Armindo Miranda, Membro da Comissão Política
do Comité Central do PCP
Camaradas,
A luta das forças progressistas e revolucionárias por uma
sociedade mais justa verdadeiramente democrática e mais solidária,
não está fácil. O capitalismo animado pela alteração
da correlação de forças a seu favor, tenta encarniçadamente
reaver tudo o que gerações de trabalhadores conquistaram
através da luta.
Neste combate, as forças do capital, têm um alvo bem definido
que nunca perdem de vista. Os Partidos Comunistas e principalmente aqueles
que, como é o nosso caso, colocam em causa os seus interesses de
classe.
Nesta violenta ofensiva contra as forças revolucionárias,
o capitalismo conta com meios muito poderosos para tentar a desagregação,
levar ao desanimo e quebrar a confiança na luta dos povos pela
transformação da sociedade capitalista
Os trabalhadores Portugueses, têm um instrumento, uma ferramenta
muito importante para travar esta investida dos capitalistas, organizar
e acumular forças, para passar à ofensiva.
Esse instrumento, essa ferramenta, chama-se, Partido Comunista Português,
é o nosso Partido. A dinamização e reforço
da sua organização, adquire por isso mesmo, uma importância
muito grande e elemento decisivo em toda a vida do Partido e na luta do
povo português.
-É necessário fazer crescer e multiplicar as raízes
do Partido no seio dos trabalhadores e das populações para
que resista sem abanar perante os vendavais políticos a que teremos
de fazer frente.
- Temos de recrutar milhares de portugueses, nomeadamente jovens que
se destacam na luta pela transformação da sociedade.
-É fundamental que as organizações e organismos
assumam como natural e permanente a promoção de iniciativas
próprias do Partido e intervenham sobre o meio em que actuam e
promovam o diálogo com outros sectores democráticos e cidadãos
independentes, transformando as suas aspirações e problemas
concretos em luta e movimento.
-É preciso aprofundar e alargar a estruturação da
actividade partidária, construir Partido na freguesia, na localidade,
na empresa e local de trabalho, reforçando assim o enraizamento
do Partido junto das massas.
- Precisamos de tornar todo este trabalho consequente, ou seja, que a
concretização das decisões que tomamos colectivamente,
tenham consequências, se sinta o efeito delas. É necessário
fazer o balanço ao nosso trabalho, e prestar contas das tarefas
que cada um de nós ficou de realizar. Fazer o controlo de execução,
às decisões tomadas.
Mas camaradas, para alguns nada disto interessa, tudo está ultrapassado
e há para aí muita gente que, dizendo querer o bem do Partido,
nos aconselha a seguir outros rumos se queremos o Partido respeitado e
mais respeitável na sociedade e com mais força eleitoral.
E, tão preocupados estão com a nossa vida que até
nos indicam o caminho. Vejam só algumas das sugestões que
todos os dias recebemos!
- Que não precisamos de organização nenhuma. Devemos
é criar tendências dentro do Partido. Nomear o chefe de cada
uma delas e seguirmos obedientemente o seu pensamento e decisões.
- Ouvir e aprender com a opinião dos outros, é coisa esquisita
e a abandonar. Ler com atenção e tentar incorporar no documento
final as alterações sugeridas em cerca de mil propostas
de alteração, como aconteceu com o projecto de resolução
que estamos a discutir, feitas por operários, professores, empregados,
quadros técnicos, lavradores é, uma ofensa á inteligência
do chefe porque ele pensa e decide por todos. É fácil! É
barato! E para alguns até dá milhões!
- Que abandonemos a ideia das células de empresa e a organização
dos comunistas nos locais de trabalho que deixemos de falar em operários
e capitalistas porque a luta de classes é coisa do passado. O que
hoje existem dizem eles, são cidadãos que convivem harmoniosamente
e sem conflitos de classe nas empresas.
- De facto, camaradas, o Belmiro de Azevedo e a Sandra, sua assalariada,
são dois cidadãos deste país só que, um deles
á custa da exploração da força de trabalho
de milhares de Sandras, triplicou os lucros em 2003, Belmiro de Azevedo
claro! enquanto a Sandra cuja única riqueza é a sua força
de trabalho, no fim do mês não consegue arranjar o dinheiro
suficiente para pagar a prestação do empréstimo ao
banco e vai ser posta fora da casa que comprou.
Penso que estareis de acordo camaradas, que da tribuna deste nosso congresso,
digamos a esses senhores, que agradecemos os concelhos mas que não
vamos por aí. Por três razões essenciais.
1. No nosso Partido não temos uma visão centralista e totalitária
do exercício do poder, como outros têm, onde por exemplo,
o Secretário Geral nomeia os cabeças de lista às
Câmaras e os candidatos a deputados, escolhe a Comissão Política,
etc., etc.
2.Continuamos convictos de que a luta de classes é o motor da
história.
3.O PCP existe não para ser mudado pela sociedade capitalista
mas, exactamente para acabar com essa sociedade desumana e cruel que segundo
a ONU, condena em cada minuto passa, 70 pessoas á morte por falta
de alimentos e 30 mil crianças por dia devido a causas que podiam
ser evitadas.
E por isso camaradas é necessário que logo a seguir ao
congresso, concretizemos o que vier a ser decidido sobre o reforço
da organização do Partido, nomeadamente:
- Lançar uma acção geral em todo o Partido de responsabilização
de quadros e em particular jovens de modo a fortalecer, renovar e rejuvenescer
os organismos existentes e a constituição de outros.
- Aprofundar e alargar a estruturação da organização
partidária, reforçando ou criando novas comissões
concelhias, de freguesia ou locais, assim como organismos e sectores de
células de empresa.
- Concretizar as orientações de reforço da organização
e intervenção nas empresas e locais de trabalho, integrando
prioritariamente os membros do Partido no seu local de trabalho. Podendo
dar no entanto a sua colaboração no local de residência.
- Dar destaque às questões do recrutamento, da difusão
da imprensa partidária e da formação política
e ideológica.
A sociedade justa e solidária porque lutamos, camaradas, terá
de resultar da luta galvanizadora das massas, só possível
com um Partido forte, coeso, ousado e revolucionário, com uma organização
sólida e raízes profundas no seio dos trabalhadores e das
populações. Vamos então todos mas!... mesmo todos
reforçar a organização do Partido. Vamos a isso camaradas.