Partido Comunista Português
Relatório Schierhuber sobre o apoio ao desenvolvimento rural pelo Fundo Europeu Agrícola de desenvolvimento
Intervenção de Ilda Figueiredo
Segunda, 06 Junho 2005

Nas sucessivas reformas da Política Agrícola Comum (PAC), com as suas graves consequências para a agricultura familiar e os pequenos e médios agricultores, de que o desligamento das ajudas da produção é um dos mais gravosos, a Comissão recorrentemente escamoteia a importância da agricultura para a fixação das populações e a coesão económica e social nas zonas rurais, não dando uma atenção e apoios especiais aos denominados "países da coesão", onde se faz sentir , cada vez mais, e com maior gravidade, a desertificação rural.

A proposta de orçamento que a Comissão Europeia apresenta para o novo Fundo de Desenvolvimento Rural, no quadro das Perspectivas financeiras para 2007-2013, é extremamente insuficiente, tendo em conta, por exemplo, a inclusão de montantes consideráveis para o financiamento da rede "Natura 2000" a partir deste Fundo. É particularmente importante e decisivo para a agricultura portuguesa e os agricultores o reforço de verbas para o eixo 1 e para a actividade produtiva agro-florestal, incluindo baldios e suas organizações representativas.

O financiamento comunitário da rede "Natura 2000" deve ter por base o correspondente e necessário reforço financeiro no quadro das Perspectivas Financeiras para 2007-2013, seja no Fundo de Desenvolvimento Rural e nos Fundos Estruturais, que deveriam ser as principais fontes de financiamento, seja no Programa LIFE+. Aliás, a solução mais adequada será a criação de um fundo comunitário específico nas Perspectivas Financeiras 2007-2013 para a "Natura 2000", promovendo a conservação da biodiversidade, como defendemos nas propostas que apresentámos na Comissão de Agricultura.

Criticamos a intenção da Comissão executiva de, através da existência de um tão vasto e diversificado conjunto de entidades que poderão candidatar-se a fundos no quadro do "desenvolvimento rural", estar a aprofundar um caminho para que entidades estranhas e alheias à agricultura e ao mundo rural sejam beneficiárias de ajudas que deveriam ser prioritariamente para a agricultura, a produção e o mundo rural, ou seja, para a actividade produtiva agro-florestal.

Insistimos, uma vez mais, que uma verdadeira modulação e limitação da ajuda máxima por agricultor na Política Agrícola Comum (PAC) poderá não só contribuir para uma redistribuição mais equitativa das ajudas entre Estados-Membros, agricultores e produções como também para aumentar o apoio ao mercado para os pequenos e médios agricultores e os montantes disponíveis para o desenvolvimento rural, nomeadamente para pagamentos compensatórios e apoio à agricultura orgânica.