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A condenação do atentado terrorista de Madrid não é susceptível de qualquer hesitação. Mas, exactamente por isso e em nome do futuro, requer-se serenidade e rigor. O terrorismo é, por definição, indiscriminado. A política que o combate, exactamente porque o combate, não pode sê-lo. Não é irrelevante a identidade dos responsáveis. Precipitações também não são irrelevantes. São indispensáveis passos que possibilitem capturas e julgamentos, mas há que tratar também da dimensão política e social que a questão assume desde já. Considerar que é igual que o atentado tenha sido cometido pela ETA ou pela Al-Quaeda não é sensato. É cair na própria armadilha do terrorismo, fazer que o terror e a indignação barrem caminho à razão eficaz e serena. Se a responsabilidade foi da ETA, é muito possível que a organização caminhe definitivamente para o seu fim, alienando o que lhe resta de apoio no País Basco. Mas, se não foi, qual será reacção à acusação lançada? Não se estarão exactamente a criar pretextos para novamente invocar a perseguição de Madrid à autonomia basca? É quando há chamas que mais necessários são cuidados com o que as pode alimentar. |