Partido Comunista Português
Em defesa do emprego, da actividade e da modernização do sector do têxtil e vestuário
Quinta, 06 Dezembro 2007
Imagem: Têxtil e VestuárioNo dia 13 de Dezembro é debatida a proposta de resolução apresentada pelo Grupo da Esquerda Unitária Europeia/Esquerda Verde Nórdica sobre o sector dos têxteis e vestuário, na sequência de uma pergunta oral apresentada pelos deputados do PCP ao PE.

 

Nota do Gabinete de Imprensa dos Deputados do PCP ao PE 

Os deputados do PCP no Parlamento Europeu, conjuntamente com o seu Grupo parlamentar Esquerda Unitária Europeia / Esquerda Verde Nórdica (GUE/NGL), apresentaram uma questão oral com pedido de debate e uma resolução sobre a expiração do denominado "Memorando de entendimento" entre a União Europeia e a China, relativamente à importação de certos produtos têxteis e de vestuário.A abolição das quotas no sector dos têxteis e vestuário (STV) tem tido graves consequências socio-económicas nas regiões onde esta actividade concentra a sua maioria de empresas e trabalhadores e onde persiste um modelo de baixos salários, como são exemplo as regiões Norte, Centro e da Beira Interior, em Portugal.
É um facto que as regiões na UE mais afectadas pela destruição de postos de trabalho no STV são regiões já de si muito desfavorecidas – tanto em termos de emprego como de produção e de bem-estar social –, e a não salvaguarda deste sector produtivo só faz aumentar a sua vulnerabilidade socio-económica e as desigualdades territoriais no seio da UE.

Nos últimos 15 anos, assistiu-se à deslocalização de um elevado número de empresas, que instalaram a sua produção noutras regiões, em particular no Norte de África e na Ásia, deixando atrás de si um rasto de desemprego e de situações de grave crise socio-económica.

Existe outra política!

Pelo que, face ao fim da aplicação do denominado "memorando de entendimento", a 31 de Dezembro, e à decidida instauração de um mecanismo de vigilância de duplo controlo relativo às importações de têxteis e vestuário oriundas da China, os deputados do PCP no PE sublinham, entre outros exemplos:

- Que o denominado mecanismo de vigilância de duplo controlo, só fará sentido se assegurar que a situação que ocorreu em 2005, de crescimento exponencial das importações para a UE, não venha a repetir-se;
- A necessidade de que, para além deste mecanismo, sejam aplicadas novas medidas de salvaguarda, nomeadamente em categorias a indicar pelos Estados-Membros;
- A exigência de uma política de comércio internacional que mantenha os instrumentos de defesa comercial, para permitir manter e promover o emprego e a actividade deste sector;
- Que para a salvaguarda dos postos de trabalho e para o desenvolvimento e modernização do STV é necessário:
- Romper com o modelo baseado em baixos salários, baixas qualificações e precariedade do emprego;
- Promover o aumento dos níveis de formação e qualificação dos profissionais do sector;
- Promover medidas que dêem resposta à acumulação de problemas e à amplitude das dificuldades das famílias atingidas pelo desemprego devido à destruição de postos de trabalho e ao encerramento ou deslocalização de empresas;
- Proceder à avaliação das áreas territoriais e subsectores em risco iminente ou potencial de encerramento, e consequente desemprego, para que possam ser accionadas medidas preventivas e diferenciadas;
- Reforçar e adequar os meios e as condições de financiamento às necessidades das micro, pequenas e médias empresas têxteis, nomeadamente àquelas que estão descapitalizadas e com desequilíbrios estruturais;
- Que os Estados-Membros possam adoptar medidas de política comercial no sentido de acautelar a defesa de sectores afectados por uma conjuntura económica desfavorável.

Destacamos ainda:

- A proposta de criação de um programa comunitário de apoio à investigação, à inovação, à formação profissional e às PME's - com adequados meios de apoio - para o STV, particularmente dirigido às regiões mais desfavorecidas dependentes do sector.
- A insistência na criação, ao nível da UE, de um quadro regulamentar para penalizar deslocalizações de empresas e que a concessão de ajudas públicas às empresas, a nível nacional e europeu, deve estar condicionada a compromissos de longo prazo por parte das empresas em termos de desenvolvimento regional e emprego e que não deverá ser concedida qualquer ajuda susceptível de ser utilizada para promover deslocalizações. Insiste-se ainda no reforço do papel dos representantes dos trabalhadores no conselho de administração das empresas e na tomada de decisões de gestão de carácter estrutural.

Por fim, os deputados do PCP no PE expressam a sua preocupação em relação às intenções da Comissão, anunciadas pelo Comissário Mandelson, no sentido de rever os instrumentos de defesa comercial (IDC), segundo o interesse das empresas que deslocalizam a sua produção para países onde os custos de produção são menores, devido aos baixos salários e aos baixos critérios sociais e ambientais.