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Cumprimento o senhor Comissário Lamy por ter aceite este debate que
propusemos, embora lamente que os grupos PSE e PPE tenham recusado a
proposta, que fizemos, de uma resolução.
É conhecida a enorme
importância do sector têxtil e vestuário na União Europeia, com um
emprego directo de mais de dois milhões de pessoas, especialmente
concentrada em países do sul e regiões carenciadas, como na zona da
Covilhã e no vale do Ave, em Portugal, a que acrescem 600 mil empregos
nos países do alargamento, e centenas de milhares de outros,
designadamente em áreas industriais de maquinaria para o sector, como
na Alemanha e em Itália.
Ora, sabendo-se que a reestruturação
do sector já levou à deslocalização de muitas empresas para o leste da
Europa, países africanos e asiáticos, com agravamento do desemprego na
União Europeia, é indispensável uma avaliação completa dos impactos
sociais, económicos e territoriais, quer dos acordos bilaterais já
concretizados, quer de uma eventual maior liberalização, com o fim do
actual Acordo Têxtil e Vestuário para o final do próximo ano. É preciso
adoptar um plano de acção com medidas concretas que visem a manutenção
de uma fileira produtiva coesa e eficiente, reforçando também os apoios
às PME, à investigação e à formação profissional.
Impõe-se,
igualmente, que nas negociações em curso na OMC, no âmbito da Agenda de
Doha, se tenham em conta as especificidades do sector têxtil e
vestuário, designadamente garantindo a reciprocidade no sector em
futuros acordos e nas relações comerciais entre a União Europeia e
terceiros países. Os têxteis europeus não podem continuar a ser usados
como moeda de troca para outros negócios de sectores de serviços ou de
alta tecnologia. A manutenção do emprego e do desenvolvimento de vastas
zonas exige que se mantenham os actuais direitos aduaneiros na União
Europeia, que já são dos mais baixos do mundo, não aceitando novas
reduções e a eliminação de obstáculos não pautais, a não ser numa base
de reciprocidade no sector, partindo sempre da base real das tarifas
aplicadas e não das que foram notificadas à OMC.
Por último,
parece-me da maior importância a criação de algo semelhante a um "Grupo
de monitorização", com a participação dos parceiros sociais da
indústria e da Comissão Europeia, que acompanhe a evolução da situação
e possa funcionar como um sistema de alerta rápido perante problemas
que possam surgir, visando a sua resolução atempada.
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