Partido Comunista Português
Em defesa de uma efectiva Política de Coesão
Terça, 24 Abril 2007
Imagem: Parlamento EuropeuNesta sessão foi votado o relatório sobre as consequências dos futuros alargamentos para a eficácia da política de coesão, que incluía propostas que desvirtuariam e colocariam em causa a própria política de coesão. Os deputados do PCP apresentaram diversas alterações ao presente relatório e intervieram ao nível da votação no sentido de modificar os aspectos mais gravosos do presente relatório.
Intervenção
Declaração de voto 

 

Nota do Gabinete de Imprensa dos deputados do PCP ao PE

Para os deputados do PCP no Parlamento Europeu a promoção da "coesão económica e social", inscrita nos Tratados, deve ser um objectivo transversal a todas as políticas comunitárias, de forma a contribuir para o desenvolvimento harmonioso ao nível regional e nacional e garantir o carácter redistributivo do orçamento comunitário.


O relatório de iniciativa parlamentar, do deputado Pieper (PPE, Alemanha), como aprovado pela Comissão de Desenvolvimento Regional do Parlamento Europeu, aproveitando o estudo do impacto financeiro de futuros alargamentos, avançou com inaceitáveis propostas que, a serem concretizadas, desvirtuariam e colocariam em causa a política de coesão.


Sublinhe-se que a actual política de coesão regional já sofreu modificações quanto aos seus objectivos (com a afectação de grande parte das suas verbas à concretização da agenda neoliberal contida na Estratégia de Lisboa), assim como cortes financeiros (com a redução do peso dos Fundos Estruturais de 0,41% para 0,37% do RNB comunitário), no actual quadro financeiro 2007/2013. Estas modificações contaram com o acordo da maioria do Parlamento Europeu e com a oposição dos deputados do PCP, que consideram estas prioridades inadequadas e estes montantes insuficientes para fazer face às necessidades acrescidas de coesão numa UE alargada.


O relatório Pieper inscreve-se na dinâmica daqueles que - à semelhança do que os denominados "contribuintes líquidos", reunidos na "carta dos seis", fizeram relativamente ao quadro financeiro para 2007-2013 -, querem utilizar o debate sobre o orçamento comunitário, previsto para 2008/2009, para conseguir ainda mais ganhos à custa do desvirtuamento da política de coesão.
Neste contexto e com o objectivo de manter os recursos financeiros existentes, mesmo no quadro de futuros alargamentos, o relatório Pieper visava:
- Redistribuir os meios financeiros das regiões e países da coesão entre si, continuando a ser os economicamente menos desenvolvidos a pagar o alargamento, quando são os economicamente mais desenvolvidos que dele tiram os principais proveitos;
- Substituir parte do financiamento dos fundos comunitários, através do aumento do co-financiamento nacional, do acesso a empréstimos ou do co-financiamento privado;
- Estabelecer um prazo máximo para as regiões terem acesso aos fundos estruturais;
- Condicionar o acesso aos fundos comunitários à concretização de uma política económica nacional definida em função dos critérios da Estratégia de Lisboa e do Pacto de Estabilidade.
Contrariando tais propostas, os deputados do PCP apresentaram diversas alterações ao presente relatório e intervieram ao nível da votação no sentido de modificar os aspectos mais gravosos do presente relatório, o que, efectivamente, veio a ser conseguido relativamente a alguns deles.

Aumentar as verbas dos Fundos Estruturais
Reforçar a Política de Coesão


Para os deputados do PCP no Parlamento Europeu a política de desenvolvimento regional - onde assumem particular relevância os Fundos Estruturais e de Coesão comunitários -, é um instrumento indispensável para a promoção da "coesão económica e social", permitindo realizar acções que promovam a redução das disparidades regionais, a convergência real e estimular o crescimento e o emprego, servindo de "compensação" face aos custos do mercado interno para as regiões economicamente menos desenvolvidas.


Uma política regional forte e bem financiada representa uma condição sine qua non para realizar a coesão social, económica e territorial numa UE alargada. Exige-se por isso o aumento das verbas afectas aos Fundos Estruturais, assim como, uma política de coesão que tenha mais em conta as necessidades de desenvolvimento de cada um dos Estados-membros, em especial dos que são elegíveis para o Fundo de Coesão. É ainda necessário aumentar as taxas de co-financiamento comunitário para as regiões da convergência, em especial para as regiões menos desenvolvidas dos Estados-Membros elegíveis para o Fundo de Coesão e as regiões que sofrem de desvantagens geográficas ou naturais.
Os deputados do PCP ao PE consideram que não devem ser escamoteadas as consequências do mercado interno, do euro e da liberalização do comércio internacional, para as regiões e países economicamente menos desenvolvidos da UE. Assim como as consequências negativas da aplicação dos Planos de Acção Nacionais - os PAN - da Estratégia de Lisboa para a "coesão económica e social", ao adoptar-se como objectivo a competitividade, a concorrência e as liberalizações, em detrimento e às expensas da "coesão" e da "convergência". Pelo que, os deputados do PCP rejeitam todo o condicionamento da atribuição de fundos no quadro da política de coesão a quaisquer critérios de desempenho económico estabelecidos a nível comunitário, como já acontece entre o Fundo de Coesão e o cumprimento do Pacto de Estabilidade.


Consideram ainda que o Fundo Social Europeu, enquanto instrumento horizontal, deverá ser utilizado para promover a qualidade do trabalho e a formação, adaptando-se às necessidades específicas de cada Estado-Membro, e não para servir de "almofada" às consequências das liberalizações e das deslocalizações. Para o PCP as ajudas públicas concedidas no âmbito dos Fundos Estruturais deverão ser sujeitas à celebração de contratos a longo prazo com as empresas no que diz respeito à localização, à duração e ao emprego, para garantir que não incentivam a sua deslocalização.