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Nota de Imprensa do Gabinete de Imprensa dos Deputados do PCP ao PE
A
Comissão de Agricultura e do Desenvolvimento Rural aprovou, esta
semana, o parecer da deputada do PCP no Parlamento Europeu, Ilda
Figueiredo, "sobre o impacto da política de coesão na integração de
comunidades e grupos vulneráveis".
É conhecido o problema do crescente abandono dos campos e da actividade
agrícola, provocado, em larga medida, pelas sucessivas reformas da PAC-
Política Agrícola Comum. Este fenómeno está a gerar o aumento do preço
dos produtos alimentares, desemprego, pobreza e exclusão social,
acentuando diferenças entre ricos e pobres e uma ainda mais injusta
distribuição da riqueza.
Paralelamente, tem-se assistido à chegada ao mundo rural de
trabalhadores imigrantes que não beneficiam, em muitos casos, nem de
contratos nem de condições de trabalho similares aos dos trabalhadores
aí residentes. O enfraquecimento da actividade agrícola e recentes
processos de reestruturação ou deslocalização de empresas têm levado à
redução da densidade demográfica, ao encerramento de serviços públicos
e de espaços de vida social, vulnerabilizando, ainda mais, este sector
da população já de si afectada pelas diferenças entre zonas rurais e
zonas urbanas.
Partindo desta realidade, o parecer da deputada do PCP reforça a
necessidade de se direccionar a política de coesão para um combate
efectivo ao abandono da actividade agrícola e das zonas rurais,
incluindo nas zonas de montanha e ultraperiféricas, nomeadamente,
através:
- da manutenção de uma actividade de produção agrícola, remunerada
de forma justa, o que exige que se preste uma especial atenção à
agricultura familiar e aos pequenos e médios agricultores,
designadamente na revisão da PAC, para a tornar mais justa;
- de um maior apoio aos jovens agricultores, a fim de combater o abandono progressivo das zonas rurais;
- da manutenção de serviços públicos de qualidade nas zonas rurais,
a fim de combater o isolamento e de garantir o acesso universal à
educação, à saúde, aos transportes e comunicações, à cultura e a uma
vida digna dos agricultores e das suas famílias, favorecendo um acesso
igual aos serviços públicos (correios, escolas, serviços de saúde,
transportes colectivos, etc.), a manutenção de serviços ao público,
estruturas de acolhimento para as crianças, as pessoas idosas,
alojamentos sociais e colectivos, etc. ou dos espaços de vida social
permitindo romper com o isolamento (pequeno comércio, cafés, centros
culturais, armazéns, etc.);
- da adopção de medidas transversais com o objectivo de permitir às
mulheres desempenhar um papel central na economia rural e nas
instâncias políticas e sociais, e de medidas específicas de apoio às
mulheres em meio rural para garantir direitos e combater a pobreza;
- da necessidade de reforçar o apoio às associações de
agricultores, cooperativas, às adegas cooperativas e a outras
instituições locais nas áreas do artesanato e de outras actividades
complementares da agricultura, de forma a facilitar o escoamento da
produção, a criação de mercados de proximidade e uma maior ligação ao
produtor/consumidor;
Lamentamos, no entanto, que não tenha sido aprovada a proposta onde
defendíamos que é fundamental assegurar a complementaridade de vários
fundos e programas comunitários nestas zonas rurais de forma a garantir
o seu desenvolvimento integrado, incluindo a multifuncionalidade da
agricultura, da floresta e do turismo dada a sua importância na fixação
das populações, designadamente dos jovens, na defesa do ambiente e da
biodiversidade, prevenindo fogos florestais e outras calamidades.
Agora, é necessário, designadamente, que, no quadro das propostas de
revisão após a avaliação do "estado de saúde" da PAC, se tomem as
medidas necessárias com vista a inverter a política de abandono
produtivo das sucessivas reformas da PAC, a apoiar os pequenos e médios
agricultores e a agricultura familiar como garantes de uma produção
sustentável e da sobrevivência do mundo rural.
Igualmente, deve aumentar-se o investimento público em serviços
públicos de qualidade, apoiar a fixação de diversas actividades
económicas, sociais e culturais nas zonas rurais para que a população
ali possa continuar e, assim, seja assegurado o desenvolvimento do
mundo rural.
Os deputados do PCP no Parlamento Europeu continuarão a lutar pela concretização destas propostas.
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