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Comentários ao Congresso na imprensa afecta ao fascismo |
Sexta, 13 Abril 1973 |
Seis navalhas, dizia a «ÉPOCA» ( de 9.4.73)
"Em resumo, e acima das fantasias exultantes em que os papagaios da
propaganda marxista vão gritar agora : para os democratas, o congresso
foi uma desilusão; para os comunistas foi uma tentativa que resultou
contra os democratas, mas no resto se desfez em malogro; para o país
foi a prova do que eles são efectivamente; para os jornalistas, foi uma
lição dura e grosseira.
O verdadeiro símbolo do congresso, demagógico, violento e falhado está
nas seis navalhas abandonadas pelas manifestantes na precipitação da
fuga".
(...)
"Sabe-se que é hábito dos esquerdistas em todo o mundo colocarem
mulheres e crianças à testa das manifestações, no deliberado propósito
de fabricarem «mártires» ".
Estilo panfletário, quando não subversivo
- opinava o artigo de fundo do «Diário de Notícias» ( de 10.4.73)
"Tal como o tempo, a última semana política registou temperaturas acima
do normal. O Congresso de Aveiro, o contraponto dos atentados
dinamitistas do Porto, a agitação estudantil mormente nas capitais do
Norte e do Centro do país, trouxeram à amenidade do nosso clima
perturbações não desejadas.
(...)
" Que a «guerra colonial» e a «ausência das liberdades cívicas» tenham
sido invocadas, com frequência, não surpreende os observadores
familiarizados com este tipo de torneios políticos."
(...)
" As conclusões das teses, redigidas aliás, em estilo panfletário.
Quando não subversivo, espelharam a evidência de uma oposição de sinal
fortemente negativo."
(...)
"As girândolas finais do Congresso, pese a todos quantos nele
participaram com objectivos sérios, não conseguiram furtar-se, desta
vez ainda, e tão somente, à crítica facciosa e destrutiva".
Casa de má nota,
sentenciava o «Correio do Minho» (propriedade da ANP)
" Houve quem já chamasse ao Forum e ao Coliseu de Roma, casa de má
nota. Acerto ? Contumélia ? Há-de o dizer a história também sobre o
Teatro Aveirense - onde, a estas horas, decorre o 3º Congresso da
Oposição Democrática".
(...)
" E quer-nos parecer que o tal Congresso, desde as persianas e flores e
motivos de adorno, ou coisa quejanda, é mais oriundo de matriz
comunista de que democrática. Veja-se até o «simbolismo» que lhe
empresta o dr. Rui Luís Gomes. Houvera a mínima dúvida, e esta
diluir-se-ia com a facilidade de tinta de água que certos pintores usam
em aguarelas".
(...)
"Lemos algures que um dos aspectos novos deste Congresso está no
recrutamento da juventude estudantil e operária. Ora que novidade ! -
Foi para esses meios que os órgãos destiladores de venenos, fizeram
convergir os veios da droga moderna. A luta contra o poder constituído
e, de modo especial, contra a nossa defesa do Ultramar. E eis que,
neste reduto, o elixir ou panaceia volta a ser propagandeado, com
clamores de certos personagens - ora julgados elementos preponderantes
no ideário do Congresso a que nos vimos referindo".
O País precisa é de tranquilidade nas ruas e nos espíritos -
sentenciava Manuel José Homem de Mello
em editorial de «A Capital» (de 9.4.73)
(...)
" A pretexto de uma romagem ao cemitério local pretendeu-se transformar
o Congresso em manifestação de rua, com a consequente tentativa de
mobilização de massas, na sua grande maioria ignorantes da figura
daquele cuja memória se pretendia homenagear".
(...)
A serenidade que foi possível manter nas ruas perdeu-se, todavia, no
recinto em que decorreram as sessões, onde os agitadores lograram dar
livre corpo aos seus propósitos de irresponsável e insensata demagogia.
Acresce que a escolha, para presidente, de um individuo
internacionalmente conhecido pela sua constante solidariedade com os
inimigos do país, não poderá deixar de ser considerado como autêntico
desafio à compreensão e abertura manifestadas pelas autoridades.
(...)
"A «experiência» agora concluída saldou-se, assim, negativamente para
os opositores ao regime (...) porque não souberam manter a serenidade
própria a todo e qualquer responsável político (...), porque se
deixaram manobrar e dominar pelas correntes marxistas (...) e porque,
utilizando a fraseologia dos mais encarniçados inimigos do País,
ofenderam, com o maior despudor, os que, galharda e heroicamente, se
batem pela continuidade da presença lusíada em terras portuguesas de
África.
Não. O País, na fase peculiar que atravessa, dispensa bem
«experiências»deste género. O que o País deseja é progresso e
desenvolvimento. Trabalho e eficácia.
Para tanto carece de tranquilidade. Nas ruas e nos espíritos."
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