Partido Comunista Portugu�s
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Jerónimo de Sousa na Assembleia Regional do Alentejo
Domingo, 29 Outubro 2006
Foto: Jerónimo de SousaNa 3ª Assembleia Regional do Alentejo do PCP, Jerónimo de Sousa chamou a atenção dos membros do Governo e dos dirigentes do PS para a necessidade de meditarem acerca do sentido da sua governação e das efectivas razões que levam tantos milhares de portugueses ao protesto e lembrou que «em vez de invectivarem contra o PCP deveriam era reflectir nas razões para um tão amplo e vigoroso protesto que trouxe à rua milhares e milhares de homens, mulheres e jovens de todos os sectores e de todos os quadrantes políticos, incluindo muitos e muitos votantes e militantes socialistas». O Secretário-geral do PCP, depois de sublinhar a «contínua e preocupante evolução dos últimos anos no Alentejo com a acentuação das desigualdades sociais e regionais, com a agudização das assimetrias intra-regionais, a que se juntam inquietantes processos de desertificação humana, de abandono e declínio social, de estagnação e declínio das actividades económicas que, em anos sucessivos, governos e políticas de direita promoveram com as suas erradas opções», criticou a proposta de Orçamento de Estado, com  a banca e o grande capital económico e financeiro a ficarem, mais uma vez, desobrigados de qualquer medida de austeridade ficando os sacrifícios e as dificuldades para os trabalhadores, os reformados, os deficientes e os micro, pequenos e médios empresários.
Assembleia Regional do Alentejo
Intervenção de Jerónimo de Sousa, Secretário-geral do PCP


O acontecimento mais marcante destes últimos tempos na situação política nacional foi, sem dúvida, a grande manifestação do passado dia 12 de Outubro, uma das maiores manifestações que se realizaram nos últimos anos.
Manifestação que uniu num Protesto Geral mais de 100 000 pessoas nas ruas de Lisboa contra a ofensiva global do governo do PS de José Sócrates e do grande capital e pela exigência de uma mudança de política.
Protesto Geral que foi uma empolgante demonstração de descontentamento e de indignação face a um Governo e a uma política que definiu como únicos adversários os trabalhadores e os seus interesses, os reformados, os pequenos e médios empresários, as mais diversas camadas populares do nosso povo.

Grandioso dia de luta que deu ainda mais relevo às importantes acções de protesto e de luta que a classe operária, os trabalhadores e as populações que, em crescendo, têm vindo a desenvolver nos mais diversos sectores, atingidos por uma acção governativa socialmente cega e totalmente comprometida com os interesses do grande capital económico e financeiro.
Poderoso protesto que foi uma exemplar resposta às manobras de manipulação da opinião pública, nas quais se incluem muitas das sondagens que vêm sendo fabricadas para induzir um generalizado apoio ao governo do PS e à sua política.

Protesto que, decididamente deitando por terra esses cenários propositadamente construídos de um pais conformado, marca um ponto de viragem no ambiente político e é um sério abanão nas teses do conformismo e das inevitabilidades.
A lengalenga dos emissários do neoliberalismo e do grande capital que tudo justificam, desde que seja para os trabalhadores e povo pagarem, passaram a engolir em seco perante a força e a expressiva grandiosidade do protesto.

Agora, continuam a repetir até à exaustão, tal como o governo, que a luta nada mudará, mas todos os dias fazem apelos patéticos à contenção dos portugueses e dos membros do seu partido, na esperança de desarmar todo e qualquer protesto que sabem que pesa e pesa bem, não só para conter ou atenuar a brutal ofensiva que está em curso, mas para abrir caminho a uma política alternativa e a um Portugal com futuro.

Esta semana, membros do governo e dirigentes do PS em vez de meditarem acerca do sentido da sua governação e das efectivas razões que levam tantos milhares de portugueses ao protesto vem, ora com truculência acusar o PCP de “orquestrar” o protesto de rua contra José Sócrates e o seu governo, ora pondo-se no papel de incompreendidos.
São os mesmos que há uns tempos aplaudiam e incentivavam a luta contra a política dos governos do PSD/CDS-PP que, agora, nos vêm acusar, esquecendo-se que na realidade mudou o governo, mas não mudaram as políticas e as causas que levaram ao protesto.

Em vez de invectivarem contra o PCP deveriam era reflectir nas razões para um tão amplo e vigoroso protesto que trouxe à rua milhares e milhares de homens, mulheres e jovens de todos os sectores e de todos os quadrantes políticos, incluindo muitos e muitos votantes e militantes socialistas. Parar para reflectir, para avaliar as causas e efeitos de uma política económica desastrosa e de uma política social injusta.

Permitam-me que saúde todos os trabalhadores em luta, todos os participantes no grande protesto de 12 de Outubro.
Luta que necessariamente vai continuar a desenvolver-se e que contará com apoio activo do PCP, porque todos os dias os trabalhadores e as populações estão confrontados com novas medidas anti-sociais do governo do PS/Sócrates que amplificam a ofensiva global que está em curso contra os direitos sociais dos trabalhadores e do povo.
Luta que terá mais uma forte expressão nos dias 8 e 9 do próximo mês e assumirá dimensão nacional e geral na manifestação de 25 de Novembro, em vilas e cidades de todo o País.

De facto, não há dia que os portugueses não recebam a má notícia de uma medida que está em preparação por este governo do PS ou de uma decisão já tomada contra os trabalhadores e povo. O que todos os dias vemos, na realidade, é uma política de massacre dos mais fracos.

Ainda há dias, não fosse a onda de indignação e protesto que percorreu o país, o governo teria, como se preparava, avançado com o aumento da energia em 15,6% em 2007. O dobro do valor da inflação, ao qual se somará todos aumentos seguintes da mesma ordem de grandeza e que vão tornar insuportável a factura da luz dos portugueses. 
É inaceitável que mais uma vez sejam os consumidores, a população em geral, os micro, pequenos e médios empresários e particularmente o sector produtivo nacional a pagar a factura para encher os bolsos do grande capital económico, agravando também a competitividade da economia nacional e as condições de vida do povo.

Os grandes interesses do sector e os seus representantes vêm dizer, preocupados, que a não haver aumentos a liberalização pode estar em causa e, o próprio governo que a apoia, vem também mostrar a mesma preocupação. Mas o que perdem os portugueses com o fim da liberalização do mercado da energia? Nada. Absolutamente nada.

Uma política centrada na defesa dos interesses do povo e da economia nacional não pode abdicar, como o têm feito os governos do PS e do PSD, do comando público da política energética, neste sector essencial e estratégico, e de uma forte posição do Estado nas principais empresas energéticas.
Da nossa parte, continuaremos a batermo-nos pela concretização de uma política energética nacional ao serviço dos portugueses e da economia nacional, tal como continuaremos a exigir que os aumentos da electricidade para os consumidores domésticos não vão além dos valores da inflação.

Esta é mais uma luta que não pode deixar de ser travada, particularmente num momento em que os trabalhadores, os reformados e as outras camadas populares e suas famílias vêm os seus rendimentos cada vez mais sugados, seja pela diminuição dos salários reais e as reformas e pensões, seja pelos aumentos dos bens e serviços essenciais.

É cada vez mais notório que com o governo do PS de José Sócrates permanece essa inquietante tendência para assentar sobre os ombros das populações todo o peso de uma política que se revela desastrosa para o seu bem-estar e para o desenvolvimento do país.

Veja-se o escândalo das anunciadas medidas na Saúde. Medidas que, todas elas, vão ter um forte impacto no acesso das populações aos serviços de saúde.

A Resolução Política desta nossa 3ª Assembleia Regional do Alentejo dá uma particular atenção aos problemas da saúde e, nas suas propostas, à necessidade de melhorar os serviços de saúde nomeadamente na rede de cuidados de saúde primários, mas também o desenvolvimento da rede hospitalar, com a construção de um novo Hospital Regional e a ampliação de outros existentes.
Trata-se, na realidade, de um problema sério que tem que necessariamente uma particular atenção do nosso Partido. 

Na passada semana iniciámos uma campanha nacional em defesa do SNS, com o lema “A Saúde é um direito, não é um negócio!”, porque o Governo do PS está agudizar, com a sua política de desresponsabilização do Estado, a garantia do direito à saúde dos portugueses e todos os problemas na área da saúde.
Os últimos acontecimentos e o anúncio das novas medidas, nas quais se incluem também as propostas do Orçamento para 2007, evidenciam que estamos perante toda uma operação de paulatina preparação da privatização dos serviços de saúde em larga escala.
Falamos não apenas desta última medida que anuncia o encerramento, a partir do próximo ano, de várias urgências hospitalares. Medida que, a ser aprovada em definitivo, significaria uma alteração substancial na rede de urgências do sistema de saúde em Portugal, com a passagem de 176 urgências abertas 24 horas para apenas 83 e que deixaria cerca de um milhão de portugueses a mais de 45 minutos de uma urgência hospitalar qualificada.

Não é, por acaso, que se acumulam as medidas do Governo do PS que objectivamente vão criar cada vez mais dificuldade no acesso aos cuidados de saúde dos portugueses.
Medidas como as do encerramento dos SAP,s e CATUS, de urgências hospitalares, de maternidades, centros de saúde, do corte generalizado na comparticipação dos medicamentos e, agora, também a introdução a criação de novas taxas ditas moderadoras para cirurgias e para internamentos e o aumento das 370 já existentes.
Medidas para forçar o encaminhamento dos doentes para as clínicas privadas, tal como acontece quando, apesar dos pomposos programas anunciados, se mantém uma escandalosa lista de espera em cirurgia de 230 000 doentes.
Medidas que se apresentam ao mesmo tempo que demagogicamente se anunciam descidas no preço dos medicamentos, mas que efectivamente não compensam, nem de perto nem de longe, a proposta de descomparticipação nos medicamentos que o governo quer aprovar no Orçamento de Estado para o próximo ano.
O que esta política do governo do PS cada vez mais representa é uma inqualificável espoliação dos portugueses, particularmente dos que apenas vivem dos rendimentos do trabalho e que suportam com cada vez mais dificuldade o pesado fardo do custo de vida.
Parece que, pulverizando a responsabilidade desta política e destas medidas, há quem, já no seio do PS, aponte o dedo ao Ministro. Há algumas razões para isso!
Mas, mais que substituir o Ministro da Saúde, o Governo de Sócrates deve é substituir a política e revogar as medidas gravosas contra o direito à saúde dos portugueses.

Também no que se refere à contra-reforma da Segurança Social, o PS e o seu governo mantêm no essencial, com pequenas cedências, as suas propostas e anunciam o objectivo da sua rápida aprovação para entrar em vigor no início de 2007. Proposta que, como vimos, tem o consenso e o aplauso das grandes confederações patronais, já que foi concebida para ser concretizada exclusivamente à custa do sacrifício e dos direitos dos trabalhadores, isentando o capital e o patronato de qualquer contributo para melhorar e resolver os problemas da Segurança Social.
Propostas que, no imediato, levam a um violento ataque às reformas e às pensões, ao subsídio de desemprego e à generalidade das prestações sociais devidas aos portugueses, atrás de solenes declarações em defesa da Segurança Social pública.
Não há muito o governo do PS disse que não aumentaria a idade da reforma, mas agora vem impô-lo da forma mais retorcida e cínica, com a sua proposta de corte nas reformas com o objectivo de forçar ao prolongamento do tempo de trabalho após os 65 anos pela redução dos rendimentos.
No que diz respeito aos actuais reformados e pensionistas a proposta do governo é também um preocupante ataque às suas reformas e pensões com a alteração dos critérios de actualização das pensões em função da evolução do Produto Interno Bruto. 
Com tais critérios há reformados que verão sempre as suas reformas perder poder de compra até ao fim das suas vidas.
As propostas têm um único sentido, impor mais sacrifícios, sempre mais sacrifícios para quem trabalha e para os reformados. Nós afirmamos que há outras soluções. Há outras soluções para garantir de forma séria e responsável a sustentabilidade da Segurança Social e ao mesmo tempo os direitos de protecção social dos portugueses.
As actividades financeiras não podem continuar a estar excluídas das suas responsabilidades para com o financiamento da Segurança Social pública, tal como as empresas de grande valor acrescentado, grandes lucros e poucos trabalhadores, não podem continuar a arrecadar milhões e milhões de euros e a pagar cada vez menos para a Segurança Social.
Não é justo nem aceitável que seja apenas a esperança de vida e, por essa via, os trabalhadores e os reformados a suportar os custos da reforma da Segurança Social iludindo o facto real e indesmentível de não ter sido apenas a esperança de vida que se ampliou, mas também a riqueza e a produtividade que cresceram.  
O que o governo esconde, por clara opção de classe, é que as empresas que são hoje as principais fontes de riqueza e dos lucros gerados no país são as que pagam relativamente menos para a Segurança Social, como o provam vários estudos realizados em Portugal e as que têm maiores índices de produtividade.

O que é inaceitável da parte do governo do PS é a sua justificação para isentar o grande capital económico e financeiro de qualquer contributo para melhorar e garantir um adequado sistema de protecção social em Portugal.
Esta é a política da “esquerda moderna” que só vê privilégios em quem trabalha e que se substitui à direita na ofensiva contra as conquistas dos trabalhadores.
Este é o governo da “esquerda moderna” e de uma maioria que só têm coragem para atacar os trabalhadores e os seus direitos, mas que se encolhem quando se trata de enfrentar com coragem a chantagem do capital ou dos sectores conservadores.
Isso viu-se, mais uma vez, quando se tratou agora de pôr fim à criminalização das mulheres por interrupção voluntária da gravidez, declinando as suas responsabilidades enquanto legisladores na Assembleia da República.

É sabido que, desde sempre, o PCP foi favorável à aprovação de uma Lei de despenalização do aborto, sem recurso ao referendo. E, por isso, votámos contra a convocação de um referendo, defendo em alternativa a aprovação imediata de uma Lei na Assembleia da República.
Não o quis a maioria do PS, que está sempre a ser exercitada e lembrada na sua legitimidade, nem o BE que com a sua decisão dão mais uma oportunidade à direita para adiar uma solução para o grave problema do aborto clandestino em Portugal. Aguarda-se, agora, a decisão do Presidente da República a quem cabe convocar o referendo.
Desde sempre empenhados na luta contra a humilhação e a criminalização da mulher, o PCP anuncia, desde já, que participará no processo eleitoral do referendo, tudo fazendo para a vitória do Sim.
Esta vai ser mais uma batalha na qual os comunistas estarão na primeira linha de combate, na solução do grave problema de saúde pública que é o aborto clandestino, contra o preconceito e a hipocrisia que ofende a dignidade da mulher.
Esta é mais uma batalha para a qual nos temos que preparar.  

Está por fazer o balanço de todas as consequências decorrentes da proposta de Orçamento do Estado para 2007, mas o que já se apurou revela que estamos perante um Orçamento que vai continuar a travar a recuperação económica e o desenvolvimento do país e a aprofundar as injustiças sociais e regionais.
O ano de 2007 vai ser mais um ano no caminho da divergência  relativamente à média da União Europeia, mantendo o rumo que desde 2001 nos afasta cada vez mais da média de crescimento dos nossos parceiros da comunidade, como revelam, aliás, as próprias previsões do governo.

Ao contrário de outros, que estavam nas mesmas circunstâncias, apresentamo-nos como o único país da Zona Euro que continua a discutir a redução do défice das contas públicas como a prioridade das prioridades da política económica centrando as soluções essencialmente do lado da despesa.
Enquanto outros países reduzem o défice, graças ao esforço de recuperação económica, mesmo contra e apesar dos nefastos constrangimentos quer do Pacto de Estabilidade e Crescimento quer do travão do aumento dos juros que o Banco Central Europeu, em Portugal absolutiza-se o défice como prioridade da política económica e os resultados estão à vista: cada ano que passa um novo furo no cinto, cada vez mais apertado, dos trabalhadores e das camadas populares que são quem paga o grosso da factura desta errada política, juntamente com os pequenos e médios empresários.

É hoje cada vez mais evidente e a realidade recente de outros países confirma-o que a superação dos nossos problemas está, como temos defendido, não no corte cego das despesas das funções sociais e no ataque aos direitos e salários dos trabalhadores, mas na dinamização da recuperação económica e no crescimento e, com ele, a solução do saneamento das contas públicas pela via do crescimento da receita fiscal que esse crescimento induz. Solução que devia e podia ser potenciada libertando Portugal das amarras do Pacto de Estabilidade e Crescimento.

A nossa 3ª Assembleia dá conta, na sua Resolução Política, da contínua e preocupante evolução dos últimos anos no Alentejo com a acentuação das desigualdades sociais e regionais, com a agudização das assimetrias intra-regionais, a que se juntam inquietantes processos de desertificação humana, de abandono e declínio social, de estagnação e declínio das actividades económicas que, em anos sucessivos, governos e políticas de direita promoveram com as suas erradas opções.

Realidade para a qual concorreram um conjunto de factores, tais como a inexistência de uma estratégia de desenvolvimento regional virada para a promoção, modernização e desenvolvimento da base económica regional e a criação e qualificação do emprego, mas também uma gestão dos fundos comunitários que apenas têm reproduzido as desigualdades existentes e às quais se juntaram as políticas neoliberais de ataque aos serviços públicos e as políticas orçamentais restritivas, que se traduzem em baixos níveis de investimento público. 

Factores que, juntamente com o adiamento da implementação da Regionalização, tem inviabilizado também a elaboração e concretização de forma integrada e participada pelas populações de políticas concretas potenciadoras dos seus recursos, na base de Planos de Desenvolvimento Regional e de Ordenamento do Território ou de, como se defende na Resolução da nossa Assembleia, de um Plano Estratégico de Desenvolvimento Regional capaz de expressar o querer e o sentir das populações às quais se dirigem e, não apenas, a vontade do governo da ocasião e dos interesses dos grandes grupos económicos e da clientela política dos partidos do poder.

Esta situação exigiria, até por dever e obrigação constitucional de promoção da coesão de todo o território nacional, não apenas políticas regionais mas políticas nacionais de efectivo apoio ao desenvolvimento harmonioso de todo o território nacional. Políticas nacionais complementares que tenham em conta as especificidades do desenvolvimento do país interior e dos graves problemas de desenvolvimento que hoje enfrentam.
Políticas e medidas dirigidas à revitalização das suas economias debilitadas que só podem ser asseguradas com mais investimento público e comunitário dirigido à criação de infra-estruturas de desenvolvimento, à modernização e apoio dos seus sectores produtivos, à utilização racional dos seus recursos e no seu aproveitamento para o desenvolvimento de novos sectores de actividade.
Também nesta matéria, as políticas que têm vindo a ser postas em prática pelos sucessivos governos e agora pelo governo do PS de José Sócrates vêm ao arrepio de tais objectivos e necessidades. 

No Orçamento do Estado, depois dos brutais cortes no PIDDAC no presente ano, em média para os três distritos do Alentejo significou uma redução no investimento de cerca de 32% em relação a 2005, aí temos um novo corte no investimento público para a grande maioria dos concelhos alentejanos e que, no conjunto dos distritos, significará uma redução de cerca de 10% no investimento central.
Não é de admirar que os problemas se tenham agudizado. De facto, só Beja, entre 2002 e o que se prevê para 2007, significa um corte no investimento público de cerca de 57%, Évora quase 40% e Portalegre cerca de 35%. 

E, no que se refere à aplicação regional do novo Quadro financeiro comunitário para o período de 2007 a 2013, as notícias que nos chegam não são melhores, com a redução substancial também dos meios financeiros dos Programas Operacionais Regionais nomeadamente para o Alentejo. Cortes estimados para o conjunto do país em cerca de 25% a favor dos programas nacionais que o governo directamente e centralizadamente controla.
Prometeram o desenvolvimento do interior do país e o combate às assimetrias regionais e sociais, mas o que fica da sua acção e intervenção governativa são largos espaços dos territórios do interior do país cada vez mais isolados e mais pobres.
Territórios cada vez mais diminuídos nas suas capacidades para promoção do seu próprio desenvolvimento e com mais escassas oportunidades para assegurar uma vida digna às populações residentes.
Neste ano e meio de governo não se vislumbra qualquer iniciativa credível para inverter esta situação, antes pelo contrário, todas as medidas tomadas vão no sentido do aprofundamento das assimetrias regionais e a crescente litoralização do país.

Com o PRACE – o dito Programa de Reestruturação da Administração Central do Estado que o governo do PS agora anunciou, o que claramente se quer concretizar é um novo passo na concentração dos serviços públicos e ao mesmo tempo abrir espaço a novos processos privatizadores das funções sociais do Estado e o reforço do papel das CCDR’s, garantindo assim os instrumentos de comando das políticas regionais.
Não admira, pois, o que se está a passar também com a revisão da Lei das Finanças Locais. Esta é outra preocupante situação que vai ter consequências no desenvolvimento dos concelhos e freguesias e na satisfação das necessidades das populações.
O governo do PS, nesta matéria, não diz tudo e utiliza a mais descarada demagogia.
Ao contrário do que afirma o governo, a sua proposta de diminuição de receitas não atinge apenas alguns, poucos, municípios, mas sim, a sua larga maioria quando a Lei entrar em aplicação integral depois de 2009.
Mais de 200 municípios vão ver diminuídos os seus recursos e dezenas ficarão praticamente inviabilizados pelos brutais cortes nas transferências. 

Esta é mais uma proposta de um governo que está, cada vez mais, de costas voltadas para o país e para as populações que mais precisam.
Em muitos concelhos, como é sabido e aqui no Alentejo isso é uma evidência, são apenas as autarquias as únicas entidades públicas que asseguram o investimento.
Não é contra os municípios nem contra os eleitos que o Governo do PS age quando reduz receitas ou impede o acesso ao crédito do Poder Local. São as populações e as suas aspirações a uma vida melhor que ficam adiadas e mais comprometidas!

Ao reduzir as verbas para as autarquias o governo sabe que, com isso, está a diminuir os recursos públicos dirigidos à satisfação das necessidades locais da população, ao bom funcionamento dos serviços públicos, à promoção da educação, da cultural, do desporto.
Esta proposta do Governo do PS é mais um contributo para acentuar o fosso de uma crescente desigualdade na distribuição dos rendimentos e é mais uma proposta para acentuar o isolamento e o atraso do país interior.
Com os cortes no investimento público no Orçamento de Estado, nos Programas Operacionais Regionais e nas autarquias as consequências na vida das populações e no desenvolvimento das regiões terão necessariamente que se reflectir na escassez de equipamentos sociais e no atraso na concretização de infraestruturas de desenvolvimento e no lançamento de novas, mas também em mais dificuldades para no desenvolvimento das actividades produtivas regionais.

Com tais políticas o que vemos é o continuar a marcar passo nos grandes projectos estruturantes essenciais para o desenvolvimento do Alentejo, como o do desenvolvimento e total aproveitamento do Alqueva e de uma nova reforma agrária que garanta o cesso à terra dos trabalhadores e pequenos agricultores. Projectos como o do desenvolvimento do Complexo de Sines ou da utilização da BA 11 para fins civis ou os do apoio ao desenvolvimento de projectos de desenvolvimento agrícola e agro-industriais, entre outros.

Ainda no que diz respeito ao Orçamento o ano de 2007, não há propaganda governamental que possa iludir as nocivas consequências do Orçamento de Estado na vida dos portugueses.
Desde logo na vida dos trabalhadores e em especial dos trabalhadores da Administração Pública que, a manter-se a proposta do governo, vão ver pelo sétimo ano consecutivo o seu poder de compra reduzido, com a desvalorização dos seus salários.
Na Administração Pública o que está em curso pela acção do governo do PS é um ataque aos mais elementares direitos dos trabalhadores, às suas carreiras, aos salários e ao emprego.
Consequências perniciosas para os reformados e para as pessoas com deficiência, no acesso à saúde e ao ensino.

Em relação aos reformados vai agravar-se a carga fiscal e, agora, já não é apenas para os mais ricos como diziam o ano passado, são as reformas acima dos 500 euros que vão ser penalizadas.
Aumento da carga fiscal que agora estendem também aos cidadãos portadores de deficiência. 

Na educação, depois de tanto enlevo pela formação integral dos portugueses, o governo prepara-se para acabar com o programa de comparticipações nos investimentos para a construção da rede da educação pré-escolar e no ensino superior e, o que se desenha com os novos cortes no seu financiamento e os novos encargos impostos às universidades e aos politécnicos nomeadamente o pagamento de 7,5% à Caixa Geral de Aposentações, é a perspectiva de a meio do próximo ano a generalidade das instituições do ensino superior não terem dinheiro para pagar todos os salários.

Mas nem todos perdem com esta proposta de Orçamento do governo do PS. Mais uma vez a banca e o grande capital económico e financeiro “ganham em dois carrinhos”, ficam desobrigados de qualquer medida de austeridade e, antes pelo contrário, vão ser beneficiados com um apetecível novo pacote de privatizações da TAP, da ANA, da REN, da EDP, dando um novo golpe no património público e um novo rombo nas receitas fiscais. É sempre lucro limpinho, “sem osso”!
Sacrifícios, dificuldades, tirar direitos e rendimentos aos trabalhadores, aos reformados, aos deficientes, aos micro, pequenos e médios empresários é para agora, é para já! Para o grande capital económico e financeiro é sempre lá mais para a frente ou, como diz o nosso povo, “no dia de s. nunca à tarde”.
É hoje muito claro para um cada vez maior número de portugueses a duplicidade de critérios na exigência de sacrifícios deste governo do PS. :

É incontestável que, perante a ofensiva que está em curso pela mão do Governo do PS de José Sócrates, precisamos de um Partido com mais força e mais influência que dê resposta aos muitos dos problemas regionais e nacionais, conduza a luta em defesa dos interesses do nosso povo e afirme a luta por uma alternativa de esquerda e o nosso projecto alternativo.

As batalhas que temos pela frente, tal como muitos camaradas aqui o afirmaram e os documentos dão conta, exigem colocar como questão fundamental e prioritária a necessidade do reforço do nosso Partido, da sua acção, organização e intervenção.
Com a campanha de reforço do Partido que decidimos para o presente ano, novos e muito positivos avanços foram conseguidos no melhoramento do trabalho do Partido e das suas organizações. Mas também, como afirma o relatório de balanço de actividades da nossa Assembleia, permanecem muitas insuficiências. 

Importantes avanços como os realizados na campanha de contactos com os militantes do Partido, embora muito haja ainda neste âmbito a fazer; no importante recrutamento realizado neste período entre Assembleias, com vinda ao Partido de um milhar de novos camaradas, mas também todo o trabalho de realização de Assembleias de Organização.

A campanha de organização que decidimos está quase a terminar, mas nunca termina o trabalho de permanente reforço do Partido. Esse é um trabalho de todos os dias de fazer e refazer para tornar mais eficaz a nossa intervenção. Este é um trabalho que nunca está feito e por isso é muito justo que os camaradas tenham definidas novas linhas de trabalho e novos objectivos para a continuação do reforço do nosso Partido. 

Linhas de trabalho que passam por dar mais atenção à estruturação da organização partidária, visando o reforço do trabalho de direcção e a formação de colectivos partidários a todos os níveis, com uma mais elevada participação dos militantes na vida do partido e na intervenção na sociedade.  

A organização partidária é um instrumento fundamental para a acção, o que exige a ligação do reforço orgânico à iniciativa política e à acção de massas, associando a organização do partido à intervenção quotidiana e à luta de todos os dias. 

É, por isso, que é vital a ligação e discussão dos problemas das diversas camadas da população, dos trabalhadores, dos pequenos e médios empresários, dos agricultores, dos reformados, das mulheres, da juventude e dos deficientes com a promoção de iniciativas e acções do próprio Partido.

Em síntese, mais força e mais influência do nosso Partido significam mais capacidade de direcção, mais trabalho colectivo, mais organização, intervenção e enraizamento, mais camaradas com responsabilidades e tarefas regulares, mais estruturação, mais organismos, mais organização nas empresas e locais de trabalho, mais dinamismo e maior número de organizações de base, mais militância, mais difusão da imprensa partidária e mais meios financeiros, aspectos que são essenciais para que o Partido possa cumprir o seu papel.

O país e os portugueses não estão condenados a suportar o pesado fardo de uma política que, no essencial, aprofunda as políticas de direita de anteriores governos do PSD e do CDS e continua a condenar o país ao atraso e uma vida crescentemente asfixiante para os trabalhadores e para o povo.

É possível outro caminho, são possíveis outras soluções com uma nova política democrática e de esquerda que tenha por objectivo central a elevação da qualidade de vida dos portugueses e o desenvolvimento sustentado e equilibrado do país.

Novo caminho que tem que contar com o indispensável e insubstituível contributo do PCP, da sua política e posição de inquebrantável compromisso com o desenvolvimento do país e com os interesses dos trabalhadores e do povo. Povo que um dia será, ele próprio, a exigir esse contributo para uma política alternativa e parte integrante de uma alternativa política, dando-lhe mais força!