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Intervenção de Jerónimo de Sousa, Secretário-geral do PCP
Comício em Lourosa
Sábado, 14 Fevereiro 2009
20090214.jpgJerónimo de Sousa, num Comício em Lourosa no âmbito da Campanha Nacional do PCP “Sim é possível uma vida melhor!”, reafirmou que os portugueses e o país não estão condenados à regressão, ao declínio e ao atraso e que com a ruptura com a política de direita, com a luta dos trabalhadores e do povo e com o reforço do PCP é possível conquistar uma vida melhor

Intervenção de Jerónimo de Sousa,
Comício em Lourosa
14.02.2009

Amigos e camarada:

As notícias que todos os dias nos chegam contrariam todas as perspectivas que o governo do PS vai projectando sobre a evolução da situação do país.
Dizem que o seu plano anti-crise está em marcha e segue em bom ritmo, mas na verdade é que o país está numa regressão acentuada e a vida está cada vez mais difícil para a generalidade dos portugueses, particularmente para os trabalhadores, os reformados, os agricultores e pescadores e para os micro e pequenos empresários e a crise atinge níveis cada vez mais preocupantes, empurrando para o desemprego milhares de pessoas.


Ontem o INE apresentou a estimativa das contas nacionais do último trimestre de 2008 e para o total do ano e os resultados divulgados ultrapassam em muito as piores previsões oficiais. O produto cai mais do dobro do esperado e a recessão tem uma dimensão inquietante e profunda. 


O cenário macroeconómico que o governo aprovou há oito dias no seu Orçamento de Estado suplementar para 2009 está já posto em causa e esta realidade vem confirmar as nossas repetidas preocupações em relação quer à insuficiência e ineficácia das medidas do governo para combater a crise.
Guiamo-nos pelas estrelas. Orçamento por palpites.
O mês de Janeiro e estes primeiros dias de Fevereiro revelam que a crise continua a aprofundar-se com o encerramento de centenas de empresas por todo o país, paragens na produção, avanço galopante do desemprego, salários em atraso, agravamento da precariedade e redução de salários, numa dimensão que não se explica apenas pela crise internacional, mas também por uma política nacional que há muito tinha conduzido o país ao atraso e à crise.


A evolução das contas nacionais que não reflecte ainda a gravidade da evolução deste princípio do ano mostra o nosso país como um dos mais penalizados pela actual crise com um crescimento nulo em todo o ano de 2008, depois de anos de mirrado crescimento económico.  
É preciso muito rapidamente por um travão a esta tendência avassaladora de destruição de empresas e de emprego com a dupla crise que enfrentamos.
É preciso rapidamente retomar o caminho da recuperação económica e da criação de emprego com outras políticas, outras soluções e outras medidas.
Há quem queira convencer os portugueses que não há outra saída senão aceitar conformados a perspectiva de uma vida em permanente degradação e em retrocesso e que não há alternativa que não seja o de insistir na mesma desastrosa política de direita que o governo do PS/Sócrates prossegue e que já provou que não ser capaz de resolver os problemas do país.
O PCP considera que há soluções para os problemas que estamos a enfrentar e que é possível outro rumo para o país. 
Estamos aqui para reafirmar que os portugueses e o país não estão condenados à regressão, ao declínio e ao atraso, que com a ruptura com a política de direita, com a luta dos trabalhadores e do nosso povo e com o reforço do PCP, é, de facto, possível conquistar uma vida melhor.

A realidade do país, os crescentes dramas vividos por milhares trabalhadores e suas famílias, aqui também no distrito de Aveiro, com a angústia do desemprego e dos salários em atraso, revelam bem o fracasso das políticas de direita, do fundamentalismo neoliberal dominante e do seu programa político ao serviço do grande capital que no essencial este governo do PS assumiu no fundamental e concretizou.

Fracasso que o governo do PS tentou iludir com a sua propaganda mistificadora da realidade do país. 
Enquanto a crise avançava e adiavam as medidas necessárias para o seu combate, andavam a anunciar com uma prosápia desmedida a sua versão do país de sucesso e resistente à crise, apostados que estavam em esconder a verdadeira situação do país e os reais resultados de quatro anos da sua governação.
Hoje perante a indisfarçável dimensão da crise e porque as eleições estão à porta, põem-se em bicos de pés, a demarcarem-se das políticas que sempre defenderam e com uma prosápia extraordinária a assumirem-se em exclusivo como os protagonistas do combate à crise e a empurram para crise de capitalismo internacional a explicação de todos os graves problemas que o país enfrenta.


Fazem-no como se antes desta crise o país vivesse no melhor dos mundos e o desemprego, a precariedade, a injustiça na distribuição do rendimento nacional, a pobreza, as gritantes desigualdades e a exclusão social fossem realidades deste último ano em Portugal.
Depois de anos a subestimar e negligenciar o papel do investimento público na dinamização do crescimento económico e do emprego, nestes últimos dias, temos visto José Sócrates em nome do seu governo a apresentar-se como o campeão dos campeões na defesa do investimento público.

Diz até, utilizando a mesma expressão dos que o criticavam pela sua apatia, que não podemos esperar sentados à espera que a crise passe e que é preciso mais investimento.
Nós também achamos que é preciso mais investimento. Andamos a dizer isso desde o início deste seu governo que acordou para este problema muito tarde e sem uma palavra auto-crítica.
Mas o que é que fez o governo senão esperar sentado quase um ano, desde que a crise despoletou com a bolha do imobiliário dos Estados Unidos e enquanto assistia à degradação da situação economia e social do país?

O que é que o governo fez senão esperar sentado na esperança que a sua propaganda do país no “bom caminho” resolvesse os problemas que o governo tardou e tarda a enfrentar?

Durante quatro anos do governo do PS fez recuar o investimento público cerca de 15% em termos nominais, porque o governo andou a combater o défice, estrangulando a economia e agora temos uma crise ampliada.

Mas não basta anunciar mais investimento. É preciso tomar medidas concretas e bem dirigidas. E isso não se resolve apenas com grandes obras públicas que não tem reflexos no imediato.
Para impulsionar o investimento público como elemento estruturante no combate à recessão económica é necessário o reforço dos meios financeiros das autarquias para um rápido investimento público com reflexos no curto-prazo nos planos do emprego.
A efectiva dinamização do investimento público da administração central dirigida ao estímulo da economia local e dos sectores económicos a ele ligados e o reforço, o desbloqueamento imediato ou antecipação de verbas comunitárias destinadas ao apoio aos sectores produtivos nacionais.


É isso que no governo tarda em fazer. Como podia tomar outras medidas e outras a iniciativa e não toma em relação à defesa dos sectores produtivos neste quadro de crise.
Medidas como aquelas que temos apresentado para ajuda imediata às micro, pequenas e médias empresas e para salvaguardar o aparelho produtivo nacional, nomeadamente o congelamento ou redução dos preços na energia, nas telecomunicações e nas portagens por forma apoiar os factores competitivos do tecido produtivo nacional.
A adopção de uma orientação de negociação de acordos para pagamento das dívidas ao fisco e à segurança social que garantam a sua viabilidade das empresas e a manutenção dos seus postos de trabalho ou ainda a eliminação do Pagamento Especial por Conta para as pequenas empresas.


Não se diga que se está a fazer tudo o que é possível para atenuar os efeitos da crise e defender os sectores produtivos nacionais. Não está. Como não se está a fazer tudo para resolver o sufoco e o estrangulamento da economia pela via da restrição e do custo do crédito, combatendo o oportunismo da banca.
Também nesta matéria é preciso uma resposta que vá ao encontro das reais necessidades da economia nacional.
É preciso disponibilizar mais meios financeiros, mas é preciso também uma intervenção do Estado por via da Caixa Geral de Depósitos para a rápida concessão de crédito e seguros de crédito às micro, pequenas e médias empresas, bem como o accionamento de medidas junto do sector financeiro com vista à fixação administrativa dos limites máximos das margens (spread), das comissões, das taxas de juro, e das condições de acesso ao crédito por parte das empresas e particulares.
Camaradas:
José Sócrates, antecipando um pouco o Carnaval, acaba de vestir o fato de “Robin dos Bosques”. Diz que vai tirar aos ricos para dar à “classe média”. José Sócrates ainda não reparou que não cabe dentro do fato.

Com eleições à vista decidiu recauchutar à pressa sua política fiscal para dar ares esquerda. É pena que só se tenha lembrado agora das “classes médias”, já que dos mais pobres nunca se lembrou.

Andou durante estes anos do seu governo a aumentar os impostos aos reformados, o IVA que penalizou os artigos de consumo popular, fez uma reforma da segurança social que isentou os grandes interesses e as grandes empresas de qualquer contributo e pediu tudo aos trabalhadores, que penalizou a administração pública como nenhum outro governo, e agora no final do mandato vem anunciar que se o PS for governo no mandato que aí vem, vai fazer justiça fiscal com a decisiva e nuclear proposta de limitar as deduções fiscais aos mais ricos.

É o mesmo José Sócrates e o mesmo governo do PS que no Orçamento do presente ano de 2009 votou contra todas as propostas do PCP de tributação das grandes fortunas e as propostas sobre deduções fiscais progressivas nas despesas de saúde, nos passes sociais e nas rendas de habitação que iriam favorecer as camadas de menores rendimentos.

Há por aí muito estrondo com tal medida, anunciada lá para o ano que vem mas é mais que certo que é mais um tiro de pólvora seca contra as grandes fortunas!

Vamos ver se o crescimento do défice que agora deixou de ser o grande troféu deste governo com o Orçamento Suplementar a colocá-lo perto dos 4%, se não se vai dar o dito por não dito, como aconteceu no presente mandato e pelo contrário não vamos ter novos dos impostos e uma nova ofensiva contra os serviços públicos, como os da saúde com o recorrente pretexto da consolidação das contas públicas. 

É mais que certo que, a manterem-se os mesmos protagonistas e as mesmas políticas que a seguir aos sacrifícios impostos em nome da crise, regresse novamente o ciclo dos sacrifícios em nome do défice dando mais um duro golpe nas condições de vida dos sacrificados de sempre.

Camaradas:

O governo diz também que está a tomar medidas e a intervir para impedir os despedimentos abusivos individuais e colectivos. 
Mas a verdade é que desemprego está sempre a crescer e cada dia que passa a assumir novos contornos de gravidade, com a crise a justificar uma inaceitável número de despedimentos colectivos ilegais da parte de empresas que receberam apoios do Estado com o compromisso de manter e criar emprego.
Por outro lado vemos despedimentos intoleráveis e paralisações de produção de empresas que têm como único objectivo de manter o mesmo nível de lucros, transferindo todo o fardo da crise para as costas dos trabalhadores e há aquelas que pensam que chegou a hora de levantar a tenda, com o pretexto da crise e depois de terem arrecadado milhões dos cofres públicos. Vemos isso neste distrito em várias empresas.
Despedimentos em empresas pertencentes, nomeadamente a grandes grupos económicos e com condições financeiras para assegurar a redução temporária da procura, mas que no seu atroz egoísmo descartam todo e qualquer compromisso em nome dos seus lucros.

É assim na corticeira Amorim que despede apesar dos grandes lucros, na Ecco que prepara mais duzentos despedimentos. São os problemas na Renault Cacia e são os problemas em dezenas de empresas que neste mês de Janeiro estão a empurrar os trabalhadores para o desemprego e para o Lay off.
Assistimos a um inqualificável aproveitamento da crise, nomeadamente pelas grandes empresas e grandes económicos e multinacionais e em muitas empresas passou a jogar-se com a ameaça do desemprego para que os trabalhadores aceitem pagar a factura da crise.

A pressão para reduzir direitos em nome da manutenção do emprego está aí já a tentar fazer caminho e nalguns sítio a concretizar-se e os perigos de com a crise de assistirmos a uma nova e mais ampla ofensiva para nivelar por baixo as condições de trabalho e as remunerações dos trabalhadores são efectiva reais.

Mas o governo em vez de agir, insiste na sua política de perda de direitos dos trabalhadores e na degradação das relações laborais com o Código de Trabalho, alimentando os encerramentos fraudulentos, as falsas situações de dificuldade, as paragens indiscriminadas de produção e as tentativas de implantação do banco de horas.

As alterações do governo do PS ao Código de Trabalho são neste quadro de crise uma ameaça permanente contra os trabalhadores. A revogação dos aspectos negativos do Código do Trabalho e a defesa do trabalho com direitos é uma batalha que é preciso continuar a travar e nós PCP continuamos também a travar. 

Sem nos substituirmos à necessária luta dos trabalhadores, queremos daqui anunciar que a nossa iniciativa de promover a solicitação sucessiva da inconstitucionalidade do diploma de alteração ao Código de Trabalho vai concretizar-se com a subscrição de deputados de outros partidos que aceitaram dar a sua assinatura para concretizar essa iniciativa. 

É preciso travar os abusos, tal como é preciso responder com novas medidas e medidas mais eficazes à manutenção e defesa dos postos de trabalho. 

O governo está cada vez mais  a assobiar para o lado em relação ao que é preciso fazer em relação a estas empresas e muito activo a destruir, por sua iniciativa, postos de trabalho na administração pública.
Já lá vão nestes anos do seu governo cerca de 50 000 e apesar da crise e da grave situação que o país enfrenta em termos de emprego, acaba de anunciar a intenção de eliminar mais 56 000 nos próximos dois anos, a começar desde já.
Entretanto continua sem dar resposta ao grave problema da inaplicabilidade do subsídio de desemprego a mais de 50% dos que estão nessa situação e que são empurrados para a degradante situação da dependência da caridade e da esmola.

O PS rejeitou há dias um projecto do PCP de alteração das regras do subsídio de desemprego e agora anda por aí a apresentar um novo programa para o emprego, a mostrar preocupação com os desempregados.

O mesmo programa que apresentou há dois meses e com medidas velhas que pouco provaram também no passado e com outros governos.

Um programa mais a pensar nas eleições que aí vêm e na tentativa vã de fazer esquecer que o seu governo foi e é o campeão do desemprego em Portugal do que na realidade por termo à angustia de quem é atirado para o desemprego.

É a fuga para a frente de quem chega ao fim do seu mandato sem cumprir nenhuma das suas promessas e sem atingir nenhum dos grandes objectivos proclamados.

É a tentativa de fazer esquecer as promessas não cumpridas de criação de crescimento económico e desenvolvimento, de mais emprego, de melhoria de condições de vida, incluindo a prometida reforma mínima de 300 euros para todos os reformados.

Mas não é só o desemprego é também a injusta distribuição do rendimento nacional que se agravou nestes últimos quatro de governo do PS, em resultado de uma política de rendimentos e preços que penalizou severamente os rendimentos do trabalho e que perante a perspectiva do agravamento da crise se perspectiva acentuar com a pressão para a redução dos salários com a desculpa da defesa do emprego e com os apelos à contenção e ao congelamento dos salários que regressa em força. 
Os apelos ao congelamento e à moderação nunca faltam quando se trata de salários, mas são sempre esquecidos quando se trata de congelar preços, a começar pelo próprio governo que em tempo de crise e de dificuldades aumenta as taxas moderadoras dos serviços de saúde.
É bom que se diga que o aumento desemprego e a diminuição do valor real dos salários não são apenas um problema de justiça social e a negação de um direito constitucional, são também o caminho certo para acentuar e prolongar a recessão económica e a crise.

Mas injustiça revela-se igualmente em relação aos reformados e ao valor das reformas. Este governo do PS que enche a boca com medidas e muitas intenções de combate à pobreza nos idosos foi o mesmo governo que nos últimos anos menos valorizou as reformas mais baixas.

Anos marcados pelo brutal ataque ao direito à reforma dos portugueses. Vêm-se agora com mais nitidez as consequências da sua “reforma” da Segurança Social que está a penalizar duramente os trabalhadores na sua passagem à reforma e os já reformados, tanto do sector privado como do sector público.

Daqui para a frente cada ano que passa vai ser preciso trabalhar mais tempo para ter direito a uma reforma sem penalizações. Quem se reformar este ano vai já ter que trabalhar mais dois a quatro meses se não quiser ver diminuído o valor da sua pensão.

Esta é uma realidade em permanente agravamento com a introdução do factor de sustentabilidade que força os trabalhadores a trabalhar para além dos 65 anos para garantir a reforma a que hoje deveriam ter direito.

Tudo feito em nome da sustentabilidade financeira e da importância e necessidade de reforçar os saldos positivos da segurança social, mas que o PS põe em causa com a sua política de desastre social.  Ainda ontem o PS recusou uma proposta do PCP.

É perante uma realidade económica e social em permanente degradação e a ineficácia dos planos anti-crise que os portugueses não vêm e não se sentem na resolução dos seus problemas que o nosso Partido tem avançado com um conjunto de medidas de urgência para dar resposta também aos graves problemas sociais dos trabalhadores e dos reformados, dos desempregados, nomeadamente:
O aumento dos salários, incluindo o aumento intercalar do salário mínimo nacional, e das pensões (designadamente revogando o factor de sustentabilidade) para combater as muitas dificuldades com que milhares de trabalhadores e reformados estão confrontados, contribuir para o aumento do consumo, para o alargamento do mercado interno que tanto precisamos para dinamizar as micro, pequenas e médias empresas.
O reforço imediato das prestações sociais do Estado, em particular, aos trabalhadores atingidos pelo desemprego alargando os critérios da atribuição do subsídio e aumentando o tempo de duração do mesmo.
A fiscalização rigorosa do recurso ao lay-off, combatendo abusos do patronato, violações dos direitos dos trabalhadores e a redução dos salários.
Tal como a revogação das leis laborais da administração pública, a urgente implementação de um plano nacional de combate à precariedade e a interrupção do processo de descapitalização da segurança social.
Camaradas:
O governo pode continuar a tentar esconder-se atrás da crise internacional que é real e que afecta de facto o nosso país. Mas a crise internacional não pode iludir a nossa própria crise interna, nem os problemas do país que se arrastam há anos.

Não foi a crise internacional que empurrou o país para o descalabro em que entrou a dívida pública e dívida externa do país que aumentou mais de 30% desde 2004 e que faz de Portugal um dos países mais endividados do mundo.
Foi a continuação das mesmas políticas de direita que este governo do PS prosseguiu e que tornaram o nosso país ainda mais dependente e subalterno.


A enorme dívida pública e dívida externa do país reflectem a incapacidade da política de direita para dar resposta adequada aos problemas do desenvolvimento do país, à cabeça dos quais está a defesa e modernização da economia nacional, particularmente dos seus sectores produtivos bem patente no continuo processo de desindustrialização a que assistimos e com a ruína da nossas pescas e agricultura.

Na agricultura é a continuação do seu desastre em marcha acelerada como se vê neste distrito de Aveiro, por exemplo, no tão elogiado Baixo Vouga Lagunar,  agora relegado para um segundo plano e deixado para trás e sem qualquer orientação, no plano do investimento, para a conclusão das obras nesta importante e altamente produtiva, zona de produção agrícola e animal.
O mesmo abandono que vemos em relação à produção do vinho, com toda a importância que possui no distrito, nomeadamente, na região demarcada da Bairrada e com a  paisagem bairradina altera-se rapidamente.

As mesmas dificuldades do processo de legalização complexo e dispendioso das Explorações Pecuárias, sem que seja atribuída qualquer tipo de ajuda aos agricultores.

O que vemos é uma política de redução generalizada dos apoios nacionais à agricultura, com particular incidência na pequena e média exploração.

A liquidação da chamada electricidade verde. As exigências burocráticas inventadas para o acesso ao gasóleo agrícola. A redução das medidas agro-ambientais que privilegiavam a agricultura familiar. A falta de controlo dos custos das rações, adubos e combustíveis face à evolução real dos preços de cereais e petróleo.

As dificuldades de escoamento, como é caso que enfrentam os horticultores desta região que vêm os seus produtos com acesso ao mercado crescentemente dificultado pela liquidação e restrição aos   postos de venda directa, como os mercados tradicionais.

É perante estes problemas que nos continuamos a bater por uma intervenção do Estado na redução dos custos dos factores de produção: combustíveis, adubos, rações, taxa da água e outros e pela intervenção directa no mercado de alguns produtos agropecuários, nomeadamente do leite e do vinho. Tal como se exige agilização da aplicação dos fundos comunitários às explorações agrícolas familiares.


Em relação às pescas vemos os pescadores a debater-se com os baixos preços do pescado em lota, o qual é vendido a 200, 300 e 600 % e mais ao consumidor final, a par dos altos custos de produção, em particular os combustíveis, nomeadamente ás pequenas embarcações que utilizam gasolina.

A agravar esta situação Portugal continua a importar grande parte do pescado consumido pelos portugueses.

O governo continua a deixá-los ao abandono. Os tão badalados milhões de fundos comunitários de apoio à pesca são mais para abate e não tem em conta a realidade da maioria das pescas nacionais e a eles continuam a não chegar os pescadores da pequena pesca.

Que o digam os pescadores de Bivalves na Ria de Aveiro, que o ano passado estiveram, mais de 5 meses privados de trabalhar seja para a defesa dos recursos, seja por razões de saúde pública, continuando a espera das prometidas ajudas para compensação da perda de salários.

Também neste sector temos que dizer: Sim é possível uma verdadeira política nacional para as pescas, uma politica que incentive e apoie a produção, a modernização da frota, a valorização do produto do trabalho dos pescadores.
Da nossa parte, da parte do PCP, reafirmamos aos trabalhadores e o povo português que o nosso país tem futuro e que há políticas e propostas alternativas para combater a crise e promover o desenvolvimento de Portugal.
Camaradas:
É bem verdade que o país está em recessão, mas a crise não é para todos.
Os privilégios dos senhores do dinheiro continuam intocáveis! Os lucros continuam, apesar da choramingueira que aí anda.
Só durante os nove primeiros meses do ano de 2008, os lucros dos 9 principais grupos económicos foram superiores a 4000 milhões de euros, entre esses grupos estão os 5 principais bancos que alcançaram mais de 1500 milhões de euros de lucros. Mas não são apenas os lucros, são os amplos benefícios fiscais e os apoios directos e indirectos de dinheiros públicos que representam milhares de milhões de euros de ajuda directa aos banqueiros que se livraram dos prejuízos das suas actividades especulativas.


Banqueiros que dizem que os milhões disponibilizados pelo Estado ainda não chegam, como vêm reclamando. 
Querem o reforço das garantias públicas e querem mais  dinheiro. Está cada vez mais claro que o  Governo não está a salvar os bancos, está a beneficiar os banqueiros e os grandes especuladores, enquanto deixa o conjunto das actividades económicas  ainda mais endividadas.
Os que ganharam milhões no casino da bolsa, agora que perderam algum querem que seja o cidadão comum através dos impostos que lhes paguem o que perderam!

É preciso dizer desde já não à escandalosa extorsão de dinheiros públicos que está em curso e a que  anda em preparação!

É cada vez mais justa e imperiosa a nossa exigência – a exigência de quem defende uma política alternativa para o pais – do controlo dos sectores estratégicos da economia nacional, nomeadamente do sector financeiro para os colocar ao serviço do país e não a reboque dos interesses de uma minoria que condena o país e os portugueses ao atraso.

Camaradas:

Face à profunda ofensiva social, política e ideológica, que tem como objectivo a criação de condições para a interiorização da crise e a imposição do desanimo e a resignação, é na luta dos trabalhadores e das populações que reside a resposta para impor uma mudança de rumo na política nacional.

O PCP apela aos trabalhadores que respondam a esta ofensiva e que lutem pela resolução dos seus reais problemas. Uma luta que, sendo difícil e exigente, é decisiva para travar a crise e melhorar as condições de vida dos trabalhadores e das populações.

A jornada de luta convocada pela CGTP-IN, sob o lema “Mudar de rumo, mais emprego, salários e direitos”, para o próximo dia 13 de Março em Lisboa, assume-se desde já como um grande momento da luta de todos os que são atingidos por esta política.

Uma luta em relação à qual o PCP manifesta o seu apoio, apelando a uma ampla participação, demonstra a sua solidariedade a todos os trabalhadores e sectores que não se resignam perante o agravamento dos problemas.


Camaradas:

Toda a evolução negativa do país e da vida dos portugueses coloca com cada vez mais premência a questão da necessidade da afirmação de uma alternativa política e de uma política alternativa à política de direita, que se coloque ao serviço dos trabalhadores, do povo e do país.

As três batalhas políticas eleitorais deste ano constituem um momento e oportunidade para uma clara condenação da política do governo do PS e para afirmação dessa necessária alternativa que ponha termo ao rotativismo dos partidos que têm governado nestas últimas três décadas, no essencial aplicando as mesmas políticas e as mesmas soluções que conduziram o país à estagnação e ao retrocesso.

Um momento para todos aqueles que protestam e lutam em defesa dos seus direitos e conquistas sociais reforçarem a força sempre solidária e combativa que é, este Partido Comunista Português, que esteve sempre do seu lado e ao seu lado nos combates pela dignificação do trabalho e dos trabalhadores, em defesa dos reformados e dos direitos dos jovens e das mulheres, dos micro e pequenos empresários, dos agricultores, contra a injustiça e as desigualdades.

Deste PCP que com os Verdes, a Intervenção Democrática e muitos milhares de pessoas sem partido dão vida à CDU – à Coligação Democrática Unitária, que se afirma, com redobrada actualidade, como o grande espaço de convergência democrática e alternativa política dos que exigem uma ruptura com a política de direita e uma inequívoca e consistente política de esquerda para o país.

Uma inequívoca política de esquerda e não as falsas soluções ensaiadas, nomeadamente pelo PS que perante o fracasso das suas políticas e das políticas do capitalismo internacional e das receitas neoliberais que abraçou, simula agora uma viragem à esquerda, para passadas as eleições, retomarem com mais força a sua ofensiva global contra os trabalhadores, as camadas populares e as condições de vida do nosso povo.

É por isso que nós dizemos e apelamos a todos os que querem abrir as portas à construção de uma alternativa política de esquerda que dêem força e apoiem a CDU, a única força que tem provado pela intervenção das suas componentes, pela coerência do seu projecto e realização dá garantia de um novo rumo para Portugal em ruptura com a política de direita.

É por isso que com toda a convicção nos apresentamos ao povo português a dizer:

Sim é possível uma vida melhor para quem trabalha, lutando em defesa de direitos individuais e colectivos, contra o desemprego e a precariedade, por melhores condições de trabalho e melhores pensões.

Sim, é possível uma outra política para a juventude no trabalho, na escola, na habitação, onde possam construir com estabilidade e felicidade o seu futuro.

Sim, é possível um ensino democrático, uma escola pública, gratuita e de qualidade determinada pela formação integral do indivíduo.

Sim, é possível um Serviço Nacional de Saúde universal geral e gratuito ao serviço dos portugueses e não ao serviço dos privados e do lucro.

Sim, é possível defender a nossa indústria, a nossa agricultura e as nossas pescas, o pequeno comércio pondo fim à liberalização e às privatizações.

Sim, é possível recuperar a nossa soberania económica e manter a soberania nacional dando combate e recusando uma Europa neoliberal, monetarista, federalista, propondo uma Europa de nações livres e iguais, uma Europa dos trabalhadores e dos povos.

Com a luta dos trabalhadores e das populações, com o reforço do PCP e nos importantes combates eleitorais que se aproximam com o reforço da CDU, tudo haveremos de fazer para conseguir a mudança de rumo necessária e concretizar o objectivo de uma vida melhor para os portugueses!