a promoção do espirito empresarial",
voltou a sofrer um corte de 18 milhões de euros. Desde 2000, que esta
iniciativa já conheceu cortes na ordem dos 106 milhões de euros, facto
que muito espanta os deputados comunistas no PE, se tivermos em conta
que para uma área como a informação, estão previstos, para 2002,
valores superiores aos agora atribuídos ao emprego, o que demonstra bem
as prioridades deste orçamento.
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