A integração
comunitária de Portugal tem servido de pretexto para o PSD e
para o PS, para justificar as políticas profundamente gravosas
para o tecido produtivo português, e hipotecar a Soberania
Nacional.
As linhas estratégicas e prática políticas, mais ou menos explicitas
dos partidos de direita, socialistas, social-democratas que
dominam o funcionamento dos órgãos comunitários são
evidentes:
Implementar a União Económica e Monetária (UEM), desenvolver
a lógica federal com novas amputações da Soberania e
Independência dos estados, fazer aceitar a construção de uma
«comunidade» comandada por um «núcleo duro» de países mais
poderosos. Na lógica federal igualmente se insere o projecto de aprofundamento
da Política Externa de Segurança Comum (PESC) e a chamada cooperação
no domínio da Justiça e Assuntos Internos/Schengen,
transformando a União Europeia num bloco político-militar e em «fortaleza»
inacessível a cidadãos de outros países.
Das consequências de tal política resulta objectivamente uma
crescente dependência externa, um distanciamento cada vez maior
dos países mais desenvolvidos, e, nas condições concretas da
integração na C.E., a redução progressiva da autonomia de
decisão de Portugal relativa ao seu próprio desenvolvimento.
A falência da actividade comunitária no domínio social conjugado
com as desigualdades de desenvolvimento entre regiões e países
conduz à omissão de protecção social, de segurança e
direitos sociais a que não ficam alheios fenómenos de racismo e
xenofobia.
Diferentes nos nomes, mas iguais nas questões essenciais, o PSD anteriormente,
e agora o PS ao definirem como prioridade a moeda única e a
passagem à terceira fase da UEM, estão claramente a penalizar Portugal. Liquidando importantes
sectores do aparelho produtivo nacional, aumentando o desemprego,
cortando despesas públicas em particular as sociais, impedindo crescimento
económico que o país precisa.
O CDS/PP por trás de um discurso populista de aparente oposição
ao tratado da União Europeia, sempre apoiou, as privatizações,
a liberalização económica e a política de desregulamentação
social.
Uma União Monetária, uma moeda única exige e implica que
não apenas as políticas monetária e cambial como as políticas
orçamentais e fiscais, as políticas de rendimentos e preços,
as políticas económicas sectoriais e os sistemas de segurança
social, sejam definidas e reguladas a nível supranacional,
eliminando progressiva mas rapidamente os poderes e Soberania
Nacional.
A verdade é que os Povos continuam a ser conduzidos para este
objectivo, sem que ele lhes seja pública e honestamente
colocado, sem que lhes sejam apresentadas todas as suas
consequências económicas, sociais e políticas.
Pelo contrário o que está em curso é uma monstruosa campanha
de propaganda paga por todos os contribuintes europeus (incluindo
nós), para nos convencer de que todas as benesses vão chover
sobre nós com a vinda da moeda única.
Em Portugal, o PCP foi a única grande força política que alertou
para as consequências e perigos da integração europeia. O
PCP não se deixou seduzir por modas nem se submeteu aos
interesses dominantes e assumiu com coerência a defesa da
independência nacional e soberania como valor fundamental da
Nação Portuguesa.
Esta postura política não pressupõe qualquer concepção de isolacionismo, ou
autárcica. Mas significa, no contexto da tendência objectiva da internacionalização dos
processos produtivos, contrariar, limitar, impedir que os
avanços dos sistemas de integração económica e da divisão internacional
do trabalho sejam condicionados segundo os interesses e as estratégias
do grande capital multinacional e das grandes potências imperialistas.
Significa que se tenha como ponto de partida absolutamente condicionante na
avaliação e participação nesses processos, a independência e
a soberania nacionais de cada país. Os direitos de cada povo e
de todos os povos à paz, ao progresso, à liberdade. O soberano,
democrático e inalienável direito a dispor e a dirigir os seus
destinos.
Integração Europeia, não pode também significar perder o direito
de analisar criticamente os caminhos dessa integração e
enveredar por outros caminhos assentes na identidade de cada povo
e na cooperação entre nações livres e iguais.
O futuro de Portugal como nação defende-se e preserva-se actuando
nas instâncias da Comunidade Europeia com plenitude de direitos
que lhe dá a qualidade de Estado membro, lutando e defendendo um projecto
nacional de desenvolvimento.
O Projecto de Resolução Política expressa um conjunto de princípios defendidos
pelo PCP no âmbito da integração europeia e que visam, fundamentalmente,
a ruptura com as orientações monetaristas, neoliberais e federalistas,
a recusa de uma Europa assente num directório de grandes potências,
a defesa dos princípios de igualdade de direitos dos Estados e da
coesão económica e social e a garantia da independência e soberania nacionais.
Um povo assegura a sua independência e soberania através da
sua própria afirmação, da sua própria política, da sua própria
luta. É nesta perspectiva que vamos intervir na Assembleia da
República, no Parlamento Europeu, junto dos trabalhadores e
sectores afectados pelas políticas comunitárias e dinamizar o movimento
de opinião e popular em torno do referendo nacional sobre a
revisão do tratado, abrangendo igualmente objectivos que constam
do tratado da União Europeia, como a passagem à terceira fase
da União Económica e Monetária.
Defender a independência e a Soberania Nacional, é defender
os interesses do Povo, é defender os interesses do nosso País, é
defender Portugal.