Maria da Encarnação Barroca de Melo Galvão, Membro
do Organismo da Direcção Nacional do PCP na Suíça
Em nome dos comunistas portugueses que vivem no estrangeiro, saúdo
os congressistas assim como as delegações estrangeiras em
particular os representantes dos povos que lutam contra a ocupação
imperialista nomeadamente na Palestina e no Iraque.
Camaradas,
Pelas mãos dos sucessivos Governos do PSD, PS e agora PSD/PP,
temos vindo a verificar a desresponsabilização crescente
do Estado Português dos seus deveres constitucionais, para com a
nossa diáspora, em parte com o pretexto de que a chamada “cidadania
europeia” resolveria todos os problemas.
Assim, os governos de direita, em Portugal, têm centrado a sua
política de emigração nos apelos à integração
nas sociedades de acolhimento. O Governo actual iniciou um processo de
redução de pessoal e das estruturas de apoio às nossas
comunidades, nomeadamente os serviços consulares, nalguns casos
encerrando postos ou substituindo-os por consulados honorários
que estão longe de responder às necessidades.
Face a esta situação as comunidades reagiram nomeadamente
através da mobilização do movimento associativo e
com a formação de grupos coordenadores de luta, desenvolveram
acções diversas desde abaixo-assinados a manifestações
de que destacamos o caso de Osnabruck na Alemanha.
Quanto ao ensino de português no estrangeiro é vergonhoso
o que se passa. Longe de estimular e apoiar os esforços desenvolvidos
pelas comunidades espalhadas pelo Mundo em defesa e promoção
do ensino da nossa língua e cultura, os governos tem vindo a desresponsabilizar-se
privilegiando a política do deixa andar.
O Governo não assegura o direito constitucional das Comunidades
Portuguesas ao ensino da nossa língua e cultura.
Na verdade no plano oficial são muitas as preocupações
com a projecção de Portugal no Mundo. Mas fala-se cada vez
mais dessa projecção, por via da crescente participação
externa em missões militares, do que por via da afirmação
do riquíssimo património que são a cultura e a língua
portuguesa.
O desprezo pelas comunidades portuguesas é tão evidente,
não só por aquilo que acaba de ser dito, como pelo tratamento
que é dado aos problemas relacionados com os novos fenómenos
emigratórios, ou seja, aqueles que hoje, vitimas da política
de direita são obrigados a emigrar.
Já não tem conta as notícias sobre as condições
de grande precariedade e quase escravidão em que se encontram muitos
destes trabalhadores, sem direito à segurança social, a
férias, e tantos outros direitos.
Confrontado com esta situação que não pode negar
o Governo limita-se a promover seminários para dizer que faz aquilo
que a sua prática desmente. A realidade é que desenvolve
uma política que está ao serviço dos grupos económicos
e despreza os direitos sociais dos trabalhadores.
O exemplo mais acabado de como o discurso oficial está desfasado
da realidade encontramos na situação vivida pelos ex-emigrantes
da Suíça que durante mais de um ano estiveram impedidos
de aceder aos cuidados de saúde a pretexto do acordo entre a UE
e a Suíça.
Foi pela luta destes trabalhadores e ex-emigrantes que desde a primeira
hora tiveram todo o apoio do Partido que o Governo foi obrigado a recuar
nos seus propósitos.
O comportamento deste Governo quanto ao Conselho das Comunidades Portuguesas
é também o reflexo da política de desprezo. Recusando
atribuir-lhe, no Orçamento de Estado, as verbas necessárias
para o exercício das suas funções enquanto órgão
representativo da nossa diáspora.
Termino reafirmando o empenhamento dos comunistas portugueses na luta
por uma outra política ao serviço de Portugal, do povo e
dos trabalhadores, dentro e fora do país.