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José Capucho, do Secretariado do CC do PCP, interveio na abertura da iniciativa de evocação de 5 obras de Álvaro Cunhal e afirmou que estas acções são «um importante contributo para melhor compreender, não
apenas a história e a luta dos comunistas portugueses, mas também, o
papel e a influência que o nosso Partido teve nas mais importantes
realizações do povo português ao longo de todo o século XX e que, ainda
hoje, não só se mantêm actuais, como absolutamente indispensáveis no
rasgar de horizontes para um Portugal com Futuro.».
José Capucho referiu ainda que «a obra teórica de Álvaro Cunhal, constituindo um imenso contributo
individual, incorpora também elementos de construção colectiva e esse
facto não reduz, antes amplia, a dimensão política do seu autor
individual. Álvaro Cunhal, foi, uma figura marcante não apenas na vida
do PCP mas também do país e do mundo.»
Camaradas
Numa altura em que as iniciativas em torno dos 85 anos do PCP continuam, a realização de um ciclo de debates, baseados em 5 obras de Álvaro Cunhal – Prefácio à reedição do informe político e informe sobre organização ao IV congresso; Rumo à vitória- tarefas do Partido para a revolução democrática e nacional; A revolução portuguesa o passado e o futuro; O Partido com paredes de vidro; e, A verdade e a mentira na Revolução de Abril (a contra revolução confessa-se) – consideramos ser um importante contributo para melhor compreender, não apenas a história e a luta dos comunistas portugueses, mas também, o papel e a influência que o nosso Partido teve nas mais importantes realizações do povo português ao longo de todo o século XX e que, ainda hoje, não só se mantêm actuais, como absolutamente indispensáveis no rasgar de horizontes para um Portugal com Futuro.
Este é, naturalmente, um contributo para que melhor se conheça o PCP, o porquê das suas características fundamentais, as suas grandes linhas de orientação, a sua identidade, e o seu papel na derrota do fascismo, na revolução de Abril e em todo o processo revolucionário, mas também nas posições, análises e perspectivas sobre o processo e os protagonistas da contra-revolução que até hoje, pela acção da política de direita, continua.
A realização desta iniciativa, 5 obras de Álvaro Cunhal – contributo para a história e luta dos comunistas e do povo português, pretende também - num momento particular da nossa vida política, em que estamos perante novos desenvolvimentos de uma bem montada e organizada campanha anti-comunista e anti-democrática, onde é clara a pretensão de reescrever a história, através do apagamento do papel do PCP - relembrar que o PCP foi o único Partido que combateu na ilegalidade o fascismo, esteve ao lado da revolução e nunca abandonou os valores e o projecto do socialismo para Portugal. E se dúvidas houvessem, as centenas de textos, a obra teórica e intelectual de Álvaro Cunhal, militante e dirigente comunista durante mais de meio século, são disso testemunho.
Que fique também claro que, para nós Comunistas, a obra teórica de Álvaro Cunhal, constituindo um imenso contributo individual, incorpora também elementos de construção colectiva e esse facto não reduz, antes amplia, a dimensão política do seu autor individual. Álvaro Cunhal, foi, uma figura marcante não apenas na vida do PCP mas também do país e do mundo.
Para se avaliar da importância da obra teórica e política de Álvaro Cunhal bastará sublinhar um facto inteiramente indesmentível: vários dos seus textos marcam momentos de viragem histórica, não apenas na vida e na acção do PCP, mas em toda a vida nacional e até na vida do movimento comunista e revolucionário mundial. São obras que em diferentes momentos se tornaram força material, conforme a expressão de Marx. E que continuam a sê-lo.
Camaradas
A exposição que hoje inauguramos e a participação em cada um dos 5 debates que se irão realizar, serão mais um contributo para um melhor entendimento do seu papel e importância mas não dispensa a sua leitura, o estudo e a compreensão de cada um dos 5 livros,
Apenas umas breves palavras para cada um desses livros.
Sobre o “Prefácio ao informe político e informe sobre organização ao IV Congresso” - realizado em 1946, dizer que constituem um conjunto de três documentos – o prefácio foi escrito 50 anos depois em 1996 - de excepcional amplitude e profundidade na abordagem política e ideológica. Há que destacar o extraordinário contributo para a análise da situação nacional e internacional, as bases para a unidade democrática e anti-fascista e a via para o derrubamento do fascismo. E onde são definidas as orientações e concepções acerca da estrutura e funcionamento orgânico do PCP nomeadamente sobre o centralismo democrático, a democracia interna, a disciplina, a unidade e o trabalho colectivo.
A definição e aplicação de princípios, que no fundamental se mantêm hoje, e que são a base para uma concepção marxista-leninista de um partido proletário. A definição da estrutura e da organização partidária como a forma mais elevada de organização dos operários e trabalhadores.
É aqui apurada e concretizada a definição teórica da identidade do Partido, identidade feita na complementaridade de um conjunto de traços que reúnem a natureza de classe, o projecto, a ideologia, as normas de funcionamento democrático interno, a ligação às massas e o carácter patriótico e internacionalista.
Sobre o Rumo à Vitória - As tarefas do Partido na Revolução democrática e nacional – escrito em 1964, trata-se de um documento decisivo para a história do nosso país. Destaca-se a profunda e documentada análise marxista-leninista da realidade portuguesa, a caracterização do desenvolvimento do capitalismo em Portugal, a situação na Indústria, na Agricultura e todos os sectores de actividade, e também, do papel do Estado Fascista.
É aprofundada a linha do levantamento nacional, o caminho de luta de massas, o caminho da unidade anti-fascista. É aqui caracterizada a natureza de revolução que porá termo ao regime fascista: A Revolução Democrática e Nacional, com a definição de sete objectivos fundamentais, que o programa do Movimento das Forças Armadas haveria de incorporar . Podemos dizer que, O Rumo à vitória, foi isso mesmo, rumo à vitória que chegou em Abril de 1974 e se desenvolveu no processo da Revolução.
Dos 5 livros, “A revolução portuguesa o passado e o futuro” é o primeiro escrito em liberdade. Em 1976 o CC aprova o Relatório ao VIII Congresso A Revolução Portuguesa, o Passado e o Futuro. Nesse texto é abordado o arco histórico entre o VI Congresso e 1976: os últimos anos da ditadura fascista, as manifestações de crise do regime (agravamento e deterioração da situação económica; guerra colonial e incapacidade de lhe encontrar uma saída; crescente isolamento interno; crescente isolamento internacional), o ascenso da luta popular, a luta contra a guerra colonial e nas forças armadas, a aproximação da situação revolucionária, os anos de fluxo revolucionário, os passos contra-revolucionários no sentido da recuperação capitalista, agrária, imperialista, os primeiros passos na limitação das liberdades. As linhas essenciais de alternativa democrática e de prosseguimento do caminho de Abril.
Neste relatório está documentada a trajectória dos construtores de Abril, e a trajectória dos seus inimigos, mas está sobretudo analisada, fruto de uma notável capacidade de síntese, o mais exaltante período da história do nosso povo, a originalidade e a força transformadora, e porque não, a alegria que constituiu a revolução de Abril.
O Partido Com Paredes de Vidro – escrito em 1985 é a mais profunda reflexão teórica de Álvaro Cunhal enquanto construtor do Partido e uma das que mais repercussões teve no movimento comunista internacional.
Nesse texto Álvaro Cunhal escreve sobre o comunismo, sobre os comunistas, sobre o seu Partido. Como sempre, escreve a partir de realidades, reflexões e experiências concretas e, como sempre também, extrai delas sínteses de elevado valor teórico e político. Mas ganha particular destaque, talvez mais do que em qualquer outro texto político seu, a dimensão da intervenção humana - individual e colectiva - no grande empreendimento libertador que constitui o ideal comunista.
Para quem quiser olhar e entender o que é o PCP e a sua luta, para quem quiser despir-se de preconceitos e fazer uma viagem pela história deste Partido, perceber de onde vem a sua força, a sua combatividade, a sua energia. Para quem quixser olhar para este Partido, como um Partido diferente, que o é, onde ao contrário do que alguns dizem, não tem qualquer reserva em identificar dificuldades e erros, pode estar certo, que se não encontrar as respostas todas, pelo menos encontrará muitas lendo O Partido com paredes de vidro.
Por último, uma referência para A Verdade e a Mentira na Revolução de Abril (A contra-revolução confessa-se) - escrito em 1999. Trata-se do implacável desmascaramento da acção das diferentes componentes da contra-revolução em Portugal pelas próprias palavras dos seus protagonistas. Como Álvaro Cunhal escreve no Prefácio, sobretudo a partir do 20º aniversário do 25 de Abril, destruídas muitas das principais conquistas da Revolução e em vias de institucionalização os objectivos estratégicos contra-revolucionários, […] as forças da contra-revolução e seus protagonistas abriram-se em confissões. E essas confissões são valiosas para que se conheçam verdades sempre afirmadas pelo PCP, então desmentidas pelas mentiras da contra-revolução.
Os sucessivos golpes e contra-golpes, as inúmeras cumplicidades – algumas das quais ainda por revelar – o terrorismo praticado contra o PCP, as muitas mentiras, que à força de tantas vezes serem repetidas quase que se instituíram como verdades e, o papel do PCP, que, como sempre esteve no seu posto de combate, ao lado do povo português, da classe operária, defendendo a revolução e a Constituição de Abril. Este livro é sobre a realidade e o processo revolucionário português, mas está lá muito daquilo que são as estratégias e as práticas de que o imperialismo se tem servido para impedir que sejam os povos a decidir sobre o seu futuro.
Camaradas e amigos
Para terminar, neste dia em que Álvaro Cunhal faria 93 anos, o nosso objectivo é divulgar e estudar a sua obra, o seu exemplo enquanto militante comunista e revolucionário, olhando para este património, não como uma peça de museu, mas como um instrumento indispensável para a compreensão da realidade portuguesa e para a acção do partido no presente e no futuro.
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