José Catalino, Membro da Comissão Política do Comité
Central
Camaradas
A menos de um ano da realização das eleições
para as autarquias locais mais actualidade ganha a necessidade de as encarar
com as especificidades e acrescida complexidade com que se apresentam.
Mas também de as olhar a partir do nosso trabalho nas autarquias
no quadro da acção geral das organizações
locais.
Na verdade as responsabilidades acrescidas resultantes do valor do trabalho
realizado nas autarquias e da reconhecida contribuição dada
pela presença de milhares de eleitos comunistas à defesa
dos interesses das populações e à melhoria das suas
condições de vida exige uma cuidada consideração
da expressão e conteúdo da acção dos comunistas
nas autarquias e da sua articulação com a actividade geral
do partido. Como se sublinhou na Conferência do PCP realizada em
Maio de 2003 três questões centrais se colocam ao desenvolvimento
da nossa intervenção neste domínio.
A primeira que decorre da ideia, e da indispensável assunção
na prática, de que o trabalho nas autarquias e o exercício
dos mandatos que aí dispomos não constituir um fim em si,
no desempenho do qual se esgotaria a acção dos eleitos.
Mas sim uma frente de trabalho, um espaço de intervenção
e de luta, um desempenho de uma tarefa que necessária e indispensavelmente
tem de ser articulada com a acção e os objectivos gerais
de luta do Partido e constituir factor de elevação da nossa
influência política e social.
A segunda razão, é a comprovada verificação
de que a possibilidade de traduzir em resultados e imprimir eficácia
política ao trabalho que na autarquia se realiza está directamente
ligada à condição e à capacidade de esse trabalho
ser acompanhado pela acção geral do Partido, de se reflectir
na intervenção e iniciativa própria da organização
partidária, de ganhar dimensão e visibilidade pela actividade
que o Partido em simultâneo desenvolva.
A eficácia política do trabalho e da obra realizada na
autarquia é inseparável da capacidade da sua divulgação
e informação pelo Partido, do conhecimento que o conjunto
da organização dela tem para a promover e valorizar, do
suporte que a influência e a intervenção organizada
dos comunistas possibilitar.
A terceira razão a confirmada importância que a acção
e iniciativa própria do Partido é chamada a desempenhar
nos problemas locais, da imperiosa necessidade de sermos capazes de assegurar
a inserção do trabalho nas autarquias no quadro da acção
do Partido e de evitar situações que tendam para a diluição
do partido no trabalho autárquico.
Reduzir a intervenção local do partido à acção
dos eleitos representaria abdicar de uma indispensável presença
do Partido na defesa das populações, na promoção
dos seus interesses, na representação dos seus direitos
com negativas consequências políticas e eleitorais.
Camaradas
As eleições de 2005 estão já suficientemente
próximas para lhe prestarmos toda a atenção que as
complexas tarefas exigem. Desde logo porque a antecipação
para Outubro coloca mais problemas a exigir resposta no plano da direcção
e organização do trabalho quanto à sua programação,
preparação e calendarização.
Abordar hoje estas eleições tem naturalmente a sua margem
de incerteza, nomeadamente quanto ao quadro político e eleitoral
em que elas decorrerão as próximas eleições.
Mas há também seguramente algumas certezas.
Sendo a primeira delas, e a que mais importa, a que reside no facto de
ser no nosso trabalho e na nossa acção que encontraremos
a resposta mais segura e adequada à batalha eleitoral que temos
por diante.
A começar pela atenta preparação destas eleições
no quadro geral da acção do Partido. O que não significa
desvalorizar as acções e medidas especificamente eleitorais,
nem subestimar o contributo decisivo que o mérito do nosso trabalho
autárquico dá para a construção do resultado
eleitoral. Mas com a consciência de que também da nossa acção
geral, da amplitude da luta de massas, do movimento social de protesto,
da valorização da presença e afirmação
do Partido decorrerão elementos que nos permitem criar as condições
mais favoráveis para travar este combate.
Há que adoptar desde já as medidas indispensáveis
à intervenção eleitoral. Ou seja afirmar o nosso
trabalho, divulgá-lo e valorizá-lo. Encontrar força
no apoio popular às nossas propostas e projectos. Constituir listas
capazes de responder às expectativas das populações.
Afirmar e alargar a CDU como um amplo espaço de participação.
Há que ter presente a importância do nosso trabalho autárquico
enquanto factor de confiança e apoio eleitoral e a necessidade
de o manter ao nível das expectativas e aspirações
das populações. E assim dar uma atenção crescente
aos muitos problemas que no dia a dia se colocam e procurar resolvê-los.
Considerar como a primeira das prioridades a participação
e a ligação às populações. Continuar
a dar a indispensável e devida atenção ás
pessoas, aos seus problemas e aspirações.
É importante a valorização do trabalho realizado
mas não é menos importante ter em conta as insuficiências
e os erros que em momentos anteriores estiveram na origem de insucessos
e de resultados menos conseguidos. Ou seja, avaliar os aspectos do nosso
trabalho que podem ajudar a alimentar insatisfações e cimentar
desencantos. Seja no eventual distanciamento face aos problemas e às
populações que inevitavelmente conduzem ao isolamento na
gestão, à rotina e à dificuldade de dar resposta
ao que situação exija. Seja na menor observância de
critérios de rigor na nossa conduta e procedimentos no exercício
dos cargos.
Camaradas
Preparamo-nos para travar esta batalha certos das dificuldades mas também
das nossas possibilidades, da força da acção organizada
do Partido e do reconhecido valor e prestígio do nosso trabalho
autárquico.
Por isso nos propomos concorrer ao maior número de autarquias
e assim ir o mais longe possível na afirmação, pela
sua presença, do papel e influência do PCP.
Por isso apresentamos como objectivo a confirmação das
nossas posições, a conquista de novas autarquias e o alargamento
da nossa presença a outras. São objectivos exigentes, mas
possíveis e necessários.
Necessários à afirmação da CDU e do PCP como
uma grande força nacional autárquica, com um peso e uma
influência correspondentes ao valor do seu trabalho e do prestigio
conquistado pela sua obra junto do nosso povo.
Necessários para contribuir também nas autarquias, importante
espaço de militância e intervenção de milhares
de comunistas, para a acção convergente e a luta geral do
PCP pela construção de uma vida melhor e de uma nova sociedade.