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Os sectores do têxtil, vestuário e calçado, são importantes pelo
seu peso económico e pelo número de trabalhadores que empregam.
Entre os finais dos anos 70 e finais dos anos 80 passou por
bons períodos, o que conseguiu manter até a viragem do século.
Em 2004 existiam cerca de 20.000 mil empresas a maioria
pequenas e médias empresas - 80 % com menos de 50 trabalhadores e destas 70%
com menos de 9 trabalhadores empresas de características familiares.
Uma parte a funcionar em garagens, com máquinas cedidas, com
jornadas de trabalho mais longas, quase sempre cumpridas em condições degradantes.
Servem para aliviar encargos e responsabilidades para as
firmas que lhes dão trabalho vivendo na sua dependência.
Para melhor nos situarmos, as empresas com mais de 500
trabalhadores eram cerca de 130, actualmente existem cerca de 30, umas
diminuíram drasticamente os seus operários e outras faliram.
O sector chegou a empregar 330 mil operários, actualmente
rondará cerca de 200 mil.
No entanto continua a ter um peso importante o volume de
negócios, em 2006 foi de 6,2 mil milhões de euros, o que traduz claramente a
vocação exportadora.
Há pregadores que defendem que os salários não podem
aumentar sem aumento da produtividade, mas o facto é que a produtividade nestes
sectores tem crescido. Entre 1994 e 2004, a taxa de crescimento médio anual da
produtividade por trabalhador foi de 4,4 % valor superior ao crescimento médio
da indústria transformadora.
Presentemente estes sectores passam por uma situação
preocupante. A 1 de Janeiro de 2005 liberalizou-se o comércio internacional abrindo
o mercado europeu a outros que produzem com qualidade e a preços mais baixos.
Os governos do PS e PSD não defenderam os interesses
nacionais, nem ajudaram os sectores a prepararem-se para o embate comercial.
A falta de uma adequada politica de fundo para o sector foi
complementada por uma politica de subserviência aos interesses dos países mais
ricos, o que facilitou à má utilização de muitos dos fundos comunitários, com
desvios de algumas dessas ajudas para outros fins.
Investimentos volumosos para modernização do sector foram
desmantelados e vendidos.
As asneiras pagam-se e assim temos um sector vulnerável à
conjuntura internacional.
Em Dezembro de 2007 termina o memorando acordado entre a U.E
e a China. O governo tinha de aproveitar a sua presidência da União Europeia
para renegociar o acordo e fazer a defesa de alguns produtos.
Mas o governo está na posição de deixar andar o sector
entregue ao seu destino indiferente aos custos sociais que ele pode causar.
O patronato rejeita responsabilidades, amedronta os trabalhadores
que reivindicam, rejeita a negociação colectiva e a alteração salarial.
O patronato já manifestou a sua a intenção de deixar de
pagar o subsídio de natal e de férias e opôs-se aos aumentos do salário mínimo
nacional porque estes aumentos obrigam-no a aumentos no sector.
Defendemos melhor protecção no desemprego para os que saem,
Mas melhores salários para os que ficam.
Consideramos que é necessário agir em Portugal a na União Europeia,
reclamando a criação de um programa comunitário com meios de apoio adequados, particularmente
para as regiões desfavorecidas mais dependentes destes sectores.
E uma politica comercial na Organização Mundial do Comércio
e com terceiros que tenha em conta o seu peso em economias como a Portuguesa.
Estes sectores têm futuro, existe capacidade de produção,
bons trabalhadores é preciso é outro rumo, outra política.
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