Partido Comunista Português
A diferença entre as palavras e os votos - Nota do Gabinete de Imprensa dos deputados do PCP no PE
Quinta, 06 Julho 2006

Na sequência do debate realizado na terça-feira, foi hoje votada, no Parlamento Europeu, a resolução sobre as consequências económicas e sociais da reestruturação de empresas na Europa.

Os deputados do PCP lamentam que a direita, com a conivência do Partido Socialista Europeu que assinou esta resolução comum, tenha impedido que o Parlamento Europeu prestasse solidariedade aos trabalhadores da OPEL/GM, nomeadamente aos mais de 1700 trabalhadores (e suas famílias), da fábrica OPEL Azambuja, em Portugal, cujos empregos estão ameaçados pela administração da GM, indiferente às consequências económicas, sociais e regionais que daí adviriam. Este facto justificaria, só por si, o voto contra esta resolução, apesar de sabermos que os votos de solidariedade seriam meras lágrimas de crocodilo numa resolução que considera que as empresas têm o direito de tomar as decisões de gestão destinadas a garantir o seu crescimento económico.

A resolução aprovada vai, mesmo, mais longe ao não referir as consequências económicas e sociais das reestruturações, feitas, em geral, numa lógica meramente de redução de custos e de maximização dos lucros, sem relação com factores de viabilidade económica ou, mesmo, produtividade, muitas vezes sem respeitar obrigações contratuais, aproveitando-se, de uma forma mercenária, das ajudas públicas locais, nacionais e comunitárias, deixando atrás de si um rasto de desemprego e pondo em causa as economias locais. Só no ano passado, as reestruturações implicaram mais de meio milhão de desempregados na União Europeia.

Mas, mais grave ainda, é que esta resolução fica bastante aquém dos resultados obtidos nas resoluções, de Março deste ano, relativas aos efeitos das deslocalizações e das reestruturações ao nível do emprego e do desenvolvimento regional. Lamentavelmente, foram, agora, rejeitadas em plenário as nossas propostas que, nalguns casos, apenas visavam repor posições aprovadas em anteriores resoluções do Parlamento Europeu.

Por exemplo, foram rejeitadas as seguintes propostas:

- a definição contratual de um período de tempo substancial que garanta a plena realização dos objectivos de criação de empregos permanentes, seguros e de qualidade e o desenvolvimento económico a nível regional;

- a definição de sanções a aplicar às empresas que procedam à deslocalização sem primeiro terem honrado as suas obrigações contratuais; em particular, deveriam ser obrigadas a devolver os fundos recebidos e impedidas de receber qualquer outra ajuda comunitária, mesmo em países que não sejam membros da UE, durante um período a decidir, mas suficientemente longo para servir de dissuasor;

- a defesa dos direitos dos trabalhadores afectados com base em garantias firmes de que os representantes dos trabalhadores serão informados e envolvidos ao longo de todo o processo e que terão o direito de veto: além disso, conviria definir critérios para uma compensação adequada dos trabalhadores sempre que a empresa não cumpra as suas obrigações contratuais;

- a definição de prazos suficientemente longos, proporcionais aos investimentos em jogo, para uma empresa comunicar a sua intenção de deslocalizar ou cessar as suas operações;

Por tudo isto, os deputados do PCP votaram contra a referida resolução.