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«Revolta da Marinha Grande 1934» - Intervenção de Dias Coelho, da Comissão Política do PCP
Sábado, 20 Janeiro 2007
Inaguração da exposição
Queremos em primeiro lugar agradecer a vossa presença neste acto comemorativo do 73ª aniversário da heróica jornada do 18 de Janeiro de 1934, promovido pelo PCP

Fazemo-lo de uma forma singela, , num tempo em que os poderes instituídos da grande burguesia, tudo fazem para limpar e deturpar a realidade histórica e esconder os seus  principais protagonistas, fazemo-lo com a consciência de quem procura sobretudo contribuir para que esta data, e este acto histórico nesta terra de operários e trabalhadores e neste país não seja esquecido.

Como diz a nossa exposição” passados 73 anos, a jornada heróica do proletariado vidreiro da Marinha Grande, permanece como um marco importante na abnegada e combativa luta dos trabalhadores portugueses pela liberdade, contra a exploração, por uma vida digna e com direitos”.

O 18 de Janeiro de 1934 teve lugar em condições muito específicas.

Havia poucos, mas violentos anos em que o fascismo havido triunfado.
O aparelho repressivo do Estado fascista ao serviço do patronato desenvolvia intensa actividade reprimindo, retirando direitos, prendendo, torturando, assassinando.

Lançaram o processo de  fascização dos sindicatos, as condições de vida dos trabalhadores e do povo agravavam-se dia a dia, a exploração intensificava-se,  o desemprego aumentava, a fome e a miséria proliferavam.

Mas os trabalhadores vidreiros, a sua organização sindical de classe – o sindicato dos trabalhadores vidreiros, - cuja unidade e formação foi erguida a pulso com um destacado papel do PCP-  desenvolviam intensas lutas por aumentos salariais, pela  redução do horário de trabalho para 8 horas.

É neste quadro que o 18 de Janeiro de 1934, germina

A forte cultura e concentração operária, a experiência de luta adquirida ao longo de anos, a compreensão do que o  fascismo representava, a existência de uma forte organização sindical, e de uma estrutura local do PCP coesa e profundamente ligada aos trabalhadores, determinaram em larga medida que os operários vidreiros e o povo da Marinha Grande ousassem tentar sob a direcção do Partido, tomar nas suas mãos a construção de um futuro de progresso e justiça social.

Coube à classe operária da Marinha Grande e em particular ao proletariado vidreiro, desempenhar o papel determinante nessa grande jornada contra o fascismo.

Tomaram os postos chaves, ocuparam a vila, tornaram-se ainda que só por algumas horas donos dos seus destinos.

Como disse o camarada José Gregório no seu relatório “imediatamente a seguir aos operários se apoderarem das armas e das munições da GNR tendo com elas formado novas brigadas para a defesa, a alegria foi indescritível “. “ Os vivas repetiam-se e os seus ecos atroavam como em dias de grande festa”. “ Deram-se vivas à classe operária, ao povo, à Marinha Grande, aos trabalhadores que por todo o País estavam lutando....”

Como se sublinha na exposição, “as deficiências, os erros e as ilusões verificadas na preparação e organização da Jornada do 18 de Janeiro não põem em causa, nem apagam o que ela representa como feito da classe operária portuguesa contra a opressão”, e pela  construção de um futuro melhor.

O sobressalto do 18 de Janeiro e outras jornadas de luta, mostraram quanto era ilusória e falsa a propaganda fascista de um Portugal pacificado e aderente ao  regime fascista que entretanto se consolidava.

É certo que os revolucionários do 18 de Janeiro foram derrotados numa luta, em que a desigualdade das forças era enorme, mas como muitas vezes aconteceu na história ( lembremo-nos  também da Comuna de Paris ) foi do amargo da derrota que o movimento operário revolucionário extraiu as lições para melhorar a sua organização e elevar a sua capacidade de luta.

Como é conhecido a resposta de Salazar não se fez esperar, criou o Campo de Concentração do Tarrafal com o objectivo de aterrorizar o povo português e poder assassinar, longe do país e das famílias, os presos considerados mais perigosos.

Quando o Campo da Morte Lenta foi inaugurado 57 dos 152 presos  deportados tinham participado na heróica jornada do 18 de Janeiro vários não regressaram tendo sido  lá assassinados pelo terror fascista.

Mas como lembra  um dos textos da exposição que agora inauguramos, “o fascismo enganou-se redondamente ao pensar que tinha esmagado aquilo a que chamava a hidra subversiva comunista”.

Tal como declarou então  a CIS, após os acontecimentos de 18 Janeiro que a classe operária portuguesa soubera extrair as devidas lições para o reforço da sua organização, também o PCP soube extrair os ensinamentos necessários para o reforço da sua organização, para o desenvolvimento da luta de massas e para o alargamento da sua influência.

Aperfeiçoando a sua organização clandestina, centrando o seu trabalho nas empresas, criando um aparelho de imprensa clandestina, elevando o seu trabalho político e ideológico, o PCP deu importantes passos para se tornar naquilo que veio a ser: a verdadeira força dirigente da classe operária portuguesa contra  o fascismo e contra a exploração, pela liberdade a democracia e o socialismo.

Como se afirma na Exposição, numa altura em que se assiste a toda uma política de branqueamento do fascismo e mesmo absolvição dos seus crimes, numa altura em que se reabilitam os principais responsáveis pelo regime fascista e se fala na criação de museus desse odioso regime que perpetuem a sua obra numa altura em que se assiste ao ressuscitar de práticas e manifestações fascistas, é preciso lembrar que o fascismo existiu  e que fica para a história do nosso país associado a  um enorme cortejo de crimes .

Mas  é também preciso lembrar a todos aqueles que evocando a memória distorcem a verdade histórica encobrindo que o PCP foi a força determinante e decisiva na resistência ao fascismo sendo o principal alvo da repressão bem evidente na elevadíssima % de comunistas entre os que passaram pelas cadeias do fascismo

È preciso lembrá-lo por respeito pela memória de todos aqueles, que com coragem e elevado espirito de sacrifício deram o melhor das suas vidas e alguns deles a própria vida para que Portugal pudesse ser livre, para que uma sociedade mais justa fosse possível..

Hoje num tempo em que de novo o poder económico domina o poder político,  em que se desenvolve um brutal ataque contra os trabalhadores, os  seus salários e pensões, os direitos sindicais e contratuais, o horário de trabalho tentando como acontece aqui na M. Grande  no sector da cristalaria aumentar de 36 para 39 horas, desenvolvendo-se também uma forte ofensiva contra  as populações, os serviços públicos e funções sociais do Estado, o Poder Local democrático e o sistema eleitoral entre outros pilares essenciais da democracia, empobrecendo-a e  afrontando a Constituição da República,  afina-se e refina-se o aparelho repressivo do Estado capitalista contra os trabalhadores e o povo, atentando-se contra o regime democrático saído da Revolução, é preciso alargar a consciência, a compreensão, a acção e a luta contra este estado de coisas, para que se possa continuar a dizer; Fascismo Nunca Mais, 25 de Abril Sempre!

È preciso lutar contra as deturpações da história da resistência antifascista e as actuais  perversões democráticas.

É preciso lutar contra as tentativas de subversão do regime democrático saído da revolução de Abril

É preciso continuar a luta por melhores condições de vida e de trabalho

È preciso continuar a reforçar o movimento sindical de classe

È preciso que o Partido Comunista Português se reforce

Viva o 18 Janeiro de 1934 e  os seus  heróicos combatentes

Viva a democracia e liberdade