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O escândalo das imagens que mostram as torturas praticadas pelos soldados norte-americanos no Iraque está a tornar ainda mais claros os objectivos da Administração Bush e seus aliados europeus, na sua ofensiva exploradora e agressiva, de que a guerra e ocupação do Iraque é a mais grave expressão. Apesar do muito que já se escreveu sobre as fotografias chocantes dos casos de tortura, que a administração Bush há muito conhecia e que, segundo a Cruz Vermelha não são ocasionais, é importante sublinhar uma vez mais a falsidade das razões invocadas pelos Estados Unidos para justificar a dita guerra preventiva, a invasão e ocupação do Iraque: acabar com armas de destruição maciça, defender direitos humanos, restabelecer a democracia. Hoje está claro que, apesar do enorme poderio militar e da violência da repressão contra as forças da resistência e as populações, cresce a resistência armada e popular dos iraquianos e são infligidas pesadas baixas às forças de ocupação. Perante o atoleiro em que se meteram os EUA, ao mesmo tempo que desencadeiam terríveis acções de retaliação terrorista contra as populações civis, como em Falluja, e aumentam os efectivos militares e mercenários no terreno, manobram activamente para um simulacro de «transferência de poderes», que tenha o aval da ONU, facilite o envolvimento de novos países na guerra e dê cobertura à manutenção “sine die” das tropas norte-americanas e seus aliados. Ora, mais do que nunca, é inaceitável que a força da GNR permaneça no Iraque. Impõe-se o seu regresso o mais prontamente possível a Portugal, para que cesse de vez a vergonhosa política de submissão do Governo de Durão Barroso ao imperialismo norte-americano, que foi ao ponto de atacar publicamente o novo governo de Espanha por, em cumprimento de uma promessa eleitoral, retirar o contingente militar espanhol do teatro de operações. É urgente a retirada das forças invasoras e a devolução ao povo iraquiano do direito de decidir do seu próprio destino. Tal como se impõe que, a nível da ONU, e também da União Europeia e outras entidades internacionais, sejam adoptadas medidas enérgicas para deter a mão criminosa do governo de Ariel Sharon e da sua política de terrorismo de Estado, para desmantelar o muro do «apartheid», relançar o processo de paz visando implementar as resoluções da ONU relativas aos direitos nacionais do povo palestiniano e à edificação do seu próprio Estado independente e soberano em território da Palestina. Esta posição firme que assumimos desde o início, hoje é mais clara para muitos dos que eram influenciados pelos defensores da guerra e dos propalados objectivos de Bush e seus aliados. Recordo que as visitas e reuniões que fizemos contra a guerra, integrados numa delegação de deputados de esquerda do Parlamento Europeu, ao Iraque, à ONU e ao Congresso Americano, nas semanas que antecederam a guerra, foram severamente criticadas por alguns escribas portugueses que agora se calam perante estas atrocidades e não exigem o fim da ocupação do Iraque ou o cumprimento das resoluções da ONU na Palestina. O que torna claro o seu conceito de defesa dos direitos humanos e de democracia. |