Partido Comunista Portugu�s
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Negociações no quadro da OMC - Resposta a Pergunta oral de Pedro Guerreiro no PE
Terça, 13 Fevereiro 2007
Senhor Presidente, quero apresentar a esta Câmara uma avaliação substantiva do actual estado das coisas em matéria de negociações sobre o comércio mundial.

A reunião de Davos dos Ministros do comércio da OMC, em Janeiro, conduziu ao reinício formal dos trabalhos de todos os grupos de negociação em Genebra. Na origem deste desenvolvimento esteve a injecção de um suplemento de vontade política negocial pelas altas instâncias, incluindo o Presidente Bush. Acredito que se trata de um gesto sincero e que há, por conseguinte, um novo nível de investimento político no processo, que gera uma nova oportunidade de se alcançar o sucesso. Nesse contexto, o Director-Geral da OMC anunciou no Comité de Negociações Comerciais a 31 de Janeiro o recomeço das negociações em Genebra a nível multilateral em todos os grupos de negociação.

Os subsídios à agricultura continuam a constituir a chave para um acordo. Um eventual progresso na agricultura terá, porém, de ser acompanhado por um compromisso significativo no capítulo das tarifas sobre produtos industriais e, ulteriormente, compromissos específicos de abertura de mercado no sector dos serviços. Nestas áreas, esperamos passos significativos e substanciais da parte das economias emergentes do grupo G-20, sem os quais não será possível concluir a ronda de negociações.

Entretanto, os negociadores dos EUA começam a corrigir o rumo, mas não nos deram ainda a conhecer as reduções de subsídios agrícolas que distorcem a concorrência que contam apresentar. Trata-se de um passo imprescindível para a consecução dos progressos que visamos. Susan Schwab, Representante dos EUA para o comércio, tem esboçado uma aproximação à liderança democrática do Congresso para preparar o terreno e procurar formas de criar condições para a prorrogação do mandato da autoridade especial de negociação da Administração, a Trade Promotion Authority, mas até à data ainda não foi capaz de dar os passos necessários, quer para chegar a acordo com o Congresso, quer no sentido de uma convergência com os parceiros comerciais dos EUA no que toca aos aspectos fundamentais da presente negociação.

A anteproposta da Administração da semana transacta da nova lei da agricultura é bem-vinda, mas algo decepcionante nesta conjuntura. Para se poder alcançar um desfecho positivo nas negociações no âmbito da OMC, é preciso que os EUA ajustem a nova lei da agricultura a cortes e regimes mais ambiciosos em matéria de subsídios que distorcem o comércio negociados no âmbito da Ronda de Doha.

No que se refere ao calendário, o programa dos EUA é um tanto ou quanto mais claro. Um avanço nas questões centrais da Agenda de Doha para o Desenvolvimento é a plataforma em que a Administração Bush diz ir basear a solicitação da prorrogação do mandato da TPA antes do termo do período de vigência do actual em Junho. Isto implica realizarem-se progressos nos meses mais próximos no que diz respeito aos grandes números nos pontos essenciais das negociações.

É do nosso interesse agarrar o ensejo que ora se nos oferece de chegar a uma conclusão. Pessoalmente, não considero que relegar para o Verão ou depois a tentativa de chegar a acordo seja uma opção realista. Atendendo a todas as incertezas que se perfilam nos Estados Unidos e noutros pontos do mundo, arriscávamo-nos a deitar a perder o ténue impulso que se criou, e esta análise é concordante com a do Conselho Europeu, expressa na síntese da Presidência no Conselho "Assuntos Gerais" de segunda-feira. Um acordo em sede de ADD seria uma conquista preciosa, dos pontos de vista económico e político e a bem do sistema internacional, pelo que continuaremos a negociar de modo construtivo, mas com dureza em ordem a consegui-lo.