Partido Comunista Portugu�s
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Homenagem a Catarina Eufémia
Sexta, 23 Maio 2008
catarina.jpgJerónimo de Sousa evocou em Baleizão a memória de Catarina Eufémia e homenageou também todas as gerações de homens e mulheres do Alentejo que lutaram pelo pão e pela liberdade, chamando ainda a atenção para o ataque aos direitos de quem trabalha  e para a situação dos reformados e dos trabalhadores, cujos baixos salários são duplamente penalizados por grande parte dos seus rendimentos serem gastos na alimentação e na casa, onde os exagerados aumentos destes últimos tempos pesam mais.

 

 

Excertos da intervenção de Jerónimo de Sousa, Secretário-geral do PCP
na Homenagem a Catarina Eufémia

 

(...)

 

Homenageamos Catarina Eufémia, mulher de coragem, lutadora, comunista que tombou assassinada pelos esbirros convocados por um agrário mas a mando da ditadura fascista.

Há quem afirme que é uma evocação deslocada no tempo e que não se justifica. E, no entanto, esta homenagem sentida é não só justa como actual.

Porque honramos e não esquecemos os nossos lutadores que tombaram no combate contra o fascismo. Porque, num tempo em que se quer reescrever a história, branquear o regime fascista e usurpar a memória, evocar Catarina Eufémia é evocar a luta do PCP que lutou todo o tempo que foi preciso para derrotar a iníqua ditadura e alcançar a liberdade e a democracia até chegar a revolução vitoriosa do 25 de Abril.

Catarina Eufémia tombou quando lutava por melhores salários à frente das operárias agrícolas baleisoeiras. O seu exemplo deu força a milhares de operários agrícolas que nos campos do Alentejo e Ribatejo arrancaram a pulso a jornada das 40 horas arrostando com a violenta repressão do regime fascista.

Na cintura industrial de Lisboa e Setúbal, e em vários pontos do país, a classe operária, num poderoso movimento grevista e reivindicativo, conquistava o direito à contratação colectiva.

Direitos que a Revolução de Abril consagrou e alargou à saúde, à segurança social, à proibição dos despedimentos sem justa causa.

Sabíamos e sabemos que os direitos e conquistas não são perenes nem adquiridos para todo o sempre, na medida em que as classes dominantes, o capital, nunca se conforma com as parcelas do domínio perdido.

E, eis que, pela mão de um governo do PS, em nome da competitividade e da modernidade, submetendo-se ao poder económico, propõe-se eliminar precisamente o direito a melhores salários, à jornada de trabalho contratualizada, à contratação colectiva, a proibição dos despedimentos sem justa causa.

"Moderno" dizem eles! Quando afinal o que propõem é o velho e recorrente caderno de encargos do grande patronato, visando aumentar a exploração dos trabalhadores, embaratecer a mão de obra e amassar mais lucro ao lucro.

O que propõem é rasgar mais uma página da Constituição que de forma inequívoca fez a opção de estar do lado dos direitos dos trabalhadores e não dos interesses e da ganância do poder económico.

No permanente e sempre actual confronto de classes nós sabemos que foi pela luta que os direitos foram conquistados. É pela luta que eles podem ser defendidos e consolidados.

É daqui desta tribuna, desta terra de Catarina, que apelo à participação na manifestação do dia 5 de Junho, convocada e organizada pela Central Sindical dos trabalhadores portugueses, a CGTP - Intersindical Nacional.

Nestes tempos em que a ofensiva fustiga duramente os trabalhadores, os reformados, a juventude, as classes e camadas não monopolistas, tempo de desemprego, de injustiças e desigualdades, evoquemos o exemplo de Catarina, lembremos esses milhares de operários agrícolas alentejanos que lutaram incansavelmente, por vezes sacrificando a vida, quantas vezes interrogando-se se valia a pena travar o combate.

Sabemos que valeu a pena! Sabemos que vale a pena!

Que melhor homenagem podemos fazer a Catarina Eufémia que prosseguir com determinação, esperança e confiança essa mesma luta que, incorporando o objectivo de uma vida melhor, são passos na caminhada para derrotar esta política de retrocesso e encetar um outro rumo na vida política nacional que conte com os trabalhadores, conte com o PCP.

(...)