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"Os bichinhos fora da toca"
António Abreu na "Capital"
Segunda, 23 Junho 2003

Eu sei que tema desta semana seria a confiança necessária nas instituições, nos políticos (designação atrás da qual alguns querem diluir a falta de respeito genérica que o seu desempenho concreto provoca).

Mas permitam-me que faça um parêntesis, não para um poema nem a propósito Primavera, mas sobre alguns bichinhos que teimam em sair da toca aproveitando este calor que nos quer pôr os miolos a ferver.

Ali para os lados de Tessalonica, numa estância balnear milionária, Porto Carras, pensava eu que Durão Barroso tinha ido a banhos e de lá nos mandaria um retrato de família, com Prodi, Giscard e os outros de calções, com a água pelos joelhos. Mas não. Foi convidado para ver o tratado constitucional da União que terá que votar em Outubro. Como cada um dos outros, esforçou-se para ter algo de específico que lhe desse mote para, a propósito, aparecer nos media do seu país. E o contributo foi...que se deveria valorizar o papel do cristianismo no texto. Sim, porque isso de andarmos a cavar, a conservar e a divulgar o que outros por cá fizeram (antes e depois) é de somenos. Eu até sugiro que Durão proponha a Berlusconi, a Blair e ao primeiro- ministro grego que comecem a trabalhar numa proposta de Concordata entre os futuros Estados Unidos da Europa e uma entidade suficientemente ecuménica que meta lá todos quantos cabem na tal designação genérica, excluindo é óbvio o pessoal de Belém, que esse está entregue a Sharom, e essa já é outra jurisdição.

Mas de Durão se dirá que continua em bicos de pés junto do bem amado leader, Georges (que até o trata por Zé). Em força e de qualquer maneira lá vai para o Iraque um contingente de 120 profissionais da GNR. É certo que se o material que não existia, os fornecedores estão quase a entregá-lo, e a formação específica que também não tinham, para actuar nesse teatro de operações, adquire-se na experiência. O que importa é não perder o lugar na fila para “filar” umas sub-empreitadas na reconstrução. Ainda por cima nesta altura em que os marines lá estão com alguns problemas.

A propósito de reconstrução, o ministro ex-vice-presidente desta casa, lá deu umas dicas aos promotores e investidores imobiliários. Prometeu a revisão dos programas (quando te voltaremos a ver, RECRIA, depois destes anos de promessas que retraíram os proprietários a ele recorrerem?). Prometeu umas sociedades de reabilitação urbana mistas, de capitais maioritariamente públicos, com municípios e privados (vamos ver o que vem no barco e se a administração central quer legislar e sair de lá para serem os municípios a remar). Prometeu ... maior flexibilização nos contratos de arrendamento! Declaração de guerra, com pré-aviso. Por aqui, mal vamos. Abdicar da fixação dos actuais moradores, a troco de maiores facilidades para os proprietários porem a andar os inquilinos é o inverso dum pensamento que deveria estar adquirido. O governo quer guerra.

Bagão Felix viu algumas disposições (muito poucas) do Código de Trabalho declaradas inconstitucionais. Torceu-se, olhou para o espelho e para a maçã. Esboçou um sorriso (esgar?) e lá disse que a decisão não tinha ferido o coração do Código mas tão só o dedo mindinho, reconhecendo que tinha pisado os limites da Constituição. Admitiu rever o texto (mas podia não admitir?).

O movimento sindical salientou objectivos que o patronato ainda não alcançou como queria: acabar com as convenções colectivas de trabalho, que em matérias laborais continuasse a prevalecer o princípio do tratamento mais favorável para os trabalhadores, recorrer a dados de saúde para pôr em causa o emprego e fragilizar o direito à greve. Mas referiu também outros atingidos como a não obrigação de reintegrar trabalhadores cujo despedimento os tribunais reconheçam ser ilícitos.

Os dirigentes dos patrões declararam inconcebível o poder que se estava a dar às confederações sindicais, que isso impedia a mudança e a inovação... (o blá- blá do costume). Sobre as suas responsabilidades próprias em contribuir para vencer a recessão disseram nada. Mas lá foram sugerindo (ameaçando) uma revisão da Constituição. Mais uma. À medida.

Por quem nos tomam estes personagens saídos do limbo da vida real deste país? Os trabalhadores estão com direitos a mais? O desemprego está a desaparecer? As fábricas estão a abrir todos os dias? Os empresários estão a ter um forte investimento produtivo? A apostar na melhoria da organização e gestão das suas empresas? a investir em nichos de mercado onde sejamos competitivos?

O Governo garante que empresas avaliadoras vão avaliar tudo na Função Pública.

Esperamos, avidamente, os relatórios da avaliação feita sobre o desempenho de ministros, secretários de Estado, gabinetes respectivos e os muitos, muitos assessores.

Quando os tiverem prontos podem, com toda a transparência, mandar-nos um exemplar?

Agradecidos.

 

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