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O Parlamento Europeu adoptou uma resolução sobre uma "Estratégia
para as Regiões Ultraperiféricas: progressos alcançados e perspectivas
futuras". Independentemente de uma análise crítica ao conteúdo da resolução, os deputados do PCP no PE
apresentaram um conjunto coerente e diversificado de propostas em
defesa dos interesses destas regiões.
Nota do Gabinete de Imprensa dos Deputados do PCP ao PE
O
Parlamento Europeu (PE) adoptou uma resolução sobre uma "Estratégia
para as Regiões Ultraperiféricas: progressos alcançados e perspectivas
futuras", na sua sessão plenária que decorre esta semana.
O PE contribui, assim, para o debate público lançado pela Comissão
Europeia sobre o futuro das políticas comunitárias relativamente às
Regiões Ultraperiféricas (RUP).
Como é reconhecido - nomeadamente no n.º 2 do artigo 299.º do Tratado
CE e no estatuto das regiões ultraperiféricas -, as RUP, que integram
os Açores e Madeira, confrontam-se com constrangimentos ao
desenvolvimento no plano social e económico, devido ao afastamento, à
insularidade, à exiguidade dos mercados, à dispersão geográfica, à
pequena superfície que as caracterizam. Isto é, são regiões que são
caracterizadas por condicionalismos estruturais permanentes e pela
forte dependência dos transportes.
Independentemente de uma análise crítica ao conteúdo da resolução - que
integra aspectos positivos e negativos -, os deputados do PCP no PE
apresentaram um conjunto coerente e diversificado de propostas em
defesa dos interesses destas regiões, algumas das quais incluídas no
texto da resolução adoptada, como por exemplo:
- A defesa de que "as especificidades das RUP necessitam de uma
estratégia baseada em políticas e medidas que não estejam sujeitas a
critérios de transitoriedade nem a evoluções conjunturais de riqueza,
que estejam adaptadas às diferentes necessidades de cada uma destas
regiões e que contribuam para dar resposta aos constrangimentos
permanentes a que estas estão sujeitas";
- O sublinhar "a importância dos serviços públicos para a coesão
económica, social e territorial das RUP, entre os quais, nos domínios
dos transportes aéreos e marítimos, dos correios, da energia e das
comunicações", não esquecendo, "o acesso à Internet de banda larga";
- A urgente "aprovação de medidas que contribuam para combater o
carácter persistente do desemprego, da pobreza e das desigualdades na
distribuição do rendimento nas RUP, das mais elevadas na UE".
No entanto os deputados do PCP no PE consideram que poderiam e deveriam
ter sido clarificados e reforçados alguns aspectos, como por exemplo:
- Que as medidas comunitárias de apoio às RUP deverão ter um "carácter
permanente", dados os constrangimentos permanentes a que estas estão
sujeitas.
- Que, "para garantir uma melhor coerência e eficácia das medidas em
prol das RUP e da concretização do seu estatuto, é necessário não só
garantir o carácter especifico da ultraperifericidade de forma
transversal nas diferentes políticas comunitárias, como criar um
programa comunitário de apoio a estas regiões, com os adequados meios
financeiros e que integre todas as medidas existentes".
- Ou que, em coerência com o nº. 2 do artigo 299.º do Tratado CE, o
acesso aos Fundos Estruturais por parte das regiões ultraperiféricas,
não seja condicionado pelo seu PIB face à média comunitária e se
aumente as taxas de co-financiamento comunitário para as RUP.
Lamentavelmente, tais propostas, apresentadas pelos deputados do PCP, foram rejeitadas pela maioria do PE.
Os Açores, a Madeira e o sector estratégico das pescas
Os deputados do PCP no PE apresentaram igualmente um importante
conjunto de propostas em prol dos interesses, especificidades e
necessidades do sector das pescas nas RUP que - depois de apoiadas e
aprovadas pela Comissão das Pescas -, lamentavelmente, foram rejeitadas
pela maioria do PE, aliás, com o apoio dos votos da maioria dos
deputados do PS, PSD e CDS/PP. Propostas que defendiam, nomeadamente:
- Que a área correspondente às ZEE das RUP como "zona de acesso
exclusiva", a fim de garantir a sustentabilidade dos ecossistemas
marinhos, da actividade da pesca e das respectivas comunidades locais;
- A garantia do apoio comunitário à renovação e modernização das frotas
de pesca das RUP, em especial da frota artesanal, como condição
indispensável para melhorar as condições de conservação do pescado, de
trabalho e de segurança dos profissionais das pescas das RUP;
- A criação de um programa comunitário de apoio à pequena pesca
costeira e artesanal; a introdução de medidas socioeconómicas para
compensar os pescadores dos impactos de medidas de conservação dos
recursos haliêuticos; e o apoio ao desenvolvimento sustentável da
aquicultura;
- Ou a defesa do apoio à transformação, comercialização e promoção dos
produtos da pesca das RUP, o que exige a perenidade de um conjunto de
apoios comunitários, como é o caso do POSEI.
Trata-se de propostas que consideramos serem importantes para o apoio
ao desenvolvimento do sector das pescas das RUP, logo para a promoção
das condições socio-económicas das comunidades piscatórias destas
regiões.
Foram ainda rejeitadas outras propostas dos deputados do PCP no PE que defendiam:
- A necessidade de uma avaliação do impacto socioeconómico que um
aumento do esforço de pesca e a utilização de determinadas artes nas
ZEE adjacentes às RUP ocasionaria para a sustentabilidade das
respectivas comunidades locais;
- A exigência do reforço do apoio comunitário à investigação científica
pesqueira de modo a promover a protecção e a recuperação dos recursos
haliêuticos e a biodiversidade das regiões ultraperiféricas,
nomeadamente no 7.º PQ de I&D;
- A insistência da necessidade de reforçar o apoio à formação e
qualificação profissionais, à melhoria das condições de trabalho
(incluindo as condições de higiene, segurança e conforto) e à situação
económica dos pescadores, incentivando o rejuvenescimento do sector;
- A instalação e modernização de meios próprios de prevenção,
salvamento, vigilância, fiscalização e controlo, tendo em conta as suas
vastas ZEE, assim como o apoio à modernização e à criação de
infra-estruturas e equipamentos portuários de apoio à pesca.
Os deputados do PCP no PE consideram uma falácia o argumento utilizado
por alguns para rejeitar tais propostas, isto é, de que se trata de uma
resolução sobre a política regional e não sobre as pescas. Tal (falso)
argumento procura escamotear que a presente resolução é a contribuição
do PE para o debate sobre o futuro das políticas comunitárias para as
RUP, logo, é aqui que deverão estar explanadas as propostas aprovadas,
nomeadamente as adoptadas em Comissão das Pescas do PE - aliás, como
aconteceu relativamente à resolução do PE sobre a "política marítima".
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