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O Anteprojecto de orçamento da União Europeia para 2001 apresentado
hoje pela Comissão Europeia representa 1,07% do PNB comunitário,
tornando-se, assim, o orçamento de menor expressão relativa da última
década e mesmo inferior, em termos reais, ao do corrente ano.
Longe ficam, desta forma, os objectivos máximos de despesas de 1,27%
decididos na Cimeira de Edimburgo e confirmados na Cimeira na Berlim;
para além de que se fica mesmo aquém dos 1,11% decididos para
perspectivas financeiras de 2000-2006.
Sublinha-se, a este
propósito, que a diminuição permanente do peso relativo dos sucessivos
orçamentos, se deve a uma inaceitável política de restrição decorrente
da aplicação do Pacto de Estabilidade e, bem assim, à intenção de criar
uma margem de poupança com vista a financiar o futuro alargamento da
UE.
Os deputados do PCP afirmam-se claramente contra esta
estratégia, que põe em causa a função redistributivas do orçamento e o
princípio da coesão económica e social e que atenta contra prioridades
indiscutíveis nos domínios social e ambiental, da promoção do emprego e
da cooperação.
Refere-se, entretanto, que o orçamento preconizado
pela Comissão é claramente marcado pela decisão de revisão das
perspectivas financeiras, pela mesma anunciada. Salientam-se o corte de
600 milhões de euros na agricultura, em 2001 e 2002 e o corte de 1,4
mil milhões na política de cooperação e desenvolvimento, entre 2001 e
2006. Neste contexto, considera-se particularmente preocupante que, em
2001, e para financiar o programa do Kosovo, se preconize um corte de
230 milhões de euros na política de cooperação com os países pobres e
que, para garantir o financiamento do 5º programa-quadro de
investigação, se prevejam cortes noutras políticas, num igual montante
de 230 milhões de euros, incluindo as iniciativas de emprego (cerca de
150 milhões de euros) e a política ambiental (cerca de 45 milhões de
euros). Os deputados do PCP rejeitam uma revisão das perspectivas
financeiras que vise financiar novas prioridades à custa de prioridades
já existentes.
Entretanto, e tendo em conta a experiência do
passado e as regras mais restritivas que passarão a reger os fundos
estruturais, os deputados do PCP afirmam a sua preocupação pelo perigo
de estrangulamentos que poderão ocorrer face ao afastamento - que
começa a desenhar-se - entre as autorizações de despesas e os
pagamentos respectivos, ao nível desses fundos.
Finalmente,
os deputados do PCP consideram que o Governo Português deverá tomar
mais atenção quanto a uma desejável e possível maior transferência de
verbas para Portugal decorrentes de categorias orçamentais a que o país
normalmente não tem recorrido (as quais representam cerca de 20% dos
montantes totais incluídos no orçamento comunitário) e que incluem,
nomeadamente, o programa-quadro de investigação, as questões sociais, o
apoio às PME, o ambiente, a energia ou a cooperação com países de menor
desenvolvimento.
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