Partido Comunista Português
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Intervenção sobre a situação dos Emigrantes
Sábado, 27 Novembro 2004

Maria da Encarnação Barroca de Melo Galvão, Membro do Organismo da Direcção Nacional do PCP na Suíça

Em nome dos comunistas portugueses que vivem no estrangeiro, saúdo os congressistas assim como as delegações estrangeiras em particular os representantes dos povos que lutam contra a ocupação imperialista nomeadamente na Palestina e no Iraque.

Camaradas,

Pelas mãos dos sucessivos Governos do PSD, PS e agora PSD/PP, temos vindo a verificar a desresponsabilização crescente do Estado Português dos seus deveres constitucionais, para com a nossa diáspora, em parte com o pretexto de que a chamada “cidadania europeia” resolveria todos os problemas.

Assim, os governos de direita, em Portugal, têm centrado a sua política de emigração nos apelos à integração nas sociedades de acolhimento. O Governo actual iniciou um processo de redução de pessoal e das estruturas de apoio às nossas comunidades, nomeadamente os serviços consulares, nalguns casos encerrando postos ou substituindo-os por consulados honorários que estão longe de responder às necessidades.

Face a esta situação as comunidades reagiram nomeadamente através da mobilização do movimento associativo e com a formação de grupos coordenadores de luta, desenvolveram acções diversas desde abaixo-assinados a manifestações de que destacamos o caso de Osnabruck na Alemanha.

Quanto ao ensino de português no estrangeiro é vergonhoso o que se passa. Longe de estimular e apoiar os esforços desenvolvidos pelas comunidades espalhadas pelo Mundo em defesa e promoção do ensino da nossa língua e cultura, os governos tem vindo a desresponsabilizar-se privilegiando a política do deixa andar.

O Governo não assegura o direito constitucional das Comunidades Portuguesas ao ensino da nossa língua e cultura.

Na verdade no plano oficial são muitas as preocupações com a projecção de Portugal no Mundo. Mas fala-se cada vez mais dessa projecção, por via da crescente participação externa em missões militares, do que por via da afirmação do riquíssimo património que são a cultura e a língua portuguesa.

O desprezo pelas comunidades portuguesas é tão evidente, não só por aquilo que acaba de ser dito, como pelo tratamento que é dado aos problemas relacionados com os novos fenómenos emigratórios, ou seja, aqueles que hoje, vitimas da política de direita são obrigados a emigrar.

Já não tem conta as notícias sobre as condições de grande precariedade e quase escravidão em que se encontram muitos destes trabalhadores, sem direito à segurança social, a férias, e tantos outros direitos.

Confrontado com esta situação que não pode negar o Governo limita-se a promover seminários para dizer que faz aquilo que a sua prática desmente. A realidade é que desenvolve uma política que está ao serviço dos grupos económicos e despreza os direitos sociais dos trabalhadores.

O exemplo mais acabado de como o discurso oficial está desfasado da realidade encontramos na situação vivida pelos ex-emigrantes da Suíça que durante mais de um ano estiveram impedidos de aceder aos cuidados de saúde a pretexto do acordo entre a UE e a Suíça.

Foi pela luta destes trabalhadores e ex-emigrantes que desde a primeira hora tiveram todo o apoio do Partido que o Governo foi obrigado a recuar nos seus propósitos.

O comportamento deste Governo quanto ao Conselho das Comunidades Portuguesas é também o reflexo da política de desprezo. Recusando atribuir-lhe, no Orçamento de Estado, as verbas necessárias para o exercício das suas funções enquanto órgão representativo da nossa diáspora.

Termino reafirmando o empenhamento dos comunistas portugueses na luta por uma outra política ao serviço de Portugal, do povo e dos trabalhadores, dentro e fora do país.