No dia 13 de Dezembro é debatida a proposta de resolução apresentada
pelo Grupo da Esquerda Unitária Europeia/Esquerda Verde Nórdica sobre o
sector dos têxteis e vestuário, na sequência de uma pergunta oral
apresentada pelos deputados do PCP ao PE.
Nota do Gabinete de Imprensa dos Deputados do PCP ao PE
Os
deputados do PCP no Parlamento Europeu, conjuntamente com o seu Grupo
parlamentar Esquerda Unitária Europeia / Esquerda Verde Nórdica
(GUE/NGL), apresentaram uma questão oral
com pedido de debate e uma resolução sobre a expiração do denominado
"Memorando de entendimento" entre a União Europeia e a China,
relativamente à importação de certos produtos têxteis e de vestuário.A
abolição das quotas no sector dos têxteis e vestuário (STV) tem tido
graves consequências socio-económicas nas regiões onde esta actividade
concentra a sua maioria de empresas e trabalhadores e onde persiste um
modelo de baixos salários, como são exemplo as regiões Norte, Centro e
da Beira Interior, em Portugal.
É um facto que as regiões na UE mais afectadas pela destruição de
postos de trabalho no STV são regiões já de si muito desfavorecidas –
tanto em termos de emprego como de produção e de bem-estar social –, e
a não salvaguarda deste sector produtivo só faz aumentar a sua
vulnerabilidade socio-económica e as desigualdades territoriais no seio
da UE.
Nos últimos 15 anos, assistiu-se à deslocalização de um elevado número
de empresas, que instalaram a sua produção noutras regiões, em
particular no Norte de África e na Ásia, deixando atrás de si um rasto
de desemprego e de situações de grave crise socio-económica.
Existe outra política!
Pelo que, face ao fim da aplicação do denominado "memorando de
entendimento", a 31 de Dezembro, e à decidida instauração de um
mecanismo de vigilância de duplo controlo relativo às importações de
têxteis e vestuário oriundas da China, os deputados do PCP no PE
sublinham, entre outros exemplos:
- Que o denominado mecanismo de vigilância de duplo controlo, só fará
sentido se assegurar que a situação que ocorreu em 2005, de crescimento
exponencial das importações para a UE, não venha a repetir-se;
- A necessidade de que, para além deste mecanismo, sejam aplicadas
novas medidas de salvaguarda, nomeadamente em categorias a indicar
pelos Estados-Membros;
- A exigência de uma política de comércio internacional que mantenha os
instrumentos de defesa comercial, para permitir manter e promover o
emprego e a actividade deste sector;
- Que para a salvaguarda dos postos de trabalho e para o desenvolvimento e modernização do STV é necessário:
- Romper com o modelo baseado em baixos salários, baixas qualificações e precariedade do emprego;
- Promover o aumento dos níveis de formação e qualificação dos profissionais do sector;
- Promover medidas que dêem resposta à acumulação de problemas e à
amplitude das dificuldades das famílias atingidas pelo desemprego
devido à destruição de postos de trabalho e ao encerramento ou
deslocalização de empresas;
- Proceder à avaliação das áreas territoriais e subsectores em risco
iminente ou potencial de encerramento, e consequente desemprego, para
que possam ser accionadas medidas preventivas e diferenciadas;
- Reforçar e adequar os meios e as condições de financiamento às
necessidades das micro, pequenas e médias empresas têxteis,
nomeadamente àquelas que estão descapitalizadas e com desequilíbrios
estruturais;
- Que os Estados-Membros possam adoptar medidas de política comercial
no sentido de acautelar a defesa de sectores afectados por uma
conjuntura económica desfavorável.
Destacamos ainda:
- A proposta de criação de um programa comunitário de apoio à
investigação, à inovação, à formação profissional e às PME's - com
adequados meios de apoio - para o STV, particularmente dirigido às
regiões mais desfavorecidas dependentes do sector.
- A insistência na criação, ao nível da UE, de um quadro regulamentar
para penalizar deslocalizações de empresas e que a concessão de ajudas
públicas às empresas, a nível nacional e europeu, deve estar
condicionada a compromissos de longo prazo por parte das empresas em
termos de desenvolvimento regional e emprego e que não deverá ser
concedida qualquer ajuda susceptível de ser utilizada para promover
deslocalizações. Insiste-se ainda no reforço do papel dos
representantes dos trabalhadores no conselho de administração das
empresas e na tomada de decisões de gestão de carácter estrutural.
Por fim, os deputados do PCP no PE expressam a sua preocupação em
relação às intenções da Comissão, anunciadas pelo Comissário Mandelson,
no sentido de rever os instrumentos de defesa comercial (IDC), segundo
o interesse das empresas que deslocalizam a sua produção para países
onde os custos de produção são menores, devido aos baixos salários e
aos baixos critérios sociais e ambientais.
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