Nesta sessão foi votado o relatório sobre as consequências dos
futuros alargamentos para a eficácia da política de coesão, que incluía
propostas que desvirtuariam e colocariam em causa a própria política de
coesão. Os deputados do PCP apresentaram diversas alterações ao
presente relatório e intervieram ao nível da votação no sentido de
modificar os aspectos mais gravosos do presente relatório.
Intervenção
Declaração de voto
Nota do Gabinete de Imprensa dos deputados do PCP ao PE
Para os deputados do PCP no Parlamento Europeu a promoção da "coesão
económica e social", inscrita nos Tratados, deve ser um objectivo
transversal a todas as políticas comunitárias, de forma a contribuir
para o desenvolvimento harmonioso ao nível regional e nacional e
garantir o carácter redistributivo do orçamento comunitário.
O relatório de iniciativa parlamentar, do deputado Pieper (PPE,
Alemanha), como aprovado pela Comissão de Desenvolvimento Regional do
Parlamento Europeu, aproveitando o estudo do impacto financeiro de
futuros alargamentos, avançou com inaceitáveis propostas que, a serem
concretizadas, desvirtuariam e colocariam em causa a política de
coesão.
Sublinhe-se que a actual política de coesão regional já sofreu
modificações quanto aos seus objectivos (com a afectação de grande
parte das suas verbas à concretização da agenda neoliberal contida na
Estratégia de Lisboa), assim como cortes financeiros (com a redução do
peso dos Fundos Estruturais de 0,41% para 0,37% do RNB comunitário), no
actual quadro financeiro 2007/2013. Estas modificações contaram com o
acordo da maioria do Parlamento Europeu e com a oposição dos deputados
do PCP, que consideram estas prioridades inadequadas e estes montantes
insuficientes para fazer face às necessidades acrescidas de coesão numa
UE alargada.
O relatório Pieper inscreve-se na dinâmica daqueles que - à semelhança
do que os denominados "contribuintes líquidos", reunidos na "carta dos
seis", fizeram relativamente ao quadro financeiro para 2007-2013 -,
querem utilizar o debate sobre o orçamento comunitário, previsto para
2008/2009, para conseguir ainda mais ganhos à custa do desvirtuamento
da política de coesão.
Neste contexto e com o objectivo de manter os recursos financeiros
existentes, mesmo no quadro de futuros alargamentos, o relatório Pieper
visava:
- Redistribuir os meios financeiros das regiões e países da coesão
entre si, continuando a ser os economicamente menos desenvolvidos a
pagar o alargamento, quando são os economicamente mais desenvolvidos
que dele tiram os principais proveitos;
- Substituir parte do financiamento dos fundos comunitários, através do
aumento do co-financiamento nacional, do acesso a empréstimos ou do
co-financiamento privado;
- Estabelecer um prazo máximo para as regiões terem acesso aos fundos estruturais;
- Condicionar o acesso aos fundos comunitários à concretização de uma
política económica nacional definida em função dos critérios da
Estratégia de Lisboa e do Pacto de Estabilidade.
Contrariando tais propostas, os deputados do PCP apresentaram diversas
alterações ao presente relatório e intervieram ao nível da votação no
sentido de modificar os aspectos mais gravosos do presente relatório, o
que, efectivamente, veio a ser conseguido relativamente a alguns deles.
Aumentar as verbas dos Fundos Estruturais
Reforçar a Política de Coesão
Para os deputados do PCP no Parlamento Europeu a política de
desenvolvimento regional - onde assumem particular relevância os Fundos
Estruturais e de Coesão comunitários -, é um instrumento indispensável
para a promoção da "coesão económica e social", permitindo realizar
acções que promovam a redução das disparidades regionais, a
convergência real e estimular o crescimento e o emprego, servindo de
"compensação" face aos custos do mercado interno para as regiões
economicamente menos desenvolvidas.
Uma política regional forte e bem financiada representa uma condição
sine qua non para realizar a coesão social, económica e territorial
numa UE alargada. Exige-se por isso o aumento das verbas afectas aos
Fundos Estruturais, assim como, uma política de coesão que tenha mais
em conta as necessidades de desenvolvimento de cada um dos
Estados-membros, em especial dos que são elegíveis para o Fundo de
Coesão. É ainda necessário aumentar as taxas de co-financiamento
comunitário para as regiões da convergência, em especial para as
regiões menos desenvolvidas dos Estados-Membros elegíveis para o Fundo
de Coesão e as regiões que sofrem de desvantagens geográficas ou
naturais.
Os deputados do PCP ao PE consideram que não devem ser escamoteadas as
consequências do mercado interno, do euro e da liberalização do
comércio internacional, para as regiões e países economicamente menos
desenvolvidos da UE. Assim como as consequências negativas da aplicação
dos Planos de Acção Nacionais - os PAN - da Estratégia de Lisboa para a
"coesão económica e social", ao adoptar-se como objectivo a
competitividade, a concorrência e as liberalizações, em detrimento e às
expensas da "coesão" e da "convergência". Pelo que, os deputados do PCP
rejeitam todo o condicionamento da atribuição de fundos no quadro da
política de coesão a quaisquer critérios de desempenho económico
estabelecidos a nível comunitário, como já acontece entre o Fundo de
Coesão e o cumprimento do Pacto de Estabilidade.
Consideram ainda que o Fundo Social Europeu, enquanto instrumento
horizontal, deverá ser utilizado para promover a qualidade do trabalho
e a formação, adaptando-se às necessidades específicas de cada
Estado-Membro, e não para servir de "almofada" às consequências das
liberalizações e das deslocalizações. Para o PCP as ajudas públicas
concedidas no âmbito dos Fundos Estruturais deverão ser sujeitas à
celebração de contratos a longo prazo com as empresas no que diz
respeito à localização, à duração e ao emprego, para garantir que não
incentivam a sua deslocalização.
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