Na apresentação da Conferência Nacional do PCP sobre Questões Económicas e Sociais, Agostinho Lopes (Comissão Política) afirmou que a Conferência pretende realizar uma análise global e integrada dos problemas económicos e sociais do país, a partir do aprofundamento do conhecimento das suas estruturas sócio-económicas e das suas actuais dinâmicas, bem como os problemas do enquadramento internacional, não deixando «de reflectir e considerar também os mais importantes problemas sociais, o papel do Estado e do mercado na vida económica e social, seus estrangulamentos e potencialidades».
O PCP promove nos próximos dias 24 e 25 de Novembro
uma Conferência Nacional sob o lema "Outro Rumo. Nova Política ao serviço
do Povo e do País", que configura uma das mais importantes iniciativas de
reflexão e proposta sobre os problemas económicos e sociais de Portugal,
realizada nas últimas décadas.
A Conferência Nacional pretende realizar uma análise
global e integrada dos problemas económicos e sociais do país, a partir do
aprofundamento do conhecimento das suas estruturas sócio-económicas e das suas actuais
dinâmicas, bem como, os problemas do enquadramento internacional, com
particular atenção para o processo de integração comunitária e para as suas
consequências no país. Uma conferência que não deixará de reflectir e
considerar também os mais importantes problemas sociais, o papel do Estado e do
mercado na vida económica e social, seus estrangulamentos e potencialidades, e
debruçar-se sobre as teses protagonizadas pelo PS e PSD que conduziram o país
ao patamar mais baixo da União Europeia.
Uma grave situação -
estagnação económica e agravamento das injustiças
O país vive o mais prolongado período de
estagnação económica das últimas décadas, uma situação que combina um
período de recessão com outros de incipiente crescimento, com profundas
consequências na contínua destruição dos sectores produtivos nacionais,
enquanto se agrava e cresce o défice das contas externas e se mantém sem
solução um conjunto de significativos défices, como os agro-alimentares,
tecnológico e energético e que se traduzem não só em fortes bloqueios ao nosso
desenvolvimento, como condenam o país à dependência crónica
O desemprego atingiu em 2007 a mais alta taxa
dos últimos vinte anos dando origem a um novo surto de emigração e o trabalho
precário afecta um em cada quatro dos trabalhadores por conta de outrem.
Os salários além de baixos são cada vez mais
desvalorizados por uma deliberada política de contenção salarial na diminuição
dos salários reais que quer continuar a prender o país a um modelo de
desenvolvimento assente em baixas remunerações do trabalho e na fraca
incorporação científica e tecnológica no processo produtivo que fragiliza o
país e o torna cada vez mais dependente.
As condições de vida dos trabalhadores e da população
em geral degradam-se. Fortemente atingidos pelo aumento dos preços de
bens essenciais (como o pão) e pela subida dos juros, milhões de
portugueses são afectados por um contínuo processo de endividamento altamente
penalizador para quem vive do seu salário, reforma ou pensão.
Situação que se agudiza à medida que recrudesce a
ofensiva contra os serviços públicos na saúde, na escola pública e na
segurança social penalizando os portugueses com novos e mais pesados encargos,
ao mesmo tempo que se torna mais difícil o acesso a esses serviços com o seu
desmantelamento e encerramento.
A difícil situação económica e social do país é hoje indissociável do acelerado
processo de concentração e centralização de capitais nas mãos do grande
capital económico e financeiro e do seu domínio sobre a vida económica e social
do país.
Quanto maior é a crise, quanto maiores são as
dificuldades das famílias, dos trabalhadores, dos reformados e maiores são as
dificuldades que enfrentam a generalidade dos micro, pequenos empresários e
agricultores, mais engorda o grande capital económico e financeiro, alimentado
também pela via das privatizações, aquisições e fusões que são pretexto,
não só para a absorção de elevados volumes de fundos públicos e novos
despedimentos, mas para liquidar o papel do Estado nos sectores estratégicos da
economia e obter o domínio monopolista sobre o mercado com a consequente
imposição draconiana das condições e preços aos restantes sectores económicos
como vem acontecendo.
Os lucros dos grandes grupos económicos e
financeiros continuam a subir. A divulgação esta semana de um novo aumento dos
lucros dos principais grupos financeiros, desta vez de 13% relativamente aos
primeiros nove meses do ano, revela uma vez mais o escândalo de uma
concentração de riqueza que agrava as injustiças sociais e compromete o
desenvolvimento do país.
Esta evolução extremamente negativa da situação
económica e social portuguesa tem causas reais que não podem ser branqueadas e
dissimuladas. Esta evolução é consequência clara e inequívoca da conjugação das
políticas económicas, financeiras e sociais concretas. É, antes de mais, o
resultado das políticas orçamentais - como se demonstra pelo Orçamento de
Estado para 2008 aprovado ontem com os votos do PS na Assembleia da
República - submetidas ao fundamentalismo do Pacto de Estabilidade, com
gravosas consequências no investimento público e no crescimento económico, na
política salarial e nas políticas sociais.
Outro Rumo - Nova política ao
serviço do Povo e do País
O Texto-base para a Conferência Nacional que está a
ser discutido em todo o país, determina que as respostas à grave situação
económica e social não podem ser encontradas dando continuidade às políticas de
direita.
Com a Conferência Nacional sobre as Questões
Económicas e Sociais o PCP mostra e demonstra que o actual caminho que a
política de direita impõe não é único, que há alternativa e que há soluções
capazes de resolver os problemas nacionais e garantir o desenvolvimento
sustentado e equilibrado do país e melhores condições de vida aos portugueses.
Outro rumo que perspective uma efectiva mudança no
modelo de desenvolvimento do país que decididamente promova a valorização
do trabalho nacional, com uma efectiva redistribuição do Rendimento Nacional e
uma aposta decidida na educação, na qualificação profissional, no investimento
na I&D, no desenvolvimento cultural.
Outro rumo que dê resposta à
grande questão que se tornou num dos problemas centrais da sociedade
portuguesa: o crescimento económico, vigoroso e sustentado acima da
média europeia, potenciador de emprego e com uma dimensão espacial, social e
ambiental.
Outro rumo que defina os
grandes eixos de uma política orçamental e fiscal, que atenta ao equilíbrio
das contas públicas e ao desperdício dos fundos rompa com o espartilho do PEC
promova o investimento público, dinamize o investimento privado e desenvolva as
políticas sociais e os serviços públicos na saúde, ensino e segurança social.
Outro rumo que aponte soluções e orientações para a valorização
da produção e de defesa e modernização do aparelho produtivo nacional, o
combate aos défices externos e pelo aumento do investimento indutor da
produtividade.
Outro rumo que dê resposta aos crescentes
desequilíbrios no desenvolvimento que aponte as medidas de combate às
assimetrias regionais e assegure a efectiva descentralização e a
regionalização das políticas de desenvolvimento regional.
Outro rumo que perspective como uma questão
estratégica um papel mais activo do Estado na economia, nomeadamente nos
sectores estratégicos - banca, energia, transportes, entre outros - e que
intervém na resposta atempada aos problemas, que defina as orientações
estratégicas da economia e planifica o seu desenvolvimento.
Outro rumo, que perante a assinatura do acordo sobre
o chamado "Tratado Reformador", assume a defesa da soberania
nacional como questão central e estratégica para a defesa dos interesses
nacionais e para a construção de uma Europa de cooperação entre Estados
soberanos e iguais em direitos.
A situação exige políticas alternativas só possíveis
com a participação empenhada, a energia criadora e a luta dos trabalhadores,
dos agricultores, dos pescadores, dos pequenos empresários, dos quadros
técnicos e científicos, da juventude deste País, de todos os patriotas e
democratas preocupados com este estado de coisas.
Políticas alternativas que correspondam à exigência
de mudança que trouxe para as ruas de Lisboa mais de 200.000 trabalhadores no
passado dia 18 de Outubro e que têm, no próximo dia 30 de Novembro, na Greve
da Administração Pública mais uma importante demonstração da generalizada
rejeição que existe face a esta política.
Grande envolvimento do colectivo
Partidário e contacto com o país real
A Conferência Nacional do PCP contará com a presença
de mais de 1250 delegados, eleitos em mais de 450 assembleias plenárias,
num processo de grande envolvimento do conjunto de militantes e organizações do
PCP.
Com a presente iniciativa, decorre desde Março um
longo período de preparação que tem contado com um vasto programa de
reuniões, debates sectoriais e regionais de análise da realidade
sócio-económica do país, aprofundando o conjunto de reflexões e de propostas
que o PCP tem para o país. Da análise sobre a Península de Setúbal, passando
pela região demarcada do Douro, à envolvente económica e ambiental da Serra da
Estrela, mas também, relevantes questões económicas sectoriais como a situação
da Indústria, da Energia, da Agricultura, dos Transportes, e outras de âmbito
social, como a Pobreza, a realidade do mundo do trabalho e dos trabalhadores ou
a avaliação sobre os diferentes fluxos migratórios.
Assumindo, com a realização da Conferência Nacional
sobre Questões Económicas e Sociais, as suas responsabilidades perante o
país, o PCP dá expressão às expectativas, confiança e esperança que os
trabalhadores e o povo nele depositam. Partido insubstituível na luta de
resistência às políticas de direita e à ofensiva contra direitos e conquistas
alicerçadas com Abril, o PCP afirma-se como uma força de proposta e de
projecto, portador de uma política alternativa indispensável à construção de um
Portugal com futuro.
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