Afirmamos e
demonstramos nas Teses que o capitalismo, apesar de ter sofrido
profundas mudanças, não modificou a sua essência exploradora e agressiva.
A regressão social em que a maioria da humanidade vive, é a
prova da incapacidade do capitalismo de dar resposta aos graves
problemas do Mundo. A sua natureza desumana constitui uma ameaça
à civilização e um obstáculo ao progresso e à justiça
social.
Também no nosso país se comprovam estas características do
sistema capitalista. A política do governo de direita do PSD e,
agora, do governo do PS, fiel às orientações neoliberais e
monetaristas da UE, é responsável pela destruição do nosso
aparelho produtivo, pela desregulamentação do mercado de
trabalho, pela desenfreada exploração dos trabalhadores e por maiores
injustiças e desigualdades sociais.
Hoje, como ontem, é indispensável a existência de um forte
movimento operário e sindical, ligado às massas, capaz de
organizar os trabalhadores para a luta em defesa dos direitos
sociais, por uma nova política, uma política de esquerda.
O movimento sindical português, a maior organização social
de massas, continua a ser uma força insubstituível na luta
contra a ofensiva patronal.
A sua acção concreta, a sua natureza de classe, de massas,
democrática e unitária, faz da CGTP-IN uma força social
influente e prestigiada, no seio dos trabalhadores e fundamental
para o nosso regime democrático.
Integram ainda o MSU, importantes e influentes organizações
sindicais como a dos Professores, dos Médicos, dos Magistrados,
entre outras, que têm sabido aliar as políticas sectoriais com
as reivindicações sócio-profissionais e a defesa dos direitos
mais gerais dos trabalhadores.
As características essenciais do MSU são inseparáveis da
influência e da acção coerente e corajosa dos comunistas ao
longo de décadas.
A alteração da correlação de forças a favor do patronato
e a duração e profundidade da ofensiva capitalista,
enfraqueceram o movimento sindical e aumentaram as dificuldades
da sua intervenção. É urgente prosseguir na busca, no estudo e
na aplicação de soluções políticas, orgânicas e de trabalho
que melhor respondam aos desafios que se colocam.
Intensifica-se, entretanto, uma ofensiva ideológica que, ao
defender a comunidade de interesses entre trabalhadores e
patrões e negar a luta de classes, pretende gerar nos
trabalhadores a resignação, levá-los a aceitar passivamente a
intensificação da sua própria exploração.
E vão mais longe ao defenderem que a natureza de classe do MS
é uma ideia ultrapassada, que o «sindicalismo de classe tem os
dias contados», que os sindicatos deveriam ser «organizações
de cidadãos» que se integrassem no sistema com «o grandioso»
objectivo de «civilizar» o capitalismo.
Por isso, os trabalhadores precisam desta CGTP, deste
movimento sindical. Mas também o movimento sindical e a CGTP,
só poderão enfrentar com êxito o actual momento e ter futuro,
defendendo a sua identidade e características próprias,
continuando a ligar-se cada vez mais aos trabalhadores nas
empresas e locais de trabalho.
A tentativa de institucionalizar a «concertação social», a
vários níveis e na empresa, visa corresponsabilizar o MS na
execução da política antilaboral de direita e, por este meio,
enfraquecer a organização e a capacidade reivindicativa dos
trabalhadores.
A proposta de Acordo de Concertação Estratégica, depois do
governo ter definido no OE as linhas mestras da sua política
macro-económica, submetida aos critérios de Maastricht, é bem
o exemplo de que o que se pretende é travar a luta dos
trabalhadores com promessas de longo prazo enquanto negam
respostas claras e concretas às reivindicações de carácter imediato
apresentadas pela CGTP-IN.
A participação da CGTP nos órgãos da concertação social
deve ser sempre encarada como mais uma frente de luta,
determinada pelos interesses de classe dos trabalhadores.
A sua intervenção na concertação social, apresentando as
suas próprias reivindicações e propostas, denunciando as
medidas, orientações e conluios contra os trabalhadores, deve
ser acompanhada por um constante esclarecimento, pela
intensificação da luta de massas por reivindicações concretas
e imediatas. Só assim se podem derrotar as pretensões do patronato,
do governo e da UGT de enfraquecer o MS como expressão dos interesses
colectivos dos trabalhadores e de minar confiança no MSU e na CGTP.
Há quem defenda que o MS deve criar estruturas e níveis de
«concertação social» e «negociação colectiva»
supranacionais ao nível da Europa. Enveredar por tal caminho,
seria pôr o movimento sindical a reboque da estratégia dos
grandes grupos monopolistas, distanciando-o dos problemas e
aspirações dos trabalhadores em cada país e da sua luta.
A resposta a estas pretensões tem sido dada pela
combatividade das lutas que se travam por toda a Europa, cujo
conteúdo é claramente de condenação das políticas
neoliberais e de crescente oposição à actual «construção
Europeia».
A solidariedade de classe, a cooperação e coordenação de
acções comuns, que há que intensificar, entre o movimento
sindical de diversos países, no respeito pela sua autonomia,
são fundamentais para fazer frente à ofensiva global do
capitalismo contra a classe operária e todos os trabalhadores.
A ligação aos trabalhadores, o reforço da organização e
da democracia sindical, uma intervenção que responda às
várias realidades, tendo sempre presente a diversidade de
interesses, de vínculos laborais e de reivindicações
específicas de diversas camadas sociais, nomeadamente intelectuais
e quadros técnicos, são orientações seguras para fortalecer o movimento
sindical e a CGTP.
Mas a defesa e o alargamento da unidade da classe operária e
dos trabalhadores é a questão estratégica da luta contra a
exploração capitalista. E é inseparável do combate ao
divisionismo e à UGT, e do desmascaramento do seu papel de
submissão ao patronato e ao governo PS (tal como com o governo
do PSD) na execução da política anti-social e antilaboral.
O reforço do Partido e a afirmação da sua natureza de
classe estão intimamente ligados ao desenvolvimento da
organização e da luta da classe operária e dos trabalhadores.
É, pois, necessário que as organizações do Partido dêem
mais atenção ao trabalho sindical, encontrem quadros para a
acção sindical nas empresas, insiram correctamente os
comunistas nas estruturas sindicais na actividade e na
orientação geral do Partido e melhorem o trabalho
político-sindical ao nível das células e dos sectores de
empresas.
Os comunistas devem ainda assumir como orientações e
propostas: o desenvolvimento da luta; o reforço da organização
sindical, particularmente nas empresas; o aumento da
sindicalização; a renovada atenção aos problemas específicos
dos jovens, mulheres e quadros técnicos; um maior empenhamento
na renovação, rejuvenescimento e reestruturação sindical; a
defesa do carácter unitário, da identidade e das características
de classe da CGTP e do movimento sindical, no reforço da sua
unidade, coesão e democracia interna e na divulgação e
valorização do seu projecto.
No início desta intervenção afirmámos que o capitalismo
não alterou a sua natureza exploradora. É perante essa
realidade que nós comunistas, com o nosso ideal, o nosso
projecto, não alteramos a nossa confiança no movimento
operário e sindical e na sua luta, que continuamos e continuaremos
a pugnar pelos interesses, aspirações e direitos dos trabalhadores
como uma grande causa social, uma grande causa da esquerda, uma
grande causa do PCP.