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A
Comissão considera que as alterações dos níveis de emprego no
sector da cerâmica se devem a um certo número de factores, como a
diminuição da procura, as mudanças dos estilos de vida, o
rendimento disponível, bem como a concorrência das importações de
baixo custo.
Os
dados fornecidos pela associação Cérame-Unie, que representa os
fabricantes dos produtos de cerâmica a nível europeu, demonstram
que o emprego total diminuiu apenas ligeiramente entre 1999 e 2006.
Contudo, verificam-se diferenças de resultados entre os subsectores,
tendo o emprego no sector da louça de mesa diminuído 50% desde
1999.
A
fim de identificar os diferentes desafios que o sector da cerâmica
enfrenta, a Comissão encomendou um estudo realizado por um consórcio
de consultores independentes no quadro do seu Programa
«Competitividade e Inovação». O relatório do estudo foi
apresentado em Agosto de 20081.
A
Comissão pode dar resposta às preocupações dos produtores da UE
em matéria de concorrência desleal de países terceiros de duas
maneiras. Em primeiro lugar, mediante a
aplicação da sua legislação em matéria de anti-dumping e
anti-subvenções, os serviços de defesa do comércio da Comissão
estão à disposição dos sectores que considerem que os produtos
são objecto de dumping na UE por parte de países terceiros, ou que
estão a ser concedidos aos seus concorrentes subsídios não
compatíveis com as regras da Organização Mundial do Comércio
(OMC). Em segundo lugar, os serviços de defesa do comércio da
Comissão também monitorizam as acções de defesa do comércio por
países terceiros contra a EU, opondo-se à utilização incorrecta
desses instrumentos. A existência de uma cooperação estreita entre
as indústrias afectadas por investigações de países terceiros e
os serviços da Comissão demonstrou ser muito eficaz no passado.
Para
além de medidas específicas de combate às práticas comerciais
desleais e em matéria de defesa dos consumidores, os direitos de
propriedade intelectual como as marcas registadas, os desenhos e
modelos e as indicações geográficas podem ser utilizados pela
indústria da cerâmica para proteger os seus produtos e lutar contra
a contrafacção. Com efeito, a protecção dos direitos de
propriedade industrial pode ser útil para pôr termo à importação
na UE de produtos contrafeitos produzidos no estrangeiro (através de
controlos aduaneiros) e tratar a questão nos países fabricantes. A
este respeito, a Comissão atribui uma grande importância à
protecção e à aplicação efectivas dos direitos de propriedade
intelectual da indústria europeia em mercados terceiros e, quando
necessário, não hesita em abordar este tipo de questão com os seus
parceiros comerciais. Por conseguinte, a Comissão convida a
indústria cerâmica a utilizar integralmente a protecção conferida
pelos direitos de propriedade intelectual, o que pode contribuir para
resolver os problemas que está a enfrentar.
A
Comissão apoia a competitividade das empresas inovadoras e modernas,
em particular das pequenas e médias empresa (PME). Quanto a estas
últimas, existem muitas oportunidades disponíveis na gama de
programas da UE2.
De facto, o papel central por elas
desempenhado na economia da UE foi claramente reconhecido pela
adopção, em Junho de 2008, da «Lei das pequenas empresas», que
põe em prática um enquadramento político global das PME na UE e
nos seus Estados Membros3.
As PME foram convidadas a melhorar o seu acesso ao financiamento.
Neste contexto, o Banco Europeu de Investimento disponibilizou,
designadamente, um pacote de 30 mil milhões de euros para
empréstimos às PME. Além disso, no domínio dos auxílios
estatais, a Comissão adoptou uma isenção temporária de dois anos
para montantes de auxílio limitados a 500 000 euros, com vista a
reforçar o apoio às empresas, nomeadamente às PME.
Os
fundos estruturais também fornecem apoios a nível nacional e
regional. No caso concreto de Portugal, as pequenas e médias
empresas como a fábrica de cerâmica Bordalo Pinheiro podem
solicitar apoio no âmbito do Fundo Europeu de Desenvolvimento
Regional (FEDER) e do Fundo Social Europeu (FSE) e, em especial, dos
Programas Operacionais 2007-2013 «Factores de Competitividade» e
«Potencial Humano» para medidas de investimento produtivo e acções
de formação profissional para os trabalhadores da fábrica,
realizadas em conformidade com a legislação comunitária e nacional
relevante. Em conformidade com o princípio da subsidiariedade, cada
Estado Membro ou autoridade regional é responsável pela
execução destes programas, de acordo com as condições previstas
nos Programas Operacionais.
Tendo
em vista contribuir para uma facilidade acrescida da comercialização
dos produtos comunitários no mercado interno da UE, uma solução
possível pode passar pelo aumento da sensibilização dos
consumidores através de uma marcação de origem dos produtos. No
final de 2005, a Comissão adoptou uma proposta4
no sentido de as importações de certos produtos passarem a ser
marcados com o país de origem. Isto aplicar-se-ia apenas aos
produtos cujos representantes apresentassem formalmente um pedido à
Comissão nesse sentido. No caso dos produtos de cerâmica, seriam
marcados os artigos de mesa e ornamentais, bem como os ladrilhos.
O Conselho ainda não adoptou uma decisão sobre a proposta.
1
http://ec.europa.eu/enterprise/non_metallic_mineral_products/finalreport_ceramics_131008.pdf
2
O portal europeu para as PME oferece uma panorâmica dos principais
programas da UE disponíveis para as PME:
http://ec.europa.eu/enterprise/sme/funding_en.htm.
3
http://ec.europa.eu/enterprise/entrepreneurship/sba_en.htm
4
COM(2005) 661 final.
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