Considerando que as leis sobre os partidos e sobre o seu financiamento
que resultam de um vergonhoso acordo e combinação entre
o PSD, o CDS-PP e o PS, votadas no dia 24 de Abril de 2003, são
um insulto aos valores do 25 de Abril, um grave retrocesso no regime democrático
e um passo extraordinariamente perigoso no caminho de ataque a direitos
e liberdades visando atingir especialmente o PCP por ser a força
mais consequente e mais firme na luta contra a política de direita
e por uma alternativa de esquerda.
Considerando que a Lei sobre os Partidos representa um inaceitável
ataque a princípios fundamentais do regime democrático e
se traduz em inadmissíveis ingerências do Estado na vida
interna dos Partidos (formas de votação, tipos de órgãos
que devem existir, processos eleitorais, etc.) com a pretensão
de todos se terem de subordinar a um “modelo único”
copiado das opções do PS, do PSD ou do CDS-PP.
Considerando que a Lei de Financiamento dos Partidos e das Campanhas
Eleitorais, visando os mesmos propósitos de ingerência, tem
por sua vez como grande objectivo dar mais dinheiro do Estado aos partidos
(PSD, PS, CDS-PP) que já hoje vivem sobretudo à custa disso
e criar gravosas dificuldades aos partidos que, como o PCP, vivem sobretudo
das suas receitas próprias conseguidas na base do esforço
dos seus militantes e organizações.
Considerando que no mais descarado ataque ao PCP a lei acabou com a excepção
aos limites para angariação de fundos relativos às
“iniciativas especiais de angariação de fundos com
oferta de bens e serviços” em que se inserem a Festa do «Avante!»
e outras iniciativas político-culturais do PCP, numa atitude de
intolerável agressão a esta inigualável iniciativa
e à liberdade de acção e iniciativa do PCP.
Considerando que a lei contempla também mecanismos como a chamada
“Entidade das contas e dos financiamentos políticos”
que visam uma intromissão na vida partidária inaceitável,
a que se associa a possibilidade de adopção de penalizações
atentatórias da liberdade dos dirigentes e do património
partidários.
Os Delegados presentes no XVII Congresso do PCP, realizado nos dias 26,
27 e 28 de Novembro de 2004:
• Proclamam que só aos militantes do PCP – e a mais
ninguém – cabe o direito soberano e intransmissível
de decidirem como funciona e se organiza o PCP.
• Responsabilizam, desde já, o Presidente da República,
o PS, o PSD e o CDS-PP pelas consequências para a liberdade de associação
e organização política que decorre da aplicação
destas leis antidemocráticas e inconstitucionais, com o estado
de sítio que instalam e as arbitrariedades a que abrem caminho.
• Reafirmam, no ano em que se assinala o 30º Aniversário
da Revolução de Abril, o seu compromisso de desenvolver
o combate a estas leis e de lutar pela sua revogação para
que este grave retrocesso democrático seja eliminado e para que
os valores do 25 de Abril sejam restabelecidos no plano do direito de
associação e da liberdade de organização política.