Jerónimo
de Sousa, no Comício em Coimbra integrado na Campanha Nacional «Basta de
injustiças, mudar de política, para uma vida melhor», afirmou que o balanço que
o Governo PS/José Sócrates faz da sua acção governativa não reflecte a
realidade em que o país vive, em que «não só a vida dos portugueses está pior,
como crescem as injustiças.» O secretário-geral do PCP reafirmou que «estamos
em luta e vamos estar na rua no próximo sábado dia 1 de Março, em Lisboa,
manifestando a nossa indignação contra os abusos do poder, contra as mutilações
às liberdades dos partidos e dos cidadãos.»
Comício em Coimbra
Excertos da intervenção de Jerónimo de Sousa ,Secretário-geral do PCP
Quem ouvisse José Sócrates e
acreditasse no balanço da sua acção governativa que nestes últimos dias fez
para assinalar a passagem de três anos de governo PS, diria que não fazia
sentido estarmos aqui reunidos dando seguimento à nossa Campanha Nacional «Basta de injustiças, mudar de política, para uma vida melhor». Mas
infelizmente faz, e faz porque o país de que fala José Sócrates não existe e ao
contrário do que afirma não só a vida dos portugueses está pior, como crescem
as injustiças!
Diz Sócrates no seu balanço ao país da
fantasia que só os «profetas da desgraça» não vêm as «marcas da modernidade» do
seu governo e não reconhecem as virtudes da sua governação aonde se vê o
crescimento económico e a da taxa de desemprego a «ceder».
Sócrates escolheu
um mau momento para balanços. E escolheu porque mal acabava de falar, três seus
reconhecidos e insuspeitos "profetas institucionais da desgraça", - o INE, o
Banco de Portugal e Comissão Europeia, convidavam Sócrates a regressar à terra
e à vida do país real.
Mal tinha acabado
a sua celestial dissertação sobre a modernidade nas Novas Fronteiras e já o INE
vinha confirmar o que Sócrates há muito sabia e esconde: a taxa real de
desemprego (com sub-emprego e inactivos disponíveis) passou de 10,3% em 2006
para 10,5% em 2007.
Ainda não tinham chegado os relatos da
espectacular encenação comemorativa aos jornais e o balanço da sua governação
com a auto proclamada " marca de modernidade" e já estava em cima das
secretárias da redacções o relatório com os indicadores de conjuntura do Banco
de Portugal a mostrar o ridículo do alvoroço de Sócrates pelo crescimento de
uma décima em relação às suas próprias previsões revistas em baixa.
José Sócrates continua a fazer de conta
que não vê as exportações a cair, o consumo a cair e o crescimento ainda
anémico a derrapar. José Sócrates é o espelho do caricato de uma governação que
passa da euforia à depressão e vice-versa, em função da subida ou descida de
uma décima da taxa de crescimento.
Não é com propaganda que o país anda
para a frente é com outra política. Uma política de defesa e valorização do
aparelho produtivo e do trabalho nacionais, uma política centrada nas tarefas
do crescimento económico e do emprego e não no défice. Uma política presa às
concepções neoliberais a às políticas do Pacto de Estabilidade e
Crescimento.
Mas ainda mal
tinha também terminado o seu discurso de balanço, já a marca da modernidade da
sua governação ficava manchada pela marca da injustiça do relatório da Comissão
Europeia sobre a pobreza infantil.
Em relação às suas preocupações
sociais, este foi também um mau momento para balanços. Um quinto das crianças
portuguesas em risco de pobreza e a situação piorou desde o último relatório de
2004. A pobreza infantil é uma machadada na credibilidade das políticas sociais
deste governo. Pobreza que é também a expressão do desemprego dos adultos, dos
baixos salários e do trabalho precário que são as marcas não da modernidade
anunciada, mas as marcas da injustiça de uma política de direita que o governo
do PS prossegue com a maior das insensibilidades sociais.
Marcas da nossa realidade social que
colocam este governo não na vanguarda, mas no fundo da tabela das preocupações
sociais.
Nesta semana de
balanços, as boas notícias foram só para os mesmos do costume: os lucros da
banca continuam a crescer sem parar. Lucros 7,9 milhões de euros dia em 2007,
apesar da crise geral, das malas-artes do grande capital financeiro, da
escandalosa crise do BCP que prova a quem serve a privatização da banca, das
falsificações dos resultados, dos ordenados e regalias principescas, das
reformas milionárias, do perdão de dívidas a familiares. Lucros fabulosos que,
agora também à conta da dita situação financeira internacional complexa e
difícil, não tarda serão reforçados com novos aumentos dos spreads e das
comissões como o já vai anunciando Faria de Oliveira, certamente sabendo do que
fala.
É por isso que aqui estamos para
reafirmar que este não é o país que os portugueses aspiram e para dizer basta
de injustiça, basta de propaganda!
(...)
Não sabemos se
é uma "marca de modernidade" assumida impor em cima dos cinco anos de redução
de salários aos trabalhadores da Administração Pública pelos governos
anteriores, mais três de congelamento e redução do seu governo. Mais três anos
de corte nos salários reais, a que juntou a mais brutal ofensiva contra o
direito ao trabalho e aos seus direitos sociais, mas há uma coisa que sabemos é
que essa modernidade realizada à custa dos trabalhadores e do esvaziamento das
funções do Estado Democrático de Abril não serve o país e terá, estamos
convictos, na luta da Função Pública do próximo dia 14 de Março o repúdio e a
resposta adequada dos trabalhadores.
Resposta que mais se justifica com a
promulgação ontem pelo Presidente da República da Lei do governo sobre
vínculos, carreiras e remunerações dos trabalhadores da administração Pública.
Promulgação que apesar das dúvidas por si suscitadas, só pode ser entendida à
luz da cooperação estratégica que mantém com o governo e que se assume cada vez
mais decisiva na brutal ofensiva que tem sido dirigida contra os trabalhadores,
as funções sociais do Estado e o próprio regime democrático.
Não sabemos se o PS também inclui nas
"15 marcas de modernidade" do seu governo as propostas de regresso ao século
XIX da legislação laboral como indiciam as suas propostas de alteração ao
Código de Trabalho inscritas no Livro Branco das Relações Laborais - a
flexigurança à portuguesa -, mas há uma coisa que sabemos é que essas propostas
são inaceitáveis numa sociedade democrática moderna e inqualificáveis para um
governo que se que se diz de esquerda e socialista.
E mais inqualificável é quando o que se
prepara é o habitual jogo do faz de conta negocial, aonde as grandes
confederações patronais aparecem a exigir este mundo e o outro, para levarem o
máximo na liberalização dos despedimentos, na organização dos horários, na
definição dos salários e branquear o governo que não dando tudo o que pedem
lhes acaba por dar o que é substancial.
José Sócrates que quando se tratou de
garantir os votos para a sua maioria absoluta prometeu retirar os aspectos
negativos e mais gravosos para os trabalhadores do Código de Bagão Félix e do
PSD e CDS-PP, quer agora transformar o mau Código do Trabalho no Código da
exploração.
Não é de modernidade que se trata, mas
de retrocesso social quando se pensa e quer liberalizar e tornar mais baratos
os despedimentos individuais sem justa causa.
(...)
Não é a
modernidade e a democracia que se reforçam, mas o regresso ao mais empedernido
dos tempos quando se faz dos sindicatos um inimigo a abater e se avança com
novos entraves ao exercício dos direitos de reunião e de actividade sindical
nas empresas para enfraquecer a capacidade reivindicativa dos sindicatos.
E não são
invenções de nenhum profeta, são a realidade já hoje de uma prática governativa
que quer ir ainda mais longe concretizando as novíssimas teses do
neoliberalismo radical, mas também de uma justiça que se revela, ineficaz com
os corruptos e a corrupção, mas que julga e condena a prisão um dirigente
sindical por se manifestar e protestar em defesa dos direitos que lhe são
negados.
(...)
Não são as marcas
de modernidade que sobressaem de três anos de governo de José Sócrates e da
maioria PS que o acompanha, são as marcas da injustiça e da desigualdade.
As marcas da injustiça em resultado da
sua ofensiva global contra os direitos sociais e laborais, contra os serviços
públicos essenciais à vida das populações, do seu direito à saúde e à educação.
Não sabemos se o regresso à escola do
"velho director" nomeado é uma das "marcas de modernidade" deste governo do PS.
Tal como não sabemos se o ataque que move à Escola Pública e aos professores
dela também fazem parte, mas há uma coisa que sabemos é que a modernidade do
neoliberalismo dominante teve aqui, em Coimbra, ainda esta semana o vivo
repúdio dos professores e que estamos convictos se ampliará até à sua grande
jornada do próximo dia 8 de Março.
Num quadro político muito marcado pela
contestação de professores e estudantes à política do Governo do PS para a
educação e o ensino, quero deixar aqui a solidariedade e o apoio do PCP a todos
aqueles que no pleno exercício dos seus direitos, enfrentando a mentira e a
provocação têm, através de importantes manifestações de rua, dado corpo à sua
indignação e à sua revolta.
É inaceitável que alguém que tem
responsabilidades políticas ao mais alto nível precise, para ganhar apoios para
as suas políticas, de denegrir a imagem de alguns grupos sócio-profissionais
como é o caso dos professores, mas também com os médicos, os juízes ou os
polícias e que tenha como principal e quase único argumento para defender as suas
opções, a insinuação construída na base do anticomunismo primário.
Enganaram-se o Primeiro Ministro e os
membros do seu Governo quando pensaram que, com uma estratégia de atribuir
culpas aos professores por todos os males de que padece o Sistema Educativo e
de divisão da comunidade educativa, fugiriam ao confronto e à contestação. Hoje
e por mais violenta que seja a campanha contra os professores, a generalidade
da comunidade educativa sabe que o futuro do nosso sistema educativo depende do
resultado de um confronto decisivo, em que de um lado está quem defende um
sistema educativo cujo pilar central é a escola pública com o objectivo
principal da formação integral dos indivíduos, dos homens e das mulheres de
amanhã, não apenas para a vida profissional mas também para uma intervenção
consciente social e política do país, e do outro lado está quem defende a
desresponsabilização do Estado nesta área, com a escola a servir para formar
cidadãos acríticos e futuros trabalhadores rendidos à inevitabilidade do
vínculo precário, da flexibilidade, da mobilidade, da exploração.
O que o PS não diz aos portugueses é
que é co-responsável com a direita pela prolongada ofensiva de matriz
neoliberal, sustentada numa profunda limitação das funções sociais do Estado,
restringindo severamente o seu papel como instrumento para a promoção da
igualdade de oportunidades entre os portugueses, em mais um ajuste de contas
com uma das principais conquistas da Revolução de Abril como é o direito à
educação e ao ensino.
Por mais que Sócrates e o seu Governo
manipulem as estatísticas; por mais encenações de entrega de computadores ou,
como aconteceu ontem, de cínico elogio do Primeiro Ministro aos professores;
por mais que digam que estamos no bom caminho, é sempre mais do mesmo, porque a
verdade é que durante mais de 30 anos em que PSD e PS têm ocupado as cadeiras
do Ministério da Educação, o país continua com níveis de insucesso e de
abandono escolares dos mais elevados da Europa.
Tal como em outros momentos da nossa
história contemporânea, a escola tem vindo a transformar-se, cada vez mais, num
instrumento de reprodução à saída, da estratificação social que existe à
entrada. O Governo/PS está a consolidar nas várias etapas do percurso escolar
das nossas crianças e dos nossos jovens o objectivo de separar o conhecimento,
só acessível a alguns, da aquisição de competências ligadas às necessidades do
grande capital, tornando a escola mais selectiva e elitizada.
Medidas como:
- O
Decreto-Lei da gestão das escolas do ensino não superior, em que pontifica o
regresso da figura do velho "director da escola" e uma maior
governamentalização da escola;
- O processo,
agora suspenso pelos tribunais, de avaliação dos educadores e professores, que
visa em primeiro lugar impedir que uma parte muito significativa, os mais
jovens, cheguem ao topo da carreira, não apenas numa perspectiva economicista
mas de divisão da classe;
- O novo Estatuto da Carreira Docente
que objectivamente desvaloriza o papel do docente e a própria profissão;
- O novo Decreto-Lei
da chamada "transferência de competências para as autarquias locais" de
todo o ensino básico, por enquanto com a excepção dos professores, constituindo
uma falsa descentralização educativa, ao mesmo tempo que o Governo tudo tem
feito para que não se concretize a regionalização, sem a qual não haverá uma
verdadeira descentralização educativa;
- A implementação
do novo Estatuto do Aluno numa clara opção pela repressão e punição;
- Ou ainda a
reforma do ensino artístico especializado que, na prática, abrirá caminho para
a sua entrega ao sector privado, configuram um ataque sem precedentes contra a
escola pública, acabam com o que resta da gestão democrática e da autonomia das
escola, desvalorizam os professores e a profissão docente e introduzem factores
de instabilidade na vida das escolas que não poderá deixar de ter consequências
negativas na qualidade do ensino.
Estas são apenas algumas das muitas
causas para que hoje a vida nas escolas seja menos atraente para quem nelas
estuda e trabalha: a desmotivação que não pode deixar de tocar os professores e
os trabalhadores não docentes, afectará também a disponibilidade dos alunos e
terá consequências na qualidade do processo ensino/aprendizagem.
Alguns interrogam-se sobre se o Governo
ainda não percebeu que não pode melhorar os resultados no ensino, que não pode
melhorar o funcionamento das escolas e, simultâneamente, manter uma ofensiva
contra os direitos dos professores, dos alunos e dos trabalhadores não
docentes. É claro que há muito que o Governo percebeu. Mas então a pergunta que
deve ser feita é: então porque o faz? Fá-lo porque as mudanças que o Governo
pretende introduzir passam pela desvalorização da escola pública e pela
utilização do professor não como alguém que tem o papel principal no processo
ensino/aprendizagem, mas como um instrumento para formatação de consciências, como forma do
sistema dominante se perpetuar no tempo.
Como disse Lénine, «a proclamação
duma escola apolítica, acima das classes, que estaria ao serviço da sociedade
no seu conjunto e visaria ao desenvolvimento de todas as crianças, ao
desabrochar da personalidade, não é mais do que uma hipocrisia burguesa
destinada a enganar as massas. Precisamente por causa da extrema importância da
instituição escolar nos Estados modernos é que a ligação entre o aparelho
político e o ensino é extremamente forte». Como estão actuais as palavras
de Lénine no início do século XX.
Esta é uma ofensiva global contra todo
o sistema educativo. A instabilidade estende-se também ao Ensino Superior Público,
com algumas Universidades (Açores, Algarve, Évora e Trás-os-Montes) a serem
empurradas para a assinatura de contratos de saneamento financeiro que,
inevitavelmente, as levarão a encerrar cursos, a despedir docentes e
trabalhadores não docentes e a aumentar as propinas. Estão em causa a
qualificação da formação e a própria sobrevivência das instituições, para as
quais o PCP e a JCP alertaram em devido tempo, como consequências do
subfinanciamento a que as instituições de Ensino Superior têm sido sujeitas,
mas também da integração no "processo de Bolonha", das alterações
introduzidas com o novo Regime Jurídico que prevê a possibilidade da criação de
Fundações Públicas de Direito Privado, opções que visam ajustar o ensino
superior às necessidades e interesses dos grandes grupos económicos e a
elitizar o acesso a níveis superiores do
conhecimento.
Estes são alguns
dos resultados de uma crise que tem vindo a prolongar-se no tempo, provocada
por sucessivas "reformas" que têm ignorado o preceito constitucional que obriga
o Estado a democratizar a educação e a garantir a progressiva gratuitidade do
ensino público.
É neste
contexto que consideramos que o conjunto das alterações que têm vindo a ser
implementadas no nosso sistema educativo, no essencial desrespeitadoras da Lei
de Bases e da própria Constituição da República, consubstanciam um retrocesso
muito significativo em matéria de ensino, o que por si só constituirá um forte
condicionamento ao nosso desenvolvimento no futuro. Mas não estamos perante uma
fatalidade ou uma inevitabilidade e por isso se exige a mudança da política
educativa. Uma mudança ao serviço de Portugal e dos portugueses e na qual o PCP
se tem empenhado com inúmeras propostas apresentadas na Assembleia da
República.
São muitas e justas as razões de queixa dos docentes e dos estudantes: a
arrogância, o autismo e a prepotência dos Ministérios da Educação e da Ciência
e Ensino Superior. Mas a questão central que se coloca hoje à comunidade
educativa em particular e aos portugueses em geral é, principalmente, a
exigência por uma mudança da política, sem a qual todos os problemas se
manterão e agravarão. Neste quadro o desenvolvimento da luta é decisivo para a
realização deste objectivo, pelo que saudamos os professores, os trabalhadores
não docentes e os estudantes pelas lutas que têm vindo a desenvolver e
garantimos não apenas a nossa solidariedade, mas um forte empenhamento do PCP
para a resolução dos seus problemas.
Prova disso é
o agendamento do nosso Grupo Parlamentar de uma interpelação ao Governo sobre
Educação no próximo dia 18 de Março.
Na saúde,
subitamente, deixou de se ouvir falar em crianças que nascem em ambulâncias, em
urgências entupidas, em mortes por falta de assistência ou na desarticulação
dos meios de socorro. Tal como era previsível, com a substituição do Ministro,
o Governo procurou transmitir a ideia de que tudo iria mudar e para isso pôs em
marcha uma estratégia para deixar as populações expectantes e procurar calar o
seu justo protesto, alterando o estilo e o calendário para a concretização das
mesmas políticas.
Mas os problemas das populações, esses,
mantêm-se sem solução: cerca de 750.000 portugueses continuam sem médico de
família; mais de 200.000 aguardam uma cirurgia, uma parte significativa há mais
de um ano; continuam a aumentar os custos com a saúde para as famílias; não se
vislumbra uma medida que seja no sentido de resolver a falta de centenas de
médicos nos cuidados primários e muitos milhares de enfermeiros nos centros de
saúde e nos hospitais.
É neste contexto que deve ser
interpretada a ausência da Ministra nos debates suscitados pelo PCP na
Assembleia da República com a Apreciação Parlamentar do Decreto-lei sobre o
regime jurídico das unidades de saúde familiar (USF) e do nosso Projecto de
Resolução que apontava para o fim dos encerramentos de unidades de saúde. Esta
ausência é um sinal de que tudo se vai manter na mesma, evidenciando o
compromisso da Ministra com a política seguida até aqui.
Os trabalhadores, os portugueses em
geral não estão apenas confrontados com uma violenta ofensiva contra os seus
direitos sociais, estão também confrontados com uma prática governativa e a
acção concertada dos partidos do bloco central contra a democracia política e
amputação das liberdades democráticas.
Com este governo do PS essa ofensiva
que mutila as liberdades democráticas tem ganho uma nova dimensão com as
limitações à liberdade sindical, à liberdade de expressão e propaganda, com a
repressão ao protesto das populações, a crescente policialização da sociedade,
a governamentalização da Justiça e inaceitáveis restrições à liberdade de
organização e funcionamento dos partidos com as leis antidemocráticas dos
partidos políticos cozinhadas pelo PS e PSD para garantir a sua hegemonia
política.
Há muito denunciamos e afirmamos a
nossa oposição a tais Leis. Leis que impõem a todos os Partidos uma forma de
organização e funcionamento à sua imagem e semelhança.
Leis que querem
atingir particularmente o PCP e a sua distinta forma de organização e
funcionamento na esperança de destruir a sua particular e específica natureza e
características.
Por isso estamos em luta contra as
limitações à organização e funcionamento interno dos partidos, porque não
aceitamos que outros decidam por nós e o que só nós diz respeito, como homens
livres que somos e queremos continuar a ser.
Estamos em luta e vamos estar na rua no
próximo sábado dia 1 de Março, em Lisboa, manifestando a nossa indignação
contra os abusos do poder, contra as mutilações às liberdades dos partidos e
dos cidadãos.
E por isso jamais aceitaremos ser
dirigidos por outros e é por isso decidimos convocar para o para o próximo dia
1 de Março em Lisboa de uma marcha em defesa do direito à liberdade de
organização partidária e de defesa de todas as outras liberdades democráticas.
(...)
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