Partido Comunista Português
Estado das relações UE e a África - Declaração de voto de Pedro Guerreiro no PE
Quinta, 25 Outubro 2007
Apesar de conter aspectos que consideramos positivos, o presente relatório foge à análise do cerne da realidade das relações da UE - omitindo ou escamoteando as suas profundas responsabilidades e os seus objectivos estratégicos - relativamente a África.

Talvez o mais gritante exemplo seja o seu silêncio quanto às iniciativas articuladas no âmbito da NATO/EUA/UE relativamente a este Continente, como a criação de comandos militares específicos (EUA/AFRICOM), a realização de manobras militares (NATO) ou a crescente presença militar das grandes potências da UE ("mecanismos de apoio à paz", missões militares).

O relatório contém ainda aspectos que abrem as portas à ingerência - disfarçada de "humanitária", de "gestão de conflitos" ou de "boa governação" - e não denuncia a crescente subordinação da política de desenvolvimento às estratégias de "segurança" - privilegiando-se a "ajuda ao desenvolvimento" prestada por militares ou a utilização das suas verbas para fins que nada têm a ver com esta -, instrumentalizando-a em função dos objectivos estratégicos das grandes potências, nomeadamente o domínio dos imensos recursos naturais, incluindo o petróleo, deste Continente.

Por fim, valorizando os condicionamentos que advoga para os "Acordos de Parceria Económica", o relatório reafirma o "dogma" da liberalização do comércio como base para o desenvolvimento.

Defendendo a realização da Cimeira UE/África, rejeitamos tais políticas.